Zema, de MG, investe para faturar R$ 2,6 bi

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O empresário mineiro Romeu Zema pretende fazer deste o ano de crescimento mais acelerado no número de lojas da rede de eletrodomésticos que leva seu sobrenome. Até dezembro, o plano é abrir 70 lojas. Hoje a rede Zema tem 396 unidades, mais de 300 delas em Minas Gerais. As outras estão no interior de São Paulo, Goiás e Bahia. O capital para a expansão vem de reinvestimentos e de financiamentos bancários. O empresário diz, no entanto, que hoje a companhia está pronta se associar a um fundo de investimento, caso decida depender menos dos bancos.

A rede de eletrodomésticos vem crescendo num ritmo acelerado nas últimas duas décadas. Em média, 24% ao ano. "Somos hoje a maior rede de eletrodomésticos em número de lojas em Minas Gerais, com presença praticamente concentrada em cidades pequenas", disse o empresário ao Valor.

Em 1991, quando ele assumiu o varejo de eletrodomésticos - negócio que tinha então importância mínima no grupo empresarial de sua família -, eram apenas quatro lojas. O período de ouro coincidiu com a crise mundial: desde 2008, Zema abre em média 50 lojas por ano - a exceção foi 2009, quando os negócios foram congelados e o faturamento encolheu. Este ano, das 70 novas unidades planejadas, a metade será em Minas.

Em 2012, o grupo que começou como uma revenda de pneus em Araxá (MG), em 1923, faturou R$ 2,2 bilhões. A venda de eletrodomésticos foi responsável por 43% do resultado; distribuição de combustíveis e postos, por 53% -- outros negócios responderam pelos demais 4%. Os postos Zema (nenhum deles administrados pelo grupo, mas sob um modelo de franquia) estão em Minas, Goiás, Mato Grosso, São Paulo e Tocantins. São 234 no total. Este ano, mais 40 devem ser inaugurados.

Mas nenhum segmento do grupo tem crescido tanto quanto o varejo de eletrodomésticos, diz Zema. Isso explica o projeto orçado em R$ 30 milhões para construção de um segundo centro de distribuição. Será em Francisco Sá, a 40 km de Montes Claros, principal cidade do norte de Minas - região historicamente marcada pela pobreza, mas que tem atraído muitos empreendimentos nos últimos anos. A obra será financiada pelo Banco do Nordeste e deve ser inaugurada em 2014. Enquanto isso, o empresário alugou um galpão em Montes Claros para suprir sua urgência em ter mais espaço para estocar e distribuir os produtos.

Romeu Zema prevê que o faturamento do grupo este ano chegue à casa dos R$ 2,6 bilhões.

A marca Zema cresce aceleradamente apesar de ser uma total desconhecida em cidades maiores. Entre as exceções estão Uberlândia e Montes Claros.

Romeu Zema - que é representante da quarta geração à frente do grupo com sede na cidade de Araxá, no rico Triângulo Mineiro, região oeste do Estado -, afirma que quer se manter fiel ao estilo que deu certo até agora: concentrar seus negócios nas pequenas cidades do interior. A maioria das lojas de eletrodomésticos está em locais cuja população varia de 8 mil a 30 mil habitantes. "Não temos nenhum plano para passar a operar em capitais."

Seus concorrentes principais são outras duas redes de Minas: a Eletrosom e a Edmil. O Magazine Luiza - com suas versões de lojas menores, onde a maior parte dos produtos só pode ser vista e encomendada por meio de um catálogo - também disputa clientes com Zema.

O empresário segue uma receita de expansão que a muita gente pode parecer antiquada: nunca fez uma aquisição. Diz que não tem experiência nem conhecimento para integrar outra rede à sua. Para financiar o crescimento, usa linhas de crédito bancário e dinheiro da empresa. "Reinvestimos todo o resultado. Os sócios têm uma retirada pequena", diz.

Antiquado também é o jeito que ele vende a crédito: cerca de 85% das vendas parceladas são pagas por meio de boletos. Força das circunstâncias: a maioria de seus clientes - muitos dos quais não têm dinheiro na mão para comprar um liquidificador à vista - não possuem cartão de crédito. Sim, a inadimplência cresceu nos últimos três anos, mas ainda está em níveis baixos e é sempre menor nas cidades menores e mais pobres, diz ele.

Mas Romeu Zema, de 48 anos, nascido e criado em Araxá e formado em administração de empresas pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) em São Paulo, tem se movimentado para que o tradicionalismo não limite seus próximos passos. Em 2005, o grupo se desfez de diversos negócios para se concentrar nas lojas e nos postos. "Há alguns anos, a empresa passou a ter seus balanços auditados, conselho de administração e gestão profissionalizada. Eu sou único da família nos negócios de eletrodomésticos e nos dos postos."

O empresário acredita que o modelo de crescimento atual continuará sustentável pelos próximos cinco anos. "Se isso começa a mudar, aí consideraremos a possibilidade de um aporte de fundos ou abertura de capital." A estrutura administrativa que montou facilitaria agora a primeira opção. "Se amanhã quisermos receber um aporte, estamos prontos."

O grupo registrou lucro líquido de R$ 32 milhões em 2011; R$ 40 milhões em 2012 e a previsão para este ano é beirar os R$ 50 milhões. A dívida que o grupo tem com bancos para sustentar o financiamento está ao redor dos R$ 70 milhões.

A expansão da rede este ano será na região de Juiz de Fora (MG), em cidades próximas ao Rio de Janeiro e ao Espírito Santo. Em São Paulo, cujas 52 lojas estão sobretudo na região de Ribeirão Preto, norte do Estado, os planos são avançar mais em direção a oeste, nos arredores de São José do Rio Preto.



Veículo: Valor Econômico


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