Safra de EUA e Argentina aumenta concorrência no mercado de milho

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Para analistas, com aumento de disponibilidade do produto no estoque mundial, o preço deve cair para continuar competitivo e atender a demanda externa e dos pecuaristas brasileiros


São Paulo - A expectativa de uma supersafra americana, boa condição climática na Argentina e estoques cheios na China devem fazer com que os produtores de milho tenham maior concorrência para exportar o grão brasileiro na safra 2016/2017.
Segundo analistas, isso indica uma redução dos preços tanto no mercado internacional como doméstico e maior disponibilidade do milho para os pecuaristas brasileiros.

"Para o Brasil conquistar mercado, terá que haver um ajuste nos preços. Hoje, trabalhamos com patamares acima dos Estados Unidos", disse o pesquisador de Milho do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), André Sanches.
Sanches alerta que, apesar da quantidade maior do grão nos grandes países produtores, a diferença entre o consumo interno (55,5 milhões de toneladas) e a produção nacional (79 milhões de toneladas) estimada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) chega a quase 30 milhões, o que deve propiciar a venda no exterior.

"A expectativa de uma exportação intensa ocorre por conta do equilíbrio entre oferta e demanda", ressaltou o pesquisador do Cepea.
Para o presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Endrigo Endrigo Dalcin, tem qualidade superior aos dos concorrentes externos.

"O milho brasileiro é um milho mais duro e tem uma certa vantagem sobre o milho argentino e americano, o que atraí países importadores como Vietnã, Iran e Japão. Isso pode ser uma vantagem para não perder tanto mercado", ressaltou o executivo.
Neste cenário, a previsão da Aprosoja-MT para a 2ª safra de milho, entre, é de 23,2 milhões de toneladas.

2017
Na avaliação do presidente da Aprosoja-MT, a perspectiva é melhor para o ciclo 2016/2017.
"Estamos acelerados no plantio da safra de soja, o que vai possibilitar uma safra de milho lá na frente", disse.
Segundo ele, a exportação "já está acontecendo". Isso porque 17% da produção da próxima safra mato-grossense já está fechada para o exterior.
Para Dalcin, um entrave no próximo ano para o produtor de milho é a margem ganho. Com a valorização do real sobre o dólar e o encarecimento de defensivos e sementes, a remuneração será mais baixa.

"Temos uma dificuldade grande por conta do custo de produção, que chega a R$ 17. É difícil baixar o preço", pontua.
Para suprir a demanda interna, os estados de Goiás, Rio Grande do Sul e Paraná aumentaram sua área de plantação. No Mato Grosso, 42,27% da área de 9,3 milhões de hectares já foi semeada, segundo balanço do Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea).

Sorgo

Com o fenômeno climático El Niño, a quebra de safra no último ano se estendeu a outras culturas de grãos, como o sorgo e a soja. No próximo período, a previsão de meteorologistas é que o La Niña ofereça condições melhores para o desenvolvimento na agricultura.
Para os produtores de sorgo, pode ser uma oportunidade para ganhar espaço entre os pecuaristas brasileiros, já que, mesmo com rendimentos menores, a intensidade da exportação do milho deve se manter na próxima temporada.

Apesar de ser mais resistente a problemas climáticos, o sorgo é visto como um substituto do milho na ração animal
"Existe a perspectiva de aumentar a produção do sorgo, com chuvas mais regulares no Centro-Oeste e Sudeste e a aridez do Matobipa [Maranhão, Tocantins, Bahia e Piauí] mitigada", opina o presidente do Sindicato Nacional da Indústria de Alimentação Animal (Sindirações), Ariovaldo Zani.

A produção nacional de sorgo foi de 2,3 milhões de toneladas no período 2015/2016, retração de 500 mil toneladas frente as 2,8 milhões de toneladas da safra 2014/2015.
Para o presidente do Sindirações, a expectativa é de elevar a produção em até 50%. "O produtor está entusiasmado porque, com a quebra-de-safra, houve um aumento nos preços", disse.

Na sua avaliação, a maior oferta de cereal para ração animal deve aliviar os custos de produção dos pecuaristas em 2017. "A oferta de milho será generosa no próximo ano. Com safras cheias, a demanda menor, o que deve esfriar o preço. E o sorgo, que é um substituto do milho, também vai cair", disse Zani.

De acordo com o presidente do Sindirações, a migração do milho pelo sorgo só é vantajosa quando a cotação do sorgo estiver em até 80% do milho, por conta do nível menor de proteínas do grão.

Fonte: DCI


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