Recessão na Itália e desaceleração alemã freiam a economia da UE

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Por Stefan Riecher e Chiara Vasarri | Bloomberg


A Itália voltou inesperadamente à recessão, e as encomendas às fábricas alemãs sofreram a sua maior queda desde 2011, em um momento em que as tensões políticas e a desaceleração do crescimento internacional ameaçam a recuperação da zona do euro.

A economia da Itália recuou 0,2% no segundo trimestre, após se contrair 0,1% nos três meses anteriores. As encomendas na Alemanha recuaram 3,2% em junho em relação a maio. Ambos os relatórios foram piores do que o previsto por economistas ouvidos pela agência Bloomberg.

As cifras foram reveladas na véspera da reunião de agosto do Banco Central Europeu (BCE) sobre taxas de juros, dois meses depois de a instituição ter anunciado um pacote de medidas de estímulo sem precedentes, incluindo uma taxa negativa de depósitos e empréstimos específicos para bancos. Levará tempo para que essas políticas surtam efeito, o que deixa a economia ameaçada pela crise na Ucrânia, que vem minando a confiança de empresas e investidores.

"Os dados de hoje [ontem] são um motivo sério de preocupação e confirmam que, no melhor dos casos, a recuperação na zona do euro ainda é lenta", disse Jörg Krämer, economista-chefe do Commerzbank em Frankfurt. "Acumulam-se evidências de riscos para a perspectiva econômica do BCE."

A volta da recessão na Itália, a terceira maior economia da zona do euro, afetará os números do PIB da região no segundo trimestre. A economia do bloco monetário cresceu 0,2% nos três meses finalizados em março, e o BCE prevê expansão de 1% neste ano.

A publicação dos dados do PIB no segundo trimestre está agendada para o dia 14 deste mês, junto com números da Alemanha e da França, as maiores economias da região. A Espanha, a quarta maior economia, já informou um crescimento de 0,6% para o período, superando estimativas e chegando ao quarto trimestre consecutivo de expansão.

Embora até agora a Alemanha tenha liderado a recuperação regional, o país está sentindo os efeitos da crescente tensão política. Na semana passada, a União Europeia decidiu impor as sanções mais abrangentes já tomadas contra a Rússia, devido ao apoio de Moscou aos separatistas no leste da Ucrânia. O maior parceiro comercial da Rússia na Europa é a Alemanha.

Nesta semana, o vice-premiê alemão, Sigmar Gabriel, bloqueou um acordo para que a Rheinmetall construa um centro de treinamento militar ao leste de Moscou por causa das sanções. O contrato tem um valor de mais de € 100 milhões (US$ 133 milhões) e a empresa com sede em Dusseldorf planejava construir mais instalações na Rússia.

A confiança das empresas alemãs caiu pelo terceiro mês consecutivo em julho, atingindo o nível mais baixo desde outubro, segundo o Ifo Institute, com sede em Munique. A confiança dos investidores medida pelo ZEW Center for European Economic Research, em Mannheim, declinou pelo sétimo mês consecutivo.

Outros dados divulgados ontem mostraram mais sinais de que o crescimento global poderia ser menor do que os investidores esperam. A libra caiu depois que a produção industrial do Reino Unido em junho aumentou na metade do ritmo projetado pelos economistas. A produção subiu 0,3% em relação a maio. Outro relatório mostrou que os preços ao consumidor no Reino Unido tiveram uma baixa recorde de 1,9%, em base anualizada, em julho. No entanto, os preços dos imóveis no país cresceram no maior ritmo em quase oito anos, segundo a Halifax.

As autoridades do BCE devem anunciar hoje sua decisão mensal sobre as taxas de juros. Elas provavelmente manterão a mesma taxa de referência, no recorde negativo de 0,15%, segundo todos os 57 economistas consultados pela Bloomberg. Autoridades econômicas, incluindo Ardo Hansson, membro do Conselho do BCE, indicaram que a instituição se absterá de tomar medidas adicionais até que o impacto do último estímulo esteja claro.



Veículo: Valor Econômico


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