Alta do dólar auxilia exportação mas pressiona rentabilidade da safra 15/16

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Aumento do câmbio gerou efeitos diversos de acordo com cada cultura e os maiores devem vir com a compra de insumos para o próximo plantio; necessidade de importação afeta triticultura

 

 



A desvalorização do real, que tem auxiliado as vendas para o mercado externo, também pode ser a vilã da próxima safra. Isso porque a virada do câmbio deve pesar ainda mais nos custos de produção, reduzindo a renda do produtor rural.

Grande parte dos insumos utilizados na temporada de 2014/2015 foi adquirida em meados de julho do ano passado, enquanto a moeda norte-americana ainda não ultrapassava o patamar de R$ 3. Agora, além do aumento nas tarifas de energia, nos combustíveis e na remuneração dos trabalhadores, a importação de defensivos e fertilizantes chegará mais cara para a safra de 2015/ 2016 e a conta de diversas culturas pode não fechar.

Cenário adverso

"Na fruticultura nós já visualizamos este efeito pois o ciclo de produção é mais curto. Nas grandes culturas, como a soja, segue a tendência de queda ou estabilização, à espera da divulgação sobre área plantada nos Estados Unidos pelo USDA [Departamento de Agricultura dos Estados Unidos] e mesmo com a alta do dólar, os custos de produção fizeram com que a rentabilidade tivesse margens mais apertadas. Para quem vai plantar, o dólar vem como um acréscimo sobre estes custos, aí a rentabilidade vai ficar ainda mais pressionada", explica o coordenador de assuntos econômicos da Superintendência Técnica da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Renato Conchon.

Grãos

Para o presidente da Câmara Setorial da Soja, Glauber Silveira da Silva, o câmbio não conseguiu compensar toda a queda do preço no mercado internacional. Mesmo com ganho na moeda americana, estima-se que o preço final ainda esteja 10% menor ante 2014.

"O resultado é positivo apenas para quem pegou custeio em reais. O produtor que pegou US$ 1 milhão em financiamento precisará de 50 mil sacas para pagar, sendo que em 2014 precisaria de 40 mil. Vale lembrar, claro, que sem o câmbio alto seria ainda pior", diz.

No milho, o efeito negativo tende a ser mais intenso, pois parte da produção será onerada pela moeda, mas a receita virá em real, pois é destinada no mercado interno para ração de aves e suínos.

Situações peculiares são vistas no algodão, trigo e café.

A cotonicultura foi beneficiada. A matéria-prima internacional mais cara limita a importação por parte das indústrias têxteis, que devem direcionar a demanda para o produto doméstico. "Fizemos um estudo e o câmbio até R$ 3 tem um impacto de 25% no custo do algodão, por outro lado, temos um efeito direto, de igual tamanho, na receita. Cerca de 60% do nosso desembolso é com insumos, mas o dólar alto mais ajuda do que atrapalha", afirma o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), João Carlos Jacobsen.

Além de pautar o preço internacional, no trigo, o câmbio leva o produtor a aumentar o valor interno e como o produto representa entre 60% e 65% dos custos de produção da farinha, é possível mensurar o impacto da alta, conta o presidente do Moinho Pacífico, Lawrence Pih.

Segundo o presidente da Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé), Carlos Paulino, no café, o avanço da moeda americana somado à redução da oferta, por conta da quebra de safra deixada pela seca, fez com que os preços da commodity saltassem a quase R$ 500 por saca.

Carnes


Apesar de afetar os gastos da cadeia produtiva, o dólar favorece as carnes, que buscam expansão nas exportações. O bovino segue próximo de abertura para in natura nos Estados Unidos e para aves e suínos, o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra, avalia que o patamar ideal estaria entre R$ 3 e R$ 3,2.




Veículo: DCI


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