Economia para de crescer no euro, e BCE fica sob pressão

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Por Agências internacionais


A recuperação da zona do euro se estagnou no segundo trimestre deste ano, aumentando as pressões sobre o Banco Central Europeu (BCE) para agir de maneira mais agressiva a fim de estimular o crescimento e evitar que a região da moeda comum entre em um período de deflação.

As três maiores economias da zona do euro - Alemanha, França e Itália - não cresceram, destacando a vulnerabilidade regional a uma inflação fraca e ao aprofundamento da crise na Ucrânia.

O PIB da zona do euro teve variação zero nos três meses encerrados em junho, em relação ao primeiro trimestre, quando houve aumento de 0,2%, segundo a Eurostat, a agência de estatísticas da União Europeia (UE). Em outro relatório, a agência confirmou que a inflação anual ficou em 0,4% em julho.

A estagnação econômica, um crescimento dos preços ao consumidor de menos de um quarto da meta de inflação do BCE e as crescentes sanções internacionais contra a Rússia, pelo seu apoio a rebeldes na Ucrânia, ilustram os desafios enfrentados pelos responsáveis pela política monetária do bloco. Na semana passada, o presidente do BCE, Mario Draghi, se comprometeu a incrementar as medidas de estímulo sem precedentes apresentadas em junho, caso a perspectiva se deteriorasse.

"Levando em conta que as tensões geopolíticas não estão diminuindo no momento, há pouca probabilidade de que o ritmo de crescimento acelere no segundo semestre do ano", disse Peter Vanden Houte, economista-chefe do ING Groep para a zona do euro, em Bruxelas. Contudo, segundo ele, é improvável que o BCE tome "grandes decisões em matéria de políticas não convencionais" até 2015.

Depois de liderar o bloco a sair, no ano passado, da recessão mais longa da sua história, a economia da Alemanha teve queda de 0,2% no segundo trimestre, na sua primeira contração desde 2012. Já a a França teve uma estagnação inesperada. A Itália sucumbiu e entrou na sua terceira recessão desde 2008, com uma queda de 0,2% do PIB no período entre abril e junho.

Ao mesmo tempo, a economia espanhola cresceu 0,6% no trimestre, em relação ao trimestre anterior, o maior ritmo desde 2007. Holanda (0,5%) e Portugal (0,6%) voltaram a crescer. O PIB também aumentou na Bélgica (0,1%), na Estônia (0,5%), na Letônia (1%), na Lituânia (0,7%), na Áustria (0,2%), na Eslováquia (0,6%) e na Finlândia (0,1), disse a Eurostat. A economia da zona do euro cresceu 0,7% por cento, na comparação anual.

No Reino Unido, que não utiliza o euro, o PIB cresceu 0,8% no segundo trimestre em relação ao primeiro. Com isso, a economia britânica finalmente voltou ao nível registrado antes da crise da dívida, um feito que os 18 países da região da moeda comum ainda não conseguiram alcançar.

O mau resultado do PIB foi revelado dois meses depois de o BCE ter recorrido a empréstimos de longo prazo e a uma taxa de depósito negativa para estimular o crescimento, o crédito e a inflação. Mas a alta anual de 0,4% nos preços ao consumidor em julho ainda está bem abaixo da meta da instituição, que é de uma inflação anual de 2%.

Em junho, o BCE previu que a economia da zona do euro cresceria 1% neste ano e 1,7% em 2015, o que agora parece muito improvável. Na semana passada, Draghi disse que os riscos para a economia estão aumentando por conta da crise na Ucrânia, e considerou a possibilidade de usar novas ferramentas não convencionais, como compra de ativos garantidos por títulos e flexibilização quantitativa em grande escala.

No final de julho, a UE concordou em limitar o acesso da Rússia a financiamentos bancários e tecnologia avançada. As sanções mais abrangentes já impostas pelo bloco, no entanto, corroeram a confiança na recuperação da região.

Em agosto, a confiança dos investidores na Alemanha caiu para o seu menor nível desde 2012 e, na semana passada, o Ministério de Economia do país afirmou que tensões geopolíticas "levaram acima de tudo a uma clara hesitação nas encomendas" no final do segundo trimestre.

A crise na Ucrânia também está afetando as economias da Europa Oriental. A República Tcheca teve uma estagnação inesperada no último trimestre, e a economia da Romênia recuou 1%, segundo a Eurostat. O crescimento da Polônia caiu de 1,1% para 0,6%, e a expansão da Hungria desacelerou de 1,1% para 0,8%.

As atividades da indústria e dos serviços na Alemanha e na zona do euro se recuperaram em julho, segundo pesquisas com gerentes de compras, e o desemprego na região continua declinando.

 

Veículo: Valor Econômico


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