Apesar da reposição dos aparelhos, lojas não estão conseguindo atender à grande demanda provocada pelas altas temperaturas
O forte e persistente calor no Rio Grande do Sul tem esvaziado estoques de aparelhos de refrigeração no varejo. Janeiro teve 12 dias com máxima acima de 35 graus Celsius, quando a temperatura média do mês é de 30,2 graus, conforme o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet). Na Lojas Colombo, a venda de climatizadores (aparelhos portáteis) disparou 542% no mês passado, em comparação a janeiro de 2013. Em condicionadores de ar, aumentou 189%, e em ventiladores, 159%. A procura por piscinas plásticas subiu 183%.
Apesar do ritmo diário de reposição dos estoques, os produtos têm sido vendidos assim que chegam às lojas, informa a Colombo, que havia feito sua programação de pedidos prevendo as condições do verão. A Manlec recebeu ontem uma carga de 500 aparelhos split, e todos já estavam vendidos ao chegar. A entrega serviu para atender as vendas realizadas no final de semana, conta o diretor comercial da rede, Ubirajara Trindade. A procura por aparelhos cresceu 200% em fevereiro.
A indústria tem boa capacidade de atendimento e oferta adequada em condições normais, mas a temporada de verão tem sido fora do padrão, comenta Trindade, e o consumidor não encontra atualmente produto para entrega imediata. A Manlec realiza a venda de acordo com a confirmação de prazos fornecidos pela indústria, quando a data já está definida pelo fornecedor, explica Trindade.
Entre sete lojas consultadas ontem na Azenha, em Porto Alegre, nenhuma tinha aparelhos de ar-condicionado para retirada imediata, e algumas informavam disponibilidade de entrega para 25 de fevereiro. Os ventiladores que chegam têm sido vendidos em poucas horas. Wanderlei Muniz era um dos consumidores ontem em busca de ar-condicionado, mas procurava pronta-entrega. Já havia visitado duas lojas na Azenha e foi informado que uma rede de supermercados teria o produto, mas de apenas um fabricante, que não era seu preferido.
Após comprar o ar-condicionado, o consumidor terá alguma dificuldade na instalação. O ritmo de vendas também tem sobrecarregado esse tipo de serviço. O Procon de Porto Alegre alerta para que o consumidor contrate a instalação com empresas autorizadas pelo fabricante para não perder a garantia em caso de problemas, ressaltou o coordenador de relações institucionais do órgão, Roberval Barros.
O Procon também recomenda cautela com ofertas de marcas ou lojas desconhecidas no comércio eletrônico. A pressa por encontrar um produto ou uma instalação imediata pode levar o consumidor a buscar preços ou condições difíceis de justificar nas condições atuais de demanda.
O forte calor é resultado de um bloqueio atmosférico que impede a chegada de massas de ar frio, que, mesmo durante o verão, são habituais no Estado, explica o meteorologista do Inmet Rogério Rezende. De maneira cíclica, elas deveriam reduzir a temperatura, mas isso não tem acontecido. Os meteorologistas ainda investigam as razões do fenômeno.
Janeiro teve 23 dias acima de 30 graus, a média para o mês, calculada com dados entre 1961 e 1990. Uma nova média mensal só será apurada em 2020, pois o padrão mundial de acompanhamento do clima determina que se utilize um prazo de 30 anos para ter números mais representativos, explica o meteorologista.
Veículo: Jornal do Comércio - RS