Mesmo com faturamento robusto de R$ 211,8 bilhões em 2014, empresários brasileiros começam a sentir os efeitos negativos da retração econômica. Acredita-se em recuperação no 2º semestre
O segmento atacadista distribuidor passará por um momento de ajustes. Com a demanda de consumo arrefecida, manter o faturamento será um desafio e segundo analistas, implementar medidas de redução de custos se faz necessária.
Além disso, melhorar o entendimento com a indústria pode ajudar o setor a crescer 1,5% este ano. Após apresentar queda de 9,76% no primeiro trimestre do ano na comparação com igual período do ano passado, algumas medidas começam a ser implementadas e testadas entre as redes atacadistas brasileiras. "Hoje, a logística representa 40% dos custos de uma operação de atacado. Aos poucos, esses empresários começam a se unir para implementar ações que ajudem na redução de despesas operacionais", afirmou o especialista em varejo da Fundação Instituto de Administração (FIA), Nelson Barizelli.
Iniciativas
Segundo o presidente da Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores de Produtos Industrializados (Abad), José do Egito Frota Lopes Filho, umas das medias que estão em teste no Ceará é a divisão do frete entre as redes. "Quatro redes passaram a compartilhar um caminhão e reduziram o número de vezes que ele é usado para abastecer as lojas", explicou o presidente.
Balanço divulgado pela entidade apontou que no ano passado as mais de 500 associadas apresentaram crescimento de 0,9%. "Foi um crescimento tímido. Desde o ano passado as redes têm se movimentado para evitar queda no faturamento, já que o consumidor passou a comprar menos e, por consequência, os distribuidores a vender menos. O atacado é muito dinâmico sendo o último a sentir um desaquecimento econômico e o primeiro a se recuperar", disse.
Mesmo com o primeiro trimestre complicado ao setor, o Lopes Filho afirmou que os empresários do setor mostram otimismo para uma recuperação no segundo trimestre.
Parcerias
Melhores negociações com a indústria também estão na pauta dos atacadistas.
"Sendo distribuidores exclusivos da indústria ou operações generalistas, todos devem se preocupar em alavancar as categorias dentro do ponto de venda", explicou o diretor de atendimento ao varejo da Nielsen, Olegário Araújo.
Hoje com 51,7% de participação no varejo, os atacadistas distribuidores e os cash & carry ou 'atacarejo' como são popularmente conhecidos, têm um novo papel na vida do consumidor. "Eles têm sido um dos canais escolhidos pelo consumidor para fazer as compras. Geralmente o consumidor opta pelo cash & carry para comprar itens em maior quantidade, o que traz economia nos gastos", explicou Araújo.
Pesquisa realizada pela Nielsen apontou que enquanto os hipermercados tiveram queda de 0,7% de participação na rotina do consumidor, os cash & carry despontaram como boa possibilidade, com mais de 9%. "Isso representa que o brasileiro procura o atacarejo para economizar", disse ele.
Ainda segundo dados apurados pela consultoria, as marcas regionais que operam no interior do País crescem duas vezes mais que os hipermercados de grandes players. "As redes de porte pequeno é médio foram as que mais se destacaram no setor", enfatizou Araújo.
Para ele, 2015 será um ano em que a execução de medidas no ponto de venda fará toda a diferença. "O trabalho da indústria de apoio ao varejo no ponto de venda é bem importante no período", disse.
Balanço
Segundo a associação dos atacadistas, o setor faturou R$ 211,8 bilhões em 2014. Hoje o segmento distribuidor movimenta 5% do Produto Interno Bruto do País e abastece mais de 1 milhão de pontos de vendas. "São farmácias, mercearias, mercadinhos de bairro que usam os atacados para se abastecer", disse o presidente da Abad, José do Egito Frota Lopes Filho.
Atualmente, a Região Nordeste é a que tem maior número de empresas que participam da entidade. Mas em termos de faturamento, a Abad apontou que o Sudeste corresponde a 44% do setor, seguido em importância pelo Nordeste com 28%, pelo Sul com 13%, pelo Centro-Oeste com 8% e pelo Norte do País com 7%.
Ranking divulgado pela entidade apontou o Makro como o líder do setor com faturamento superior a R$ 7 bilhões. Na sequência aparecem as redes regionais: Martins (MG); Profarma Distribuidora de Produtos Farmacêuticos (RJ); Grupo Mateus (MA); Tambasa (MG); Apoio Mineiro (MG), JC Distribuição (MG); Megafort Distribuidora (MG); Zamboni Comercial (RJ) e o Grupo Pegoraro (SC), entre as 10 principais. Vale ressaltar que o Assaí, do Grupo Pão de Açúcar (GPA), o Atacadão do Carrefour e o Maxxi Atacado, do Walmart, não fornecem dados para o ranking e não somam o faturamento do setor e nem participam do relatório.
Veículo: DCI