Crise impõe mudanças nos hábitos de compra dos consumidores brasileiros

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Com o aumento das dificuldades da população e, consequentemente, da procura por maneiras de simplificar a vida, produtos práticos, prontos e semiprontos têm ganhado relevância na cesta

 


São Paulo - Além de reduzir o otimismo do consumidor brasileiro, a crise econômica tem imposto mudanças em seus hábitos de compra. O crescimento do estresse e da procura por formas de simplificar a vida, aumentou a busca por produtos prontos e semiprontos e estimulou o lançamento de itens com embalagens menores.
 
É o que aponta pesquisa inédita divulgada ontem pela Kantar Worldpanel. De acordo com o levantamento, nos últimos dez anos mais 15 milhões de lares passaram a consumir categorias como suco pronto, molho pronto, prato congelado e bolo pronto. Artigos como amaciantes e limpadores também ganharam relevância, e nesse mesmo intervalo passaram a ser comprados por mais oito milhões e três milhões de residências, respectivamente.
 
Para a diretora comercial da empresa, Christine Pereira, isso se deve ao aumento do estresse, impulsionado pela crise, e, consequentemente, a uma busca cada vez maior do cliente por praticidade. "Neste contexto, os produtos com esse apelo de facilitar a vida são os que mais têm se destacado", diz, completando que o Brasil é hoje o terceiro país com o maior índice de estresse.
 
A especialista se refere a uma pesquisa recente da Kantar Futures, que mostra que 49% dos brasileiros afirmam sofrer com o problema. O País só fica atrás da Turquia e das Filipinas. Em relação ao segundo ponto, Pereira cita outro dado, também da Kantar Futures, que mostra que o Brasil é líder global na busca por formas de simplificar a vida, com 83% dos entrevistados afirmando estar em sintonia com esse pensamento. A média global é de 70%.
 
Ainda segundo a especialista, esses dois aspectos têm estimulado também um avanço nos gastos com lazer, e com produtos como chocolate snack e barra de chocolate recheada. De 2011 até hoje esses dois itens passaram a se consumidos em mais dez milhões de lares. Já em relação aos gastos com lazer e viagem, mais 3,5 milhões de casas incorporaram esse tipo de despesa.
 
Lançamentos
 
Essa mudança no perfil de compra do consumidor tem impactado diretamente nos lançamentos de novos produtos no mercado. Um dos pontos principais diz respeito ao formato dos artigos, cuja importância para o sucesso do lançamento cresceu 13,1% no ano passado, em relação a 2014 (veja mais no gráfico acima). "O formato tem se mostrado o principal atributo para o sucesso de um lançamento, e para alimentos, as embalagens menores certamente têm se destacado", aponta Pereira.
 
A diretora-geral da Kantar no Brasil, Patricia Beber, complementa ainda que essas mudanças no perfil do cliente exigiram um número maior de lançamentos este ano, justamente para atender essas novas demandas. "A tendência é aumentar ainda mais esse valor, focando em formato e praticidade", afirma. Segundo ela, enquanto no ano passado o número de lançamentos ficou na faixa dos 17 mil, este ano a média mensal tem sido de dois mil - o que representaria um total de cerca de 24 mil para o acumulado do ano.
 
Outro aspecto que mudou com a recessão, segundo Pereira, é a frequência de compra dos consumidores brasileiros, que já vinha reduzindo nos últimos anos, mas que com a instabilidade econômica sofreu uma queda ainda maior.
 
De acordo com o estudo da Kantar, esse movimento gerou um crescimento nas compras de abastecimento (mais de 10 categorias). Para se ter uma ideia, enquanto no terceiro trimestre de 2014 esse tipo de compra representava 41% do total, no segundo trimestre deste ano essa fatia passou a corresponder por 44% do todo.
 
Apesar do crescimento desse tipo de consumo, a pesquisa aponta que a maioria dos entrevistados realiza três missões de compra ao mês (43,5%). São elas: abastecimento, reposição e proximidade.
 
Segundo Pereira, os canais em que realizam cada uma dessas compras diferem, e as compras de abastecimento e reposição, em geral, são feitas em hipermercados e no atacarejo. Já as de proximidade e de necessidades específicas costumam ocorrer em supermercados e no varejo tradicional.
 
No primeiro caso um dos principais fatores para a escolha do canal é o sortimento e a presença de estacionamentos.
 
Fonte: DCI


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