América do Sul precisa se precaver contra queda de commodities, diz banco

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A América do Sul, especialmente o Brasil, deve se preparar para o impacto de uma redução dos preços internacionais das matérias-primas, mesmo se o risco não parece significativo, avalia o banco espanhol BBVA.

Para o economista-chefe do banco para a América do Sul, Juan Ruiz, a região precisa continuar a construir colchões de proteção para poder resistir a choques externos, avançando num trabalho que já vem sendo desenvolvido.

O banco rebaixou sua projeção de crescimento da América Latina para 2,7% em 2013, comparado aos 3,5% estimados há três meses, no rastro de perspectivas menos favoráveis para a economia mundial.

O cenário de base do BBVA prevê que os preços de matérias-primas se manterão em níveis elevados, mas sofrerão ajuste, como já vem ocorrendo. "Tudo depende do tamanho do choque", afirmou Ruiz ao Valor.

O banco espanhol examina o impacto de correção nos preços focando Brasil, Colômbia, Peru e Chile, os quatro países da região mais integrados no mercado financeiro internacional. No cenário de estresse moderado, os preços das commodities caem de maneira permanente entre 15% e 30% a partir de janeiro de 2014 em relação valores atuais, baixando à média de 2006-2012.

Por sua vez, no cenário de forte estresse, as cotações declinam entre 40% e 55%, ficando próximos dos níveis do fim de 2008, imediatamente após a quebra do Lehman Brothers. Uma correção nos preços afetaria 45% das exportações do Brasil, 50% de Chile e Peru e 65% das vendas da Colômbia.

Nos dois casos, o déficit em conta correntes aumentaria com força em 2014. No Brasil, pularia dos cerca de 3% do PIB para 4% no cenário moderado e para 5% no cenário mais forte. Superaria também os 4% do PIB na Colômbia e 6% do PIB no Peru e Chile.

Porém, a depreciação do câmbio e a perda de dinamismo da demanda interna provocariam uma redução dos déficits em 2015 e 2016. Assim, no fim de 2016 o déficit em conta correntes não estaria muito diferente dos níveis atuais.

Por sua vez, o impacto de queda moderada dos preços das commodities seria de aproximadamente 1,2 ponto percentual do PIB no Brasil, na Colômbia, no Peru e no Chile, e desapareceria em 2015. Já no cenário de queda bem maior dos preços, o impacto sobre o crescimento aumentaria para 2,5 pontos percentuais e seria mais duradouro.

Para o economista, Colômbia, Peru e Chile têm posições mais sólidas e mais espaço para políticas contracíclicas, fiscal e monetária, do que o Brasil, para o caso de um eventual choque de preços de matérias-primas. "O espaço para políticas contracíclicas está mais reduzido no Brasil, para não dizer inexistente, por causa de pressões inflacionárias bem maiores", diz Juan Ruiz. "Nosso prognóstico sobre o Brasil é de mais subida de juros até outubro, mas a margem na política fiscal também é menor."

Além disso, "achamos que há no caso do Brasil um esgotamento do crescimento do país, aumento endividamento das famílias e das empresas e uma fase menos potente do ciclo econômico".

Nesse contexto, para o BBVA, se houver correção mais forte nos preços das commodities, as economias andinas conseguiriam recuperar um crescimento robusto em 2016, por volta de 3% a 4%. Já o Brasil seria mais afetado e não conseguiria superar a barreira de 3% de expansão até lá.

O BBVA só foca a situação em termos de preço. Não leva em conta a quantidade exportada. Não aborda por exemplo uma diminuição muito forte da demanda da China. Nos dois casos, o impacto seria negativo, mas a conclusão do banco é otimista. "A região tem condições de suportar uma correção", diz Ruiz.



Veículo: Valor Econômico


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