Brasil precisa inovar em brinquedos, diz executivo de rede

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Para Héctor Núñez, da Ri Happy, preços altos e falta de investimento em inovação limitam os avanços do setor

País é um dos maiores polos produtores, mas gasto per capita ainda é baixo, afirma presidente da empresa

Preço alto e falta de inovação freiam a expansão do mercado de brinquedos no Brasil, afirma o presidente das redes Ri Happy e PBKids, Héctor Núñez.

Apesar do avanço médio anual de 14% na última década e do que Núñez descreve como "questão emocional" ("o latino adora presentear os filhos, mesmo se há crise"), o gasto per capita com brinquedos no Brasil é baixo.

E o último Dia da Criança apresentou o pior resultado de vendas do setor dos últimos anos, avanço de 3,15%. "O potencial é enorme, mas o mercado cresceria mais rapidamente se os produtos fossem mais acessíveis", diz.

Segundo a consultoria Euromonitor, o Brasil é o 19º país em gasto per capita anual com brinquedos, com US$ 80,6 (R$ 177). Japão e Reino Unido gastam, por exemplo, respectivamente US$ 420 e US$ 402,9 com brinquedos para crianças de até 14 anos.

Com quase 200 lojas, Ri Happy e PBKids detêm 23% de um mercado que movimentou R$ 8,7 bilhões em 2012 no país, se incluídos videogames. Considerando só brinquedos tradicionais, foram R$ 7,1 bilhões --50% dos quais faturados no período entre Dia da Criança e Natal.

"O Brasil poderia vender muito mais se tivesse produtos a preços mais acessíveis", diz Núñez, um o cubano-americano de 51 anos que já dirigiu o Walmart Brasil.

Engana-se, porém, quem acha que o problema é com importados --que perfazem hoje 55% das vendas, segundo a Abrinq, a associação do setor. "[O preço alto] tem a ver também com o custo de produção no Brasil", avalia.

Os impostos, afirma Núñez, pesam nas duas frentes. "O produto nacional também tem muito imposto."

O executivo vê a concorrência externa como principal incentivo para a qualidade da produção nacional subir.

Mesmo assim, ainda falta inovação. "O Brasil é o quinto ou sexto maior polo produtor de brinquedos do mundo, mas representa apenas 1% das vendas globais", aponta. "É preciso mais investimento em inovação e qualidade, em brinquedos educativos."

Indagado por que brinquedos de sucesso fora do país demoram a chegar ao Brasil, Núnez diz que suas lojas estão sempre "procurando novidades". Cita a marca de brinquedos de madeira Melissa & Doug, que a Ri Happy começou a importar.

0 A 3 ANOS


Uma frente de expansão, avalia, é o seguimento de 0 a 3 anos --estudos acadêmicos recentes têm ressaltado a importância dos estímulos à inteligência nessa fase, sobretudo com a brincadeira.

"O mercado de puericultura cresce 2,5 vezes mais do que o de brinquedos", afirma, dizendo que a compra da PB Kids, que tem uma área com produtos para cuidados com bebês em muitas lojas, deixou claro o potencial.

"Vamos investir R$ 200 milhões para abrir cem lojas da Ri Happy Baby nos próximos cinco anos", anuncia Núnez, explicando que algumas unidades serão independentes e outras interligadas à loja principal, com duas entradas.

O outro alvo é o Norte e o Nordeste, afirma o executivo, que se diz aberto à possibilidade de novas aquisições mas evita dar detalhes.

As duas regiões receberão a maior parte dos R$ 150 milhões destinados à expansão das duas bandeiras no país.



Veículo: Folha de S. Paulo


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