Hering fica sem estoque nas lojas e vendas caem

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As ações da Hering tiveram ontem seu pior pregão desde junho de 2009, após a decepção do mercado com os números estimados pela companhia para o quarto trimestre. Os papéis da companhia caíram 11,9%, para R$ 38,35, na pior performance do Ibovespa. Com o tombo, o valor de mercado da varejista têxtil retomou os patamares de julho do ano passado, em R$ 6,12 bilhões.

Na noite de quarta-feira a Hering informou que no quarto trimestre teve queda de 0,2% nas vendas das lojas abertas há mais de um ano, muito abaixo do consenso de mercado, que apontava para um crescimento entre 4% e 5%.

Segundo o presidente Fábio Hering, houve problemas na cadeia interna e externa de suprimentos e havia demanda por parte do consumidor. Na prática, ocorreu "desestocagem" na rede.

A venda da matriz para as lojas dos franqueados ocorreu num ritmo menor do que as vendas das lojas para o consumidor, reflexo do fato de a Hering ter subestimado a recuperação do consumo. "Não conseguimos atender a demanda de algumas lojas a tempo", disse o empresário.

Os esforços de última hora da companhia para não perder vendas resultaram em aumento dos gastos com frete e horas extras, o que deve ter impacto nas margens do quarto trimestre, disse Frederico Oldani, diretor financeiro da Hering.

Não foi a primeira vez que problemas operacionais prejudicaram o resultado da Hering. Em 2012, a empresa teve resultados fracos acompanhados de justificativas como desacerto na coleção e obstáculos logísticos, com a transferência para um novo centro de distribuição.

O Credit Suisse classificou 2012 como um "ano perdido" para a Hering. Segundo analistas do banco, há quatro trimestres a Hering mostra um desempenho bem mais fraco que suas concorrentes Marisa e Lojas Renner, cujas vendas "mesmas lojas" devem ter registrado crescimento de dois dígitos no fim do ano, segundo indicações da diretoria.

Goldman Sachs e Deutsche Bank classificaram a queda nas vendas mesmas lojas da Hering como "desapontadoras". O desempenho fraco levou o Goldman a reduzir em 2%, na média, sua estimativa de ganho por ação da companhia entre 2012 e 2014. A nova previsão incorpora os números da prévia operacional divulgada ontem, o plano de abertura de lojas e novo cenário macroeconômico. A Selic mais baixa se traduz em menores ganhos nas linhas financeiras da empresa, disseram os analistas do banco em relatório.

As vendas brutas totais cresceram 10,7%, também abaixo das expectativas do mercado. O indicador, no entanto, apresentou melhora em relação ao terceiro trimestre, quando a alta foi de apenas 1%, sinalizando que a estratégia de abrir novas lojas tem garantido o faturamento da companhia, apontou o Itaú BBA.

Para o banco, a abertura de novas unidades deve sustentar o crescimento da Hering no médio prazo. Um novo estudo de potencial de abertura de lojas, divulgado pela companhia, identificou espaço para 796 unidades, contra as 604 previstas anteriormente. Em 2013, a companhia pretende abrir 77 lojas, alcançando 592 unidades.

"O estudo do potencial de novas lojas reforça a nossa convicção de que o ciclo dos formatos baseados em franquias é duradouro e que as melhoras serão observadas de maneira lenta ao longo do ano", disse o Itaú BBA.



Veículo: Valor Econômico


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