Perfil do consumidor da classe C mudou

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Eles são a parcela da população com mais contas bancárias, cartões de crédito e com potencial de consumo de R$ 1,35 trilhão, mesmo em ano de crise. Os milhares de brasileiros da antiga classe C - chamada hoje de classe média - chegaram ao paraíso do consumo para ficar e devem estar na mira de qualquer varejista que queira se sair bem de 2015. A análise é do presidente da Data Popular, Renato Meirelles, que abriu a 1ª edição do Brasilshop, congresso voltado para varejistas de shoppings realizado na última semana na Capital.

Logo no início da palestra, o presidente lembrou aos empresários que o perfil do consumidor mudou muito nos últimos anos e o shopping deixou de ser um ambiente para quem tem muito dinheiro. Com mais renda, a antiga classe C descobriu o consumo com o protagonismo da mulher. "A mulher mudou a classe C, saindo para trabalhar e consumir. Pequisas mostram que Àelas" decidem a compra do supermercado, a viagem da família e até a cueca que o marido veste", ilustrou.

Além disso, o consumidor ficou mais exigente, destacou Meirelles. Com o poder de compra na mão, ele exige qualidade, preço, estrutura e atendimento. "O consumidor quer algumas garantias - não ser assaltado na hora de fazer compras é uma delas. E ele quer menos ainda ser observado pelo vendedor, que olha para seu sapato e seu relógio para decidir se atende ou deixa para o colega", alertou.

Mas, para o presidente da Data Popular, os empresários não conseguiram acompanhar essa mudança de perfil. Ele afirma que o varejista confunde as intenções do consumidor da antiga classe C e acha que ele quer ser como o rico. Meirelles destaca que isso é uma armadilha: o cliente da atual classe média quer produtos de qualidade, mas ele tem uma forma própria de consumir que não é igual ao consumidor da classe A.

"Fizemos uma pesquisa com empregadas domésticas e perguntamos o que elas fariam se tivessem o dinheiro das patroas. A maioria diz que comeria melhor do que a patroa. Então ela não quer ser igual, pelo contrário, acha que o dinheiro é mal usado na casa onde trabalha", exemplifica. O presidente do Data Popular desafiou os varejistas a entenderem melhor esse consumidor, que normalmente valoriza a fartura, a diversidade de modelos e o destaque para a marca nas peças de moda.

Crise - Meirelles lembrou que o momento de crise alterou esse cenário e, segundo pesquisas do Data Popular, o consumidor está pessimista, achando mais difícil pagar as contas e acreditando que não terá ganho real no salário. Mesmo assim, ele destaca que o consumidor da antiga classe C ainda está disposto a consumir e, por isso, o varejista precisa voltar o olhar para esse público.

"A classe C acaba tendo mais dinheiro para consumir no varejo, pois o dinheiro da classe A está comprometido com outros gastos prioritários, como o plano de saúde. Uma de nossas pesquisas mostra que 65% da classe C acha que sua vida pessoal vai melhorar em 2015, pois essas pessoas sempre viveram em crise e sabem lidar com ela. Eles economizam, fazem bico, rodízio de contas: existe um ÀJoaquim Levy de saias" em cada casa da classe C, fazendo um ajuste fiscal doméstico", disse.

Meirelles chamou a atenção dos empresários para o potencial dessa parcela da população, que hoje é a que mais tem contas bancária e cartão de crédito. Segundo ele, a antiga classe C tem potencial de consumir R$ 1,35 trilhão - mesmo em ano de crise. "Se a classe C fosse um país, ele estaria em 12º lugar em população e em 18º lugar em consumo no ranking mundial. Ela estaria no G20 do consumo mundial", frisou.

 



Veículo: Jornal Diário do Comércio - MG


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