Só 25% do transporte de carga do Brasil é feito via ferrovias

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Um dos nós a serem desatados na busca de um desenvolvimento sustentável no Brasil é o setor de transportes. Com 58% das viagens de cargas feitas pelo meio rodoviário, o País tem apenas 25% do tráfego baseado no modal ferroviário, ou seja, mais da metade das viagens no território nacional usa combustíveis fósseis.

Os dados são do Ministério dos Transportes (MT) e foram aferidos em março de 2012, portanto, são bastante atuais. Se levarmos em consideração que um vagão pode transportar até 100 toneladas de produtos, em cada vagão, e que um caminhão leva no máximo 40 toneladas, seriam necessárias muito mais viagens para transportar a mesma quantidade de carga por rodovias. Enquanto isso, o País desperdiça um modelo de transporte ainda menos oneroso e poluente que qualquer outra modalidade disponível no mundo, a hidrovia.

Segundo os mesmos dados do MT, somente 13% da carga no País é transportada por hidrovias enquanto o uso de dutos para transporte de óleos e grãos é responsável por apenas 4%. Há muito, estudos de logísticas de agronegócios vêm tentando modificar este panorama, mas há um grande lobby rodoviário no Brasil, que só faz com que aumente cada vez mais a emissão de carbono e polua o meio ambiente.

"O governo tem investido na construção de novas ferrovias, mas ainda é muito pouco para vencer esta tendência", acredita José Lima, diretor da Ameco Sistemas e Equipamentos.

Para ele, a construção de novas ferrovias como a Transnordestina, financiada pela Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) e pelo governo federal, é um caminho para amenizar esta distorção.

A Transnordestina vai ligar o Porto de Pecém, no Ceará, ao Porto de Suape, no Recife (Pernambuco). O projeto busca elevar a competitividade da produção agrícola e mineral da região com uma moderna logística que une uma ferrovia de alto desempenho a portos de calado profundo que podem receber navios de grande porte. Outro projeto em execução é a ferrovia Norte-Sul que cruzará os Estados de Goiás, Maranhão, Pará, Tocantins, Mato Grosso do Sul e São Paulo.

Todo este esforço, entretanto, parece em vão. Desde a máxima proferida pelo ex-presidente Washington Luís, que governar é abrir estradas, que a base dos transportes tem sido a rodoviária. Com o advento do boom da indústria automobilística no final da década de 1950, o trânsito nas grandes cidades vem piorando também a cada ano. Investimentos em transportes sobre trilhos para passageiros também são consideradas insuficientes.

São Paulo, por exemplo, sofre com a falta de metrô, trens e VLTs ou bondes modernos. Vários governantes garantiram suas eleições abrindo túneis, avenidas e viadutos ao invés de investir no transporte sobre trilhos. Dentro das grandes cidades muitas vezes há viagens de 50km entre o centro e as periferias que só contribuem para o aumento da poluição do ar e para a queda da qualidade de vida da população presa horas a fio em enormes congestionamentos.

"O transporte ideal é o metrô, mas ele é muito mais caro no curto prazo. Sua construção demanda desapropriações. O VLT também necessita de canaletas mais largas para circular. O ônibus resolve a questão em prazo menor, mas em longo prazo, os custos de manutenção, a durabilidade e a poluição acabam sendo pontos negativos", afirma José Lima.

A questão sobre qual o modal é o mais adequado para transportar passageiros nas grandes cidades vem suscitando muitas discussões. Muitos defendem o monotrilho em trajetos nos quais haja uma demanda menor de passageiros, outros preferem o metrô, mesmo assim. Esse é o caso da linha 17-Ouro de São Paulo que vai passar por regiões de alto poder aquisitivo na região do Morumbi, como o bairro do Panamby, e ao mesmo tempo na favela de Paraisópolis.

No Rio de Janeiro também há discussões quanto ao uso Bus Rapid Transport (BRT), sistema que cria uma faixa de trânsito exclusiva para correr ônibus articulados. Há, contudo, quem defenda a utilização do VLT ao invés dos ônibus. Os argumentos dos que defendem o veículo sobre trilhos fazem sentido. Enquanto um bonde moderno dura mais de 20 anos e não polui, os ônibus têm manutenção mais cara e a durabilidade de cerca de 10 anos, no máximo.

A cidade de São Paulo vai experimentar, a partir da próxima semana, colocar em sua frota de táxis, veículos elétricos. Serão a princípio dois táxis. Até o fim de 2012, eles ganharão a companhia de mais oito veículos. A grande vantagem destes veículos é a emissão zero de gases poluentes.

Para especialistas, enquanto não houver vontade política para investir e criar possibilidades para que o transporte sobre trilhos seja prioridade, o lobby rodoviário, como é chamado pelos que defendem as ferrovias, continuará se impondo e metas de redução da poluição ficarão para trás.



Veículo: DCI


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