Ambev diversifica incentivo à cevada no RS

Leia em 2min 40s

Depois da quebra da safra de cevada no ano passado em função de problemas climáticos no Sul do país, a Ambev decidiu oferecer três formas de remuneração aos produtores para ampliar a aquisição local do insumo em 2013. A meta é aumentar a área contratada de 66 mil para 80 mil hectares na região, o suficiente para produzir 170 mil toneladas do produto e suprir cerca de 70% da demanda por matéria-prima das fábricas de malte cervejeiro da empresa em Porto Alegre e Passo Fundo, no Rio Grande do Sul.

Neste ano, os produtores e cooperativas que negociarem a venda da safra para a Ambev poderão optar, no momento da assinatura do contrato, pela tabela estabelecida pela empresa ou adotar como referência a cotação do trigo na Bolsa de Chicago. A terceira possibilidade é vender parte da produção com preço fixo e parte pelo valor variável.

Segundo o diretor agroindustrial Marcelo Otto, o modelo já é empregado na aquisição de cevada no Uruguai e na Argentina, onde a Ambev também tem maltarias. "É uma inovação para captar bons produtores, mais modernos e mais qualificados", disse o executivo. Conforme o engenheiro agrônomo Dércio Oppelt, 70% da área prevista já foi contratada e, com a volatilidade do preço das commodities, metade foi negociada pela tabela e metade pela combinação entre valor fixo e variável.

Otto explicou que o fornecedor que optar pela cotação da bolsa americana pode "travar" o preço a qualquer momento entre a assinatura do contrato e a entrega do produto (entre novembro e dezembro), ao mesmo tempo em que a Ambev faz uma operação de "hedge" em Chicago para se proteger da oscilação. De acordo com ele, a mudança é mais um passo da companhia para atingir a autossuficiência de suprimento de matéria-prima local para as duas maltarias gaúchas.

Conforme Oppelt, na terça-feira Chicago pagava R$ 25 a mais por tonelada para o produtor do que a média das quatro faixas fixas de preço praticadas pela empresa na região, incluindo o sul, o planalto médio e o norte do Rio Grande do Sul, além do Paraná. Ele não revelou o valor pago pela companhia, mas no planalto gaúcho o valor chega a R$ 510 por tonelada posta na maltaria de Passo Fundo. Neste caso, a vantagem para o produtor que optou pela referência na bolsa americana estava em cerca de R$ 13 por tonelada na terça-feira.

No ano passado, com problemas climáticos como geada, granizo e excesso de chuva, a Ambev recebeu apenas 40 mil toneladas na região Sul, bem abaixo das 150 mil toneladas esperadas para o período. As duas maltarias no Rio Grande do Sul consomem 240 mil toneladas do insumo para produzir 200 mil toneladas de malte cervejeiro por ano. A diferença vem da Argentina, onde a empresa conta com um excedente de quase 400 mil toneladas anuais da matéria-prima em relação à capacidade da maltaria local.

Além da área negociada na região Sul, que envolve cerca de 2,5 mil produtores direta e indiretamente, a Ambev tem um contrato com a Cooperativa Agrária, do Paraná, que neste ano produzirá malte para a empresa a partir de matéria-prima obtida em 37 mil hectares, ante 33 mil hectares em 2012.



Veículo: Valor Econômico





Veja também

PepsiCo é acusada de usar insumo ligado a câncer

O Center for Environmental Health (CEH), uma organização ativista americana, diz que a PepsiCo continua us...

Veja mais
Concurso avalia vinhos do país

Cerca de 30% dos rótulos inscritos na edição brasileira da competição de Bruxelas, em...

Veja mais
Coca-Cola, Itaú e Brahma são as marcas mais lembradas

Coca-Cola, Itaú e Brahma são as marcas que veicularam propagandas relacionadas à Copa das Confedera...

Veja mais
Só bebidas salvam indústria em mês frustrante

Produção caiuem maio, derrubando as teorias de recuperação neste início de anoA produ...

Veja mais
Marca de suco quer faturar R$ 180 milhões

Empresa carioca aposta em produto 100% natural e fechou contrato para distribuição na rede Pão de A...

Veja mais
Depois da vodca, setor de bebidas aposta em uísque com sabores

Novidade, que mira mulheres e jovens, puxa avanço nas vendasOs produtores de bebidas alcoólicas ampliam co...

Veja mais
Femsa avalia novas aquisições no Brasil

Com R$ 5 bilhões em caixa, a mexicana Coca-Cola Femsa, maior engarrafadora da Coca-Cola do mundo, vai desembolsar...

Veja mais
Nos EUA, o avanço da cerveja artesanal

Microcervejarias detêm hoje mais de 10% da receita do mercado americano da bebidaDENISE CHRISPIM MARINAo som de ro...

Veja mais
Femsa compra empresa brasileira por R$ 978 mi

Maior engarrafadora de refrigerantes da Coca-Cola no mundo anunciou ontem a aquisição da Companhia Flumine...

Veja mais