Safra gaúcha registra alta superior a 35%

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Levantamento da Conab também aponta aumento recorde da soja, com 12,5 milhões de toneladas colhidas

A safra gaúcha de grãos deve chegar a 28,25 milhões de toneladas no período 2012/2013. É o que indica o levantamento de junho da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgado nesta quinta-feira. É um crescimento de 35,3% em relação ao período anterior, que foi marcado pela quebra por causa da estiagem que dizimou lavouras no Estado.

Os números foram reajustados em relação ao levantamento anterior. No mês de maio, a previsão de colheita total era de 27,9 milhões de toneladas. Conforme o superintendente substituto da autarquia no Rio Grande do Sul, Ernesto Irgang, os números do trigo colhido no ano passado foram revisados e aumentaram em 4,4%, fechando em 1,89 milhão de toneladas, em vez do 1,81 milhão anunciado anteriormente. Além disso, houve reavaliação da colheita de soja e a produtividade aumentou, passando de 2,6 mil quilos por hectare para 2,7 mil quilos por hectare.

“No mês anterior havia soja a ser colhida e não tínhamos uma percepção total da colheita. Agora são números mais consolidados e devem mudar apenas em alguma questão mais pontual”, salienta.

Com isso, a colheita da oleaginosa confirma o recorde no Rio Grande do Sul, com 12,53 milhões de toneladas, um reajuste de 340 mil toneladas em relação aos números anteriores. Até maio, o levantamento da Conab apontava uma colheita de 12,19 milhões de toneladas. O arroz teve pequena queda de 0,8% em relação ao levantamento de maio, fechando em 7,93 milhões de toneladas. Já o milho se manteve estável, com previsão de colheita de 5,38 milhões de toneladas. Este número se aproxima mais do recorde da safra 2010/2011, que foi de 28,82 milhões de toneladas.

Segundo o coordenador da Comissão de Grãos da Farsul, Jorge Rodrigues, o aumento da safra se deve, principalmente, à integração de novas áreas de soja na Metade Sul, especialmente em territórios da pecuária e do arroz.

“O reflexo não é só da produtividade, mas também deste aumento de área. A soja ocupou áreas de pousio de arroz e a tendência é que sejam consolidadas estas áreas e mantenhamos o nível de produção nos próximos anos”, prevê Rodrigues.

Com a colheita praticamente finalizada, as atenções dos produtores se voltam agora para o mercado. Para o analista de mercado da Capital Corretora, Farias Toigo, o momento é excelente, com altos preços para a soja. “Este cenário deve se manter assim pelo menos até agosto, quando começa a entrar a safra norte-americana. Tivemos uma antecipação da alta já no mês de maio, com preços que chegam a R$ 71,00 a saca de 60 quilos no Porto do Rio Grande”, explica, acrescentando que mesmo que o valor tenha apresentado queda em relação ao ano passado, quando chegou a ultrapassar a barreira de R$ 90,00 a saca no porto, o valor ainda é acima da média histórica para o grão.

No País, a Conab aponta para a colheita de um volume recorde de 184,3 milhões de toneladas no período 2012/2013. A produção estimada é 10,9% superior às 166,17 milhões de toneladas colhidas na safra passada, quando a forte estiagem provocou quebras na produtividade de milho e soja na região Sul. A diferença foi de apenas 150 mil toneladas em relação ao levantamento anterior, que previa 184,15 milhões de toneladas.

Pacote de medidas soma R$ 39 bilhões para a agricultura familiar

O governo lançou nesta quinta-feira o Plano Safra 2013/2014 para a Agricultura Familiar, que contará com R$ 21 bilhões. O montante é 288% maior do que o volume disponibilizado na safra de 2003/2004, a primeira do governo do ex-presidente Lula, que foi de R$ 5,4 bilhões. No evento, a presidente Dilma Rousseff assinou o projeto de lei que cria a Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater). A previsão do ministro do Desenvolvimento Agrário, Pepe Vargas, é de que a agência terá 130 funcionários e orçamento para 2014 de R$ 1,3 bilhão.

Vargas informou que a agência manterá um serviço social autônomo, pessoa jurídica de direito privado sem fins lucrativos, de interesse coletivo e de utilidade pública. A agência vai credenciar as entidades públicas e privadas de assistência técnica e extensão rural, qualificar os técnicos e serviços nessa área, além de monitorar os resultados.

O órgão vai atuar em parceria com a Embrapa, responsável pela pesquisa agropecuária no País. No evento, a presidente, o ministro do Desenvolvimento Agrário e o ministro da Agricultura, Antônio Andrade, defenderam a criação a Anater. “Será um órgão de difusão da tecnologia”, afirmou Dilma, acrescentando que hoje a falta de acesso à assistência técnica se concentra nos pequenos e médios produtores. Segundo Pepe Vargas, nos últimos dez anos 3,6 milhões de produtores ascenderam à classe média.

O pacote de crédito foi recebido com otimismo por entidades ligadas aos pequenos agricultores. Para o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), Alberto Broch, a medida potencializa e articula outras ações fundamentais para o desenvolvimento do setor, ao destinar recursos não apenas ao custeio e ao investimento, mas também à assistência técnica, por meio da criação da Agência Nacional de Assistência Técnica e Extensão Rural (Anater). A preocupação agora, segundo ele, é garantir que os recursos anunciados cheguem ao agricultor. Embora reconheça que o acesso aos financiamentos tenha melhorado nos últimos anos, Broch ressaltou que os agricultores enfrentam uma “dificuldade histórica” para obter os valores disponibilizados. Conforme anunciado hoje pelo governo, os agricultores familiares terão crédito de R$ 21 bilhões para a próxima safra. Ao todo, serão aplicados R$ 39 bilhões no conjunto de medidas para o setor.

O aumento do volume de recursos para custeio, investimento e comercialização também foi bem-visto pelas entidades gaúchas. No entanto, a avaliação é que alguns pontos da pauta do setor não foram contempladas no programa. Para o presidente da Fetag, Elton Weber, era esperado um avanço maior no Seguro para Agricultura Familiar, assim como no Programa de Garantia de Preços (PGPAF). “Acreditamos que o seguro precisa ser tanto para os financiados quanto para não financiados e também não contempla o patrimônio das propriedades. Vamos continuar insistindo nesta pauta”, informa.

Weber também acredita que é preciso ficar mais claro como vai funcionar a nova estatal. “Queremos participar deste processo”, frisa. A opinião é compartilhada pelo coordenador da Fetraf-Sul, Celso Ludwig. “A iniciativa é positiva, mas precisamos saber como ela será viabilizada”, comenta. Sobre o seguro agrícola, Ludwig também acredita que o valor de R$ 7 mil por agricultor não é suficiente para atender à demanda no caso de perda de safra. “Se uma pessoa compra um carro de R$ 50 mil, ela recebe o valor integral. E agricultor investe mais do que R$ 7 mil e vai receber apenas este valor, não é justo. É preciso cobrir o valor total da renda”, argumenta.

 

Veículo: Jornal do Comércio - RS


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