Marfrig está mais otimista

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O principal executivo da Marfrig, Sérgio Rial, disse, em entrevista antecipada pelo Valor PRO, serviço em tempo real do Valor, estar otimista em relação ao resultado "do quarto trimestre do ano e dos outros trimestres" da empresa. "Estamos confiantes em bater o guidance de 2013 sem qualquer problema", afirmou o executivo.

À frente da Marfrig desde novembro do ano passado, Rial disse que "2013 foi o ano mais desafiador em 31 anos de carreira", mas que a empresa de carnes hoje "é muito melhor do que era em 2012".

Com alavancagem elevada, a Marfrig vendeu a Seara Brasil e a Zenda para a JBS em junho deste ano por R$ 5,85 bilhões, numa operação envolvendo assunção de dívidas pela JBS. Por enquanto, porém, a Marfrig ainda não conseguiu melhorar de forma significativa seu índice de alavancagem. A empresa encerrou o terceiro trimestre com um índice de alavancagem (relação entre dívida líquida e Ebitda do terceiro trimestre anualizado) de 4,4 vezes e registrou um prejuízo líquido de R$ 194,1 milhões.

Rial reafirmou que a Marfrig não deve vender mais ativos para melhorar seus resultados. "Não existe possibilidade de vender ativos neste momento em que temos de entregar valor. Vender seria a não crença no modelo de valor que aportamos", garantiu, referindo-se ao plano, anunciado em outubro, de reforçar as operações internacionais da empresa.

O guidance que o executivo acredita que a Marfrig vai cumprir é de um faturamento de R$ 18,5 bilhões em 2013, aumento de 12% sobre o ano passado, e uma margem Ebitda de 7,5%. Para conseguir esse desempenho no ano, a Marfrig precisará registrar uma receita líquida de R$ 4,726 bilhões e uma margem Ebitda de 7,7% neste quarto trimestre, que está prestes a terminar.

Mas até agora, as medidas tomadas pela Marfrig para se desalavancar e os planos de reforçar suas operações internacionais - Moy Park e Keystone - parecem não ter surtido efeito entre os investidores na BM&FBovespa. Desde 7 de junho - um pregão antes do anúncio da venda da Seara - até a última sexta-feira, as ações da companhia recuaram 46,98%, para R$ 3,95.

De acordo com Rial, as perdas refletem o cenário macroeconômico - o Ibovespa cai 17,88% no ano - e a saída de um grande fundo investidor do capital da empresa, muito mais que os fundamentos da Marfrig. "No último trimestre do ano, há menor propensão a abarcar ativos brasileiros e houve a saída de um investidor importante num momento em que há pouca demanda por ação", afirmou Rial. Ele citou ainda a atuação de fundos "que buscam volatilidade".

O executivo disse que o portfólio da Marfrig hoje "está bem posicionado para capturar ganhos", pela atuação em economias que dão sinais de recuperação, como o Reino Unido e Estados Unidos. A Marfrig é dona da Moy Park, no Reino Unido, e da Keystone, que tem operações nos EUA e na Ásia.

Na avaliação de Sérgio Rial, o desempenho dos bonds da Marfrig, mostram que não há desconfiança por parte do investidor. Na sexta-feira, os bônus da empresa com vencimento em 2017 eram cotados a 98,75% do valor de face, com rendimento de 10,29% ao ano. Já os papéis para 2018, eram cotados a 91,125%, rendimento de 10,97% e os com vencimento em 2020, a 93,90% do valor de face, com rendimento de 10,843%.

Dizendo ter "obrigação de entregar um quarto trimestre melhor, mas não ter garantia" de que isso vai acontecer, Rial afirmou que a área internacional da empresa está mostrando bom desempenho. "A Moy Park está dando sinais fortes, e as exportações da Marfrig Beef estão crescendo", observou. Segundo ele, a perspectiva de um dólar mais forte no próximo ano é "muito boa para a Marfrig". Atualmente, a empresa obtém 65% de sua receita em moedas estrangeiras - por meio de exportações ou operações que a companhia tem fora do Brasil.

O executivo reconheceu que a ainda há "muito por fazer" na Marfrig, mas ter "o sentimento de que foi feito algo". E garantiu: "por enquanto as ações ainda não refletem, mas vão refletir" as medidas.



Veículo: Valor Econômico


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