Farmacêutica avalia ativos de OTC no Brasil

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Para crescer em medicamentos que não precisam de prescrição médica no Brasil, a farmacêutica Boehringer Ingelheim quer ampliar seu portfólio. Para isso, a multinacional está analisando empresas brasileiras e estrangeiras para aquisição no país, além de parcerias para licenciamento de produtos. A estratégia é investir em categorias em que a companhia ainda não está presente. Dona de marcas como Buscopan, Buscofem, Anador e Pharmaton, a multinacional alemã vai direcionar ainda parte de seus investimentos para trazer de fora medicamentos que podem ter alto potencial de vendas no mercado brasileiro.

"Queremos tornar nosso portfólio no país mais robusto. Nosso pré-requisito é que as marcas a serem adquiridas sejam já estabelecidas. Não queremos ter que desenvolver do zero", afirmou ao Valor Benni Boruchowski, diretor de medicamentos sem prescrição na Boehringer Ingelheim do Brasil.

Com faturamento de R$ 500 milhões no ano passado, a área de medicamentos isentos de prescrição médica (OTC, na sigla em inglês) abrange hoje dez produtos. Para aproveitar este mercado - que hoje soma R$ 4 bilhões e cresce 15% ao ano no Brasil, segundo dados do IMS Health - a empresa quer adicionar novos medicamentos ao portfólio. O foco são as classes terapêuticas em que ainda não compete no Brasil, como os antigripais e os dermocosméticos.

Para isso, a alemã contratou em meados do ano passado uma consultoria para buscar oportunidades no mercado. A ideia é reforçar a busca pela aquisição ideal. "Hoje é muito difícil lançar uma marca no Brasil. Isso exige muito investimento em mídia, em um território muito grande e com varejo imenso. Por isso, ainda buscamos o produto certo", explicou Boruchowski. No início de 2013, a Boehringer Ingelheim participou das negociações de compra dos medicamentos OTC da farmacêutica americana Bristol-Myers Squibb, incluindo o antigripal Naldecon e o antigases Luftal. Mas, a fabricante britânica Reckitt Benckiser fechou a negociação - em acordo de US$ 482 milhões - para vender este portfólio na América Latina, principalmente no Brasil e no México.

Dos dez produtos de seu portfólio atual, a Boehringer hoje só investe nos quatro principais. Os medicamentos Buscopan e o Buscofem - para dores abdominais e cólicas menstruais, respectivamente - têm juntos hoje participação de 67% no mercado de antiespasmódicos, com vendas de R$ 230 milhões no ano passado, o que representou um avanço de 14%. O Anador, por sua vez, detém 6% do mercado de analgésicos, enquanto o Pharmaton detém 6,5% do segmento de polivitamínicos. Segundo Boruchowski, estes medicamentos ainda têm grande potencial de crescimento no país. "No Brasil, a penetração de polivitamínicos é de 18%, enquanto nos EUA já supera os 60%", explicou. Nesta área, o executivo está analisando trazer novos medicamentos do portfólio global da multinacional para o Brasil nos próximos anos.

Os demais seis produtos que a alemã tem no Brasil representam marcas maduras, com menor retorno sobre o investimento. "Temos espaço para investir em uma quinta nova marca", completou.

No ano passado, os investimentos em marca da companhia no Brasil somaram R$ 80 milhões. Com faturamento de € 1,4 bilhão em 2013, hoje a matriz da Boehringer tem € 7 bilhões em caixa, recursos que podem ser direcionados para aquisições. O Brasil é considerado a terceira mais importante subsidiária para a multinacional, depois dos EUA e da China.

No Brasil, a empresa faturou R$ 1,2 bilhão em 2012 - a empresa não fechou ainda dados de 2013. Atua também em medicamentos de prescrição e em saúde animal. A meta agora é dobrar o faturamento de OTC no país em cinco anos.



Veículo: Valor Econômico


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