Pessimismo ronda indústria mineira

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Setores que geralmente faturam mais no segundo semestre não acreditam em aumento das encomendas.

A combinação do fraco desempenho do mercado interno com a alta do dólar e da inflação deverá continuar prejudicando o ritmo da indústria brasileira, a ponto de fazer com que nem mesmo o Natal consiga elevar os níveis de comercialização e salvar os negócios em 2013. Se, historicamente, fabricantes de setores como o de calçados, roupas e eletrodomésticos estavam acostumados com o tradicional aquecimento do segundo semestre em relação à primeira metade do ano, desta vez o cenário promete ser diferente. E há quem aposte que os últimos seis meses deste exercício permitirão apenas que se registrem resultados iguais aos observados em 2012.

Na Modelitos Confecções Ltda (Alphorria), especializada em moda feminina, instalada no Prado (região Oeste de Belo Horizonte), os pedidos para o Natal já foram encerrados e os resultados não foram muito favoráveis. De acordo com a diretora de Marketing, Wanessa Cabidelli, as encomendas ficaram 4,5% abaixo do nível registrado na mesma época do ano passado.

"As pessoas estão muito receosas com o desenrolar da economia e, por isso, evitando consumir. O varejo, em alerta, não está realizando grandes investimentos, nem mesmo para o Natal, que costuma ser sua principal data em vendas", explica.

Segundo ela, a baixa no volume de pedidos de certa forma surpreendeu, pois o nível de vendas do primeiro semestre havia sido positivo, principalmente quando considerada a atual conjuntura econômica do país. "Mesmo em meio a estes fatores, encerramos o primeiro semestre com as vendas equilibradas com a primeira metade do exercício anterior. Já o segundo semestres deste ano não promete o mesmo ritmo", diz.


Desta maneira, conforme Wanessa Cabidelli, a Alphorria trabalha com a expectativa de manter o nível dos negócios em 2013 no mesmo patamar registrado em 2012. "Estamos buscando pelo menos o equilíbrio, mas sabemos que tudo pode acontecer", alerta.

Situação semelhante é vivida pela fábrica de calçados, bolsas e acessórios femininos Luiza Barcelos, localizada no bairro São Francisco (região da Pampulha). De acordo com o proprietário, Luiz Raul Aleixo Barcelos, apesar de tradicionalmente o segundo semestre ser mais aquecido do que o primeiro, em virtude das vendas relacionadas ao Natal, em 2013, ao que parece, a situação será diferente, já que o nível de encomendas não está superando as realizadas na primeira metade deste ano.

"Enquanto nos primeiros seis meses de 2013 contabilizamos alta entre 35% e 40% sobre o mesmo período do ano passado, no segundo semestre, até o momento, estamos com média de 20% sobre igual intervalo de 2012", exemplifica.

Barcelos ressalta que o ritmo de encomendas tende a se intensificar a partir do próximo mês. Porém, ele admite que os números não deverão se elevar muito além dos 20%, justamente pelo cenário vivido pela economia brasileira em geral. "O mercado interno está muito devagar e o Natal não deverá ser suficiente para impulsionar os resultados. Ainda assim, encerrar o ano com esse crescimento (20%) sobre 2012 já estará de bom tamanho", pondera.


Cedo - Já para o vice-presidente de Operações da Black & Decker do Brasil Ltda, fabricante de eletrodomésticos e ferramentas elétricas, com unidade industrial de Uberaba (Triângulo), Domingos Dragone, ainda é cedo para qual prognóstico. Segundo ele, no caso da empresa, o período de encomendas está apenas começando e o mercado está muito confuso, não sinalizando se vai crescer ou diminuir.

No entanto, o executivo admite que se for considerada a atual conjuntura, os resultados do próprio Natal e do segundo semestre como um todo poderão ser fracos e frustrantes. "O clima do momento é complicado. Temos o problema cambial, o consumo está retraído e o crédito saturado", justifica.

Por isso, segundo ele, os planos da Black & Decker neste momento são de muita cautela. Mas, o primeiro semestre não foi dos piores. Conforme ele, os negócios cresceram entre 5% e 7% sobre a mesma época do ano passado, embora tenham ficado abaixo do esperado.

Para o segundo semestre, de acordo com Dragone, pode ser que o ritmo se mantenha. "Nos últimos anos registramos crescimentos na casa dos dois dígitos. Em 2013 isso não deve acontecer. Vamos ficar entre 5% e 10%, que é menos do que a empresa precisa, menos do que esperávamos e mais do que o mercado permite neste momento".



Veículo: Diário do Comércio - MG


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