Especialistas projetam saldo negativo de US$ 6 bi da balança no 1º trimestre

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Déficit pode ocorrer caso não haja melhora nas exportações de produtos relevantes da pauta brasileira, como de soja e petróleo; somente no mês de fevereiro, saída foi de US$ 2,8 bilhões

 


O saldo do comércio exterior brasileiro pode fechar o primeiro trimestre negativo em cerca de US$ 6 bilhões, caso não haja uma melhora nas exportações de produtos importantes da pauta brasileira, como de soja e petróleo, segundo afirmam especialistas. Além disso, eles ressaltam que os Estados Unidos serão o "mercado da vez" para as exportações deste ano, não somente por parte do Brasil, como de outros países.

No acumulado dos dois primeiros meses de 2015, a balança comercial do País já registra déficit de US$ 6, 016 bilhões, uma pequena melhora, no entanto, em relação ao mesmo período do ano passado, quando o saldo do comércio foi negativo em US$ 6,190 bilhões. Segundo divulgação do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), realizada ontem, a balança comercial de fevereiro também fechou com déficit, dessa vez, de US$ 2,842 bilhões. O resultado é o pior para meses de fevereiro desde o início da série histórica, em 1995.

No mês, a receita das exportações alcançou US$ 12,092 bilhões, uma retração de 15,7% em relação a fevereiro de 2014, e um crescimento de 2,9% em relação a janeiro deste ano. Já as importações totalizaram US$ 14,934 bilhões em fevereiro e sobre igual período do ano anterior, registraram queda de 8,1%, e alta de 3,2% sobre janeiro de 2015.

No mesmo período, a corrente de comércio alcançou valor de US$ 27,026 bilhões, queda de 11,7%, em relação a fevereiro do ano passado.

O presidente da Associação Brasileira de Comércio Exterior (AEB), José Augusto de Castro, esperava um déficit menor do que os US$ 2,842 bilhões registrados em fevereiro, por conta dos dias úteis a menos do mês. Enquanto fevereiro deste ano contou com 18 dias úteis, o mesmo mês de 2014 teve 21, período em que o saldo negativo do comércio exterior foi de US$ 2,12 bilhões.

O ministro do Desenvolvimento, Armando Monteiro, atribuiu o fraco desempenho ao atraso nos embarques da soja e ao impacto da queda de preços de algumas commodities. No entanto, garantiu que 2015 irá fechar com superávit, devido ao "câmbio mais favorável à exportação, mudanças na política comercial, retomada do comércio com os Estados Unidos e um volume alto de embarques de soja"

O diretor de Estatística e Apoio à Exportação do MDIC, Herlon Brandão, afirmou que a menor média diária das exportações pode também ter relação com os protestos dos caminhoneiros, mas pondera que ainda é cedo para avaliar os efeitos da paralisação.

Soja

Castro pontua que a greve dos caminhoneiros também está ajudando a segurar o preço da soja e que, apesar disso ajudar as exportações, é um fator pontual. O preço da commodity esteve cotado em US$ 398,5 por tonelada em fevereiro deste ano. Enquanto no mesmo mês do ano passado, o preço da soja era de US$ 496,8, também por tonelada.

Os embarques do grão também tiveram queda na comparação entre os meses. No mês passado, o Brasil embarcou 868 mil toneladas de soja, ao passo que, em fevereiro de 2014, a quantidade exportada foi de 2,789 milhões de toneladas. Para ele, é necessário elevar as vendas externas tanto da soja, como de outros produtos importantes da pauta brasileira, para não fecharmos o primeiro trimestre de 2015 com saldo negativo de US$ 6 bilhões no comércio exterior.

"O único produto que está ajudando a reduzir as perdas em nossas exportações são as vendas de petróleo, que aumentaram em quantidade. Em fevereiro do ano passado, o Brasil exportou 318 mil toneladas. E no mesmo mês deste ano, essa venda aumentou para 2,484 milhões de toneladas", informa o presidente da AEB.

Apesar disso, Castro não vê muitas saídas para balança comercial brasileira. "Os preços de praticamente todas as commodities estão caindo. Até mesmo do café, que vinha resistindo. Em fevereiro do ano passado, o preço do café estava em US$ 205 por saque de 70 quilos. Já em fevereiro de 2015, o preço do café foi para US$ 196,6 por saque de 70 quilos. É uma queda pequena, mas a tendência é que os preços continuem caindo ao longo deste ano", acrescenta o especialista.

Para ele, os Estados Unidos são o "mercado da vez" para exportar. As vendas externas para o país cresceram em 2,4% no mês passado, sendo a única região compradora para a qual as nossas exportações tiveram crescimento. Para todos os outros mercados, as vendas externas brasileiras caíram.

Segundo Castro, a tendência é que a receita exportada pelo Brasil aos EUA cresça durante este ano. "O mercado norte-americano não é um mercado de commodities. É um mercado de manufaturados, por isso é possível crescer as exportações para lá", explica.

"Apesar disso, infelizmente, o aumento das vendas de industrializados aos EUA, não irá compensar a grande queda das exportações de commodities, que representam 65% da nossa pauta de exportação, enquanto os manufaturados 35%", complementa o especialista.



Veículo: DCI


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