Geadas devem prejudicar a próxima safra de café do PR

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As geadas da penúltima semana de julho podem reduzir em 40% a 50% a produção de café do Paraná na próxima safra (2014/15), um desestímulo adicional à manutenção da atividade no Estado. O cálculo, ainda preliminar, é do coordenador do setor de café do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Agricultura do Paraná, Paulo Franzini.

De acordo com Franzini, uma melhor observação dos danos será feita durante a floração dos cafezais, entre setembro e outubro. Os últimos relatos são de que até 80% das lavouras paranaenses apresentam danos "visíveis" devido ao frio intenso.

Caso reste pouco café nas plantas, pode não ser economicamente viável manter esses frutos, explica Franzini. Diante desse cenário, o cafeicultor pode ter de fazer o esqueletamento (podas laterais) para que os ramos voltem a produzir a partir de 2015. "A geada tem um lado positivo também, que é o produtor fazer a reforma da lavoura de café", pondera.

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima que o Paraná vai colher entre 1,6 milhão e 1,8 milhão de sacas na safra atual (2013/14), o que corresponde a 3,5% da produção nacional. Embora o Estado seja apenas o quinto maior produtor do país, muitos municípios ainda dependem da cafeicultura. Conforme o Deral, 64% das propriedades rurais do Paraná têm o café como principal atividade.

As geadas foram a "gota d'água para o produtor que estava desanimado sair da atividade", afirma Roberval Simões Rodrigues, engenheiro agrônomo da Cooperativa Agropecuária e Industrial de Mandaguari (Cocari), um dos municípios que dependem muito da atividade. Segundo ele, alguns produtores estão migrando para a pecuária ou arrendando suas terras para a soja.

Franzini conta que há produtores erradicando áreas ou na iminência de erradicar, principalmente os que se dedicam também a outras culturas. A tendência, diz, é que a área dedicada à cultura seja reduzida, embora ainda não se saiba em quanto. O Paraná cultiva café em cerca de 82 mil hectares.

Apesar dos preços baixos, pondera Franzini, produtores que colhem 40 sacas de café por hectare obtêm rentabilidade duas vezes e meia maior que a da soja. "O café é viável economicamente com sistema mecanizado". Rodrigues, da Cocari, defende que a mecanização é o modelo que deve ser adotado no Estado. Entretanto, o problema climático frustrou investimentos. "Teve produtor que cancelou pedido de colheitadeira com a geada".


Veículo: Valor Econômico


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