Comerciantes pessimistas com Dia dos Pais

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Alegação é que conjuntura econômica e fatores locais, como a falta de estacionamento, são prejudiciais às vendas



O efeito corrosivo da inflação na renda do consumidor e a alta dos juros, favorecendo o endividamento e a inadimplência, são os dois principais fatores que podem afetar negativamente o comércio varejista de Belo Horizonte no Dia dos Pais. Pesquisa realizada pela Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH) no período de 10 a 15 de julho apontou que a maioria dos comerciantes (45,45%) está pessimista. Além da conjuntura econômica, fatores locais, como a falta de estacionamento, foram indicados como prejudiciais às vendas.

"O consumidor está sendo afetado pela inflação e pelos juros altos, que podem gerar endividamento", indica o vice-presidente da CDL-BH, Marco Antônio Gaspar. Segundo ele, se não fosse a manutenção do nível de emprego nos patamares atuais, a previsão da entidade para o comércio no Dia dos Pais, de crescimento entre 1% e 2,5%, seria ainda mais baixo, com perspectiva de queda. A pesquisa indicou que somente 33,3% dos comerciantes esperam vendas melhores e 21,21% iguais às do ano passado.

Além de um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) projetado pelo mercado abaixo de 1% neste ano, Gaspar também chama atenção para as eleições gerais em outubro, "que travam as compras governamentais", afetando todo o mercado. Pelas suas contas, as restrições aos negócios do poder público nessa fase que antecede as eleições devem representar algo em torno de 40% do PIB, diminuindo ainda mais a circulação da moeda.

Além das indefinições macroeconômicas, Gaspar ressalta que fatores locais, como a falta de estacionamento, têm afetado negativamente o comércio de rua. "Os shoppings estão relativamente bem, com um desempenho estável. Mas os comerciantes de regiões como o hipercentro e a Savassi, por exemplo, têm enfrentado muita dificuldade", informou. Seja por falta de vagas para os veículos ou pela queda de movimento em locais antes freqüentados por usuários de ônibus, agora substituídos pelo Move.

Uma parcela significativa de comerciantes (54,29%) indicou a inadimplência e a inflação como prejudiciais às vendas. Um grupo menor (8,57%) atribui a dificuldade à concorrência, enquanto outros indicam as obras (8,57%). Logo depois vêm a falta de estacionamento (5,71%); feriados/férias antecipadas (5,71%); insegurança (2,86%); manifestações (2,86%). Para 5,71% dos entrevistados, nada deve atrapalhar as vendas do Dia dos Pais. Outros 5,71% não souberam opinar.

Outros fatores, no entanto, podem contribuir com as vendas no período. Para 26,67% dos empresários, a mudança de estação e a chegada de produtos novos são bons atrativos. Para 23,33%, as liquidações de inverno vão ajudar o desempenho do comércio, enquanto 16,67% apostam nas promoções e liquidações. O fim da Copa do Mundo foi indicado por 13,33%. Outros apontaram o bom atendimento (6,67%); mercado de trabalho aquecido (3,33%); e divulgação do estabelecimento (3,33%). Segundo 3,33% dos entrevistados, nada deve ajudar as vendas do Dia dos Pais. Outros 3,33% não souberam opinar.

Tíquete médio - Para 56,92% dos entrevistados na pesquisa realizada pela Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte, o tíquete médio não deve ultrapassar a faixa de R$ 75,00. Um número mais reduzido de comerciantes (23,08%) espera vendas entre R$ 75,01 e R$ 100, enquanto 13,85% projetam entre R$ 100,01 e R$ 150. Uma parcela bem reduzida, de 3,08%, acredita em tíquetes entre R$ 150,01 a R$ 200; enquanto 1,54% aposta em compras entre R$ 200,01 e R$ 300. Outros 1,54% preveem tíquete acima de R$ 400.

Considerando o valor do tíquete, a maioria dos empresários (81,63%) acredita que a forma de pagamento que mais será utilizada pelos consumidores neste Dia dos Pais será o dinheiro. Em segundo lugar, aparece o parcelado no cartão, na opinião de 11,22% dos entrevistados. As demais formas são: parcelado no carnê/crediário (5,1%); à vista no cartão de crédito (1,02%) e parcelado no cartão da própria loja (1,02%). Entre os lojistas que esperam compras a prazo, a maior parte deles (44,68%) acredita que o consumidor dividirá o valor da compra em três vezes.




Veículo: Diário do Comércio - MG


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