Hortifrúti pode pesar na inflação do país, diz economista

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Economistas preveem que a inflação pode sofrer com a pressão dos preços de hortifrúti, caso o frio na região Sul se intensifique. Em um primeiro momento, esses artigos contaminariam a inflação de alimentos da região. Mas, emseguida, preços de áreas mais próximas tambémpoderão subir.

O efeito seria semelhante, embora em menor escala, ao da seca do Nordeste. A quebra de safra de mandioca ocasionou uma escalada dos preços da farinha de mandioca e elevou a inflação na região.

Já o frio do Sul poderá ter efeitos mais generalizados. Os hortifrútis possuem peso relevante no indicador oficial de inflação, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

Os cinco principais artigos produzidos no Sul respondem por 0,6%do cálculodo indicador. Caso dobrem de preço, em 12 meses, podemelevar o índice emmais de 0,5 ponto percentual.

Por enquanto, a hipótese é remota. As geadas ainda não causaramquebras relevantes nas safras de hortifrúti. Porém, economistas estão em alerta.

Segundo Rafael Coutinho Costa Lima, coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), o primeiro impacto seria no comércio local. Sem uma oferta grande de produtos, o varejo elevaria opreço para equilibrar ademanda.Depois,ummovimento de importação dos artigos começaria para repor a quebra.

“Esses produtos têmum custo muito alto de transporte. Então precisam ser produzidos próximos do consumidor. Os importados teriam que sair de São Paulo, ou Mato Grosso do Sul. No máximo, de Minas Gerais. A inflação desses locais, então, seria contaminada pela restrição de oferta no próprio mercado produtor”, explica Costa Lima.

O economista afirma que outra contaminação,pormeio do IPCA, que serve de balizador de preços para o varejo nacional, também ajudaria a valorizar esses produtos em outras praças. “Em um índice nacional, como o IPCA, o impacto é quase inevitável”, acredita.

Em contrapartida, a redução da demanda recente pode contrabalançar os efeitos da oferta. Carlos Thadeu de FreitasGomes, economista- chefe da Confederação Nacional doComércio (CNC), afirma que a inflação de alimentos não cai somente por restrição da oferta, como ocorreu em 2012 com algumas commodities. Segundo ele, a menor intensão de consumo das famílias tambéminfluencia a inflação de itens básicos damesadobrasileiro.Mesmo alface e tomate, tradicionais em grande partedo país, podem ser substituídos, acredita Gomes, ex-diretor do Banco Central.

“Isso é oque chamamos de choque de oferta temporário. Costuma acontecer no início do ano, por causa das chuvas no Sul do país e da seca no Nordeste”, explica o economista.

Nesses casos, os preços de determinados produtos disparam em certas praças.Depois, despencam vertiginosamente. Entre os casos mais recentes estão os da farinha de mandioca, do feijão e do tomate. Os três itens já apresentam queda relevante de preços nas últimas semanas.

“Isso causa efeitos sobre a inflação corrente, daquele mês, mas não altera as expectativas sobre ela. Os impactos das geadas são menores do que os de uma seca”, avalia o economista. “Além disso, com a demanda fraca no mercado doméstico, a tendência desse choque de oferta é a de ser incorporada dentro do próprio varejo”, acrescenta Gomes.



Veículo: Brasil Econômico


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