Mars prevê dobrar vendas no Brasil

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Por Adriana Meyge | De São Paulo

A Mars, empresa familiar americana fabricante das rações Pedigree e Whiskas, quer dobrar, nos próximos cinco anos, seu negócio de rações para animais de estimação no Brasil. Esse segmento representa 70% da operação brasileira, cujo portfólio também inclui chocolates, arroz e temperos. A Mars expandiu recentemente para todo o Brasil as vendas de sua marca de alimentos para gatos mais barata, a Kitekat, que antes só estava à venda no Nordeste. Outra aposta da empresa são os pacotes pequenos e as rações "molhadas".

A companhia não revela receita por país, mas pouco mais de 30% vem do bloco de países que compõem o Bric (Brasil, Rússia, Índia e China), segundo David Kamenetzky, vice-presidente global de estratégia e assuntos corporativos da Mars. As vendas globais crescem 5% ao ano e somaram US$ 34 bilhões em 2012, o que faz da Mars a terceira maior companhia privada americana, segundo a Forbes. A operação brasileira cresce mais rápido, "dois dígitos fortes", de acordo com Carlos Dieppa, presidente da divisão "petcare" da Mars Brasil.

A Mars nasceu como uma empresa de confeitos, há pouco mais de cem anos. Um de seus primeiros produtos foi a barra de chocolate Milky Way, criada por Frank Mars e seu filho, Forrest. Hoje o segmento de ração para animais de estimação tornou-se o maior negócio, à frente das divisões de chocolate, chicletes e alimentos. Em todo o mundo, essa categoria representa 40% do faturamento da multinacional. No Brasil, a proporção é ainda maior.

O país abriga a segunda maior população de cães e gatos do mundo (cerca de 58 milhões) e é também o segundo maior mercado de produtos para animais de estimação, só atrás dos Estados Unidos. Somente a categoria de alimentos movimentou R$ 10 bilhões em 2012 e cresce em torno de 8% ao ano. Mas apenas quatro de cada dez cachorros e gatos recebem alimentos industrializados no Brasil - os outros comem restos de comida. Para Andrew Clarke, presidente da divisão petcare da Mars América Latina, cujo escritório fica em São Paulo, isso representa um grande potencial de crescimento. Na Inglaterra, onde o executivo nasceu, nove em cada dez bichos de estimação comem ração.

A empresa lidera o mercado de comida para cães e gatos no país, com três das cinco maiores marcas (Pedigree, Whiskas e Royal Canin). Seus maiores concorrentes são a Purina, da suíça Nestlé, e as brasileiras Nutriara, Mogiana, Total Alimentos e Premier Pet. Os produtos da Mars são fabricados no país, onde a companhia tem quatro fábricas - duas de rações, e uma terceira foi anunciada em abril.

Em fevereiro, a Mars lançou petiscos da Whiskas e da nova marca Dreamies, de preço intermediário. Além disso, expandiu a distribuição da marca Kitekat, lançada no Nordeste em 2010 e cujo pacote de 1 kg custa R$ 5,49. O objetivo é atingir as classes C e D em todo o país. "Nós acreditamos que temos que tocar todos os pontos de preço no mercado", diz Kamenetzky. Para cães, a empresa tem desde a marca mais barata Champ até a Royal Canin, com um portfólio altamente segmentado.

Outro vetor de crescimento é o maior equilíbrio entre alimentos secos e molhados. Nos países desenvolvidos, vende-se mais rações com molho, mas o mercado brasileiro ainda é dominado pelas secas. A Mars reforçou nos últimos anos lançamentos úmidos em sachês, mais baratos que em lata.

A Mars também quer crescer em sua segunda maior área no país, que representa 20% das vendas. "Queremos impulsionar nosso negócio de chocolate, que é muito pequeno no Brasil, mas que é uma potência global", diz Kamenetzky. A marca Snickers, que vende US$ 3,6 bilhões no mundo e chegou ao país em 2001, acaba de lançar uma forte campanha de marketing na TV, internet e no varejo.

O Brasil tem recebido atenção da Mars, que busca aumentar sua presença nos países emergentes. Integrantes da família Mars que compõem o conselho administrativo visitaram a operação no mês passado. O país disputa com o México a instalação de um centro de pesquisa e desenvolvimento (P&D) da Mars na área de comportamento e nutrição animal.



Veículo: Valor Econômico


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