O presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, reafirmou ontem que trabalha para trazer a inflação para a meta de 4,5% em 2016. Mas pela primeira vez foi específico em determinar o mês em que pretende cumprir esse objetivo: dezembro de 2016.
Mais do que simples detalhe de linguagem, a data precisa representa uma comunicação mais firme de determinação do BC em manter uma política monetária contracionista o suficiente para trazer a inflação para o centro da meta. Desde o início desse ciclo de aperto monetário, em abril de 2013, o BC vinha se referindo genericamente à intenção de "colocar a inflação na tendência de convergência à meta".
"Tenho comunicado que nosso objetivo é trazer a inflação para o centro da meta em dezembro de 2016", disse em café de confraternização com jornalistas.
Agora em 2014 e também em 2015, a inflação vai "passar por debaixo do limite superior, vai ficar abaixo de 6,5%".
Segundo Tombini, a baixa no preço da energia gera forte volatilidade nos mercados, como visto nos últimos dias, mas não representa apenas desafios.
Como o Brasil é um importador líquido de petróleo, cotações mais baixas podem favorecer a balança comercial. Além disso, a energia mais barata pode ter repercussões positivas sobre a inflação.
Segundo Tombini, desde que sustentados os atuais níveis de preço entre US$ 55 a US$ 60 o barril, o Brasil teria um beneficio do ponto de vista da balança comercial de algo entre US$ 5 bilhões a US$ 10 bilhões. "Pra não dizer que só há desafios neste processo tem esse aspecto favorável dos preços do petróleo. E tem também o aspecto de controle da inflação", disse.
O presidente também voltou a falar que as políticas do país estão sendo ajustadas para o processo de normalização da política monetária americana e para esse quadro de maior volatilidade.
"Temos nos preparado. As políticas vêm sendo adequadas no país. A política monetária para trazer a inflação para o centro da meta e a política fiscal vem sendo fortalecida", disse.
Além disso, ele lembrou que o país tem usado seu colchão de liquidez e que a proteção oferecida pelos swaps cambiais, com estoque de mais de US$ 100 bilhões, é cumulativa. "Isso dá um nível de proteção que se tinha antes. Não é cada momento uma nova história", disse, apontando que os detalhes do programa de swap que vai vigorar em janeiro saem "em breve".
Ainda de acordo com Tombini, o Brasil se prepara e vai se preparar um pouco mais para enfrentar momentos de incerteza. Como exemplo ele voltou a citar Rússia, que viu forte queda no preço da sua moeda.
Em um primeiro momento, explicou Tombini, a classe de ativos emergentes é afetada e há uma reprecificação. Depois há um processo de diferenciação, e aqueles que têm políticas mais fortes, colchões e capacidade de se defender vão sendo separados e o preço dos ativos nos mercados vão refletir isso.
"Estamos em um momento de acertos da economia. A política monetária trabalhando, atuando, o nosso colchão de reservas também oferece proteção para a economia como um todo e tem a expectativa de uma consolidação na área fiscal", disse.
Veículo: Valor Econômico