Natal é esperança em um ano ruim para o varejo

Leia em 4min 10s

Vendas no varejo em Belo Horizonte cresceram menos que o esperado nos dias comemorativos deste ano em relação a 2013. Aposta agora é de volta do volume de consumo em dezembro

 

 



Se fosse uma partida de futebol, o time da casa estaria perdendo por 3 a 0, com forte possibilidade de levar mais dois gols. A metáfora é uma alusão à comparação da expectativa de vendas do varejo de Belo Horizonte com o volume real negociado pelos comerciantes nas principais datas do calendário do setor neste ano. Para o Dia das Mães, por exemplo, a Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL-BH) estimou um aumento de pelo menos 1,99% em relação ao mesmo período de 2013, mas o percentual consolidado ficou em apenas 0,38%. Para o Dia dos Namorados, esperava-se uma alta de no mínimo 1%, contudo, o resultado foi de 0,18%. Para o Dia dos Pais, respectivamente, os números foram 1% e 0,81%.

As outras duas datas importantes para o varejo são o Dia das Crianças, cujos dados ainda não foram consolidados, e o Natal. É bom lembrar que, apesar de as três primeiras previsões não terem sido atingidas, houve um crescimento, ainda que moderado. Portanto, destaca Iracy Pimenta, economista da CDL-BH, “é forte dizer que 2014 é um ano perdido para o comércio da capital”. Mas ela enfatiza: “Está sendo um ano de fraco aumento no volume de vendas”.

Antes mesmo do fim do primeiro semestre, a CDL-BH reviu para baixo a previsão de aumento de vendas ao longo do ano. “De 3,5% para algo entre 2% e 2,5%”, lamentou Iracy Pimenta. Os números mostram que este ano está sendo difícil para os lojistas da cidade. Tanto é assim que o primeiro semestre de 2014 foi o pior dos últimos cinco anos em volume de vendas para o setor.
De janeiro a junho deste ano, as vendas subiram 1,9% no varejo da capital, abaixo dos percentuais apurados em igual período acumulado nos anos de 2013 (3,99%), 2012 (6,75%), 2011 (6,06%), 2010 (6,1%) e 2009 (3,9%). O mesmo cenário ocorre em outras capitais. Uma das justificativas para o pequeno aumento nas vendas nas datas comemorativas deste exercício é a alta do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e considerado a inflação oficial do Brasil.

No início do ano, a equipe econômica do Palácio do Planalto avaliou que o indicador no acumulado do ano ficaria em 4,5%, sendo o teto da meta 6,5%. Entretanto, o IPCA dos últimos 12 meses, encerrados em setembro, mostra que a inflação nesse acumulado está em 6,75%. Para se ter uma ideia, há um ano, a inflação no acumulado dos 12 meses anteriores fechou com alta de 5,86%. Portanto, o indicador atual está 15,18% acima.

   
“Mesmo com o aumento da inflação, a gente esperava melhor desempenho nas vendas pelo menos nos períodos das datas comemorativas, em função do apelo emotivo. Infelizmente, a inflação corroeu a capacidade de compra dos consumidores”, lamentou Iracy. A forte estiagem que assola o país e que afetou a produção de alimentos é uma das principais causas da disparada do IPCA de lá para cá. Só no acumulado dos nove primeiros meses deste ano, o preço do quilo da alcatra subiu 9,43% na capital mineira. O de alguns ingredientes para um bom tempero disparou ainda mais, como o da cebola (32,89%).

SELIC Foi em razão das altas nos preços que o Banco Central decidiu, na quarta-feira passada, elevar a Selic, a taxa de juro básica do país, em 0,25 ponto percentual, atingindo 11,25% ao ano. O indicador está bem acima da taxa de março do ano passado (7,25%), a mais baixa da história. A estratégia é frear o consumo, forçando redução nos preços e queda na inflação, uma vez que o crédito fica mais caro. O aumento do juro nos últimos meses levou as famílias da capital a planejar mais seus gastos. É o que indica um levantamento da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio). Em março deste ano, 69,3% dos entrevistados disseram que planejam o orçamento.

O percentual subiu para 81,9% em outubro. O mesmo estudo concluiu que o total de consumidores que não planejaram as finanças caiu de 30,7%, em março, para 18% em outubro. “Indica uma mudança nos hábitos de consumo, que, em longo prazo, ampliará o poder de compra do consumidor. Porém, falta ao consumidor executar esta intenção com maior rigor”, adverte Gabriel Ivo, economista da Fecomércio. Na pesquisa coordenada por ele, chamou atenção o universo de respostas dos consumidores que disseram que precisam recorrer a algum tipo de financiamento (cheque, cartão etc.) para cobrir os gastos: de 1,5% dos entrevistados em setembro para 38,4% em outubro.



Veículo: Estado de Minas


Veja também

AB Inbev lucra 2,32 bilhões de euros no 3º trimestre

O lucro líquido da AB Inbev subiu 4,97% no terceiro trimestre de 2014 na comparação com o mesmo per...

Veja mais
IBGE: alimentos sobem 0,52% dentro do IPP de setembro

Os preços dos alimentos subiram 0,52% na porta de fábrica em setembro, a segunda taxa positiva consecutiva...

Veja mais
Preços sobem em 16 setores da indústria, diz IBGE

A indústria da transformação registrou aumento de preços na porta de fábrica em 16 da...

Veja mais
Controle de preços derruba saldo da balança comercial

Pela medida convencional de câmbio real houve uma desvalorização superior a 25% desde agosto de 2011...

Veja mais
Via Varejo tem lucro líquido de R$ 5,2 bilhões no 3° trimestre

A Via Varejo - holding que administra as redes Casas Bahia e Ponto Frio - teve lucro líquido no terceiro trimestr...

Veja mais
Como vão ficar os juros ao consumidor com a alta da Selic

Embora o efeito seja considerado mínimo, o consumidor deve ficar atento e pesquisar antes de fechar negóci...

Veja mais
Alta dos juros mostra preocupação com inflação, diz Apas

A alta dos juros evidencia preocupação com uma inflação mais elevada e persistente no cen&aa...

Veja mais
Juros altos encarecem o Natal dos brasileiros

Elevação da Selic para 11,25% ao ano mantém escalada das taxas que pesam no bolso dos consumidores....

Veja mais
Alimentação puxou preço ao consumidor no IGP-M, diz FGV

A principal contribuição para a aceleração registrada no Índice de Preços ao C...

Veja mais