Café: Estoque deve ser o menor da história em 2016

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Reservas brasileiras foram afetadas por quebras de safra nos últimos anos; indicadores mantêm pouca movimentação por conta da redução na demanda do hemisfério norte, que está no verão

Levantamento do Conselho Nacional do Café (CNC) indica que, em meados de março do ano que vem, os estoques de passagem da commodity devem atingir a mínima histórica no Brasil. No entanto, a notícia ainda não afetou os mercados, um dos motivos é a redução na demanda externa.

Considerando o saldo entre o consumo interno, as exportações e reservas anteriores, em 31 de março de 2016 o estoque pode chegar a cerca de seis milhões de sacas. Segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), até o momento, o patamar mais baixo de café armazenado foi visto em 2012, 8,4 milhões de sacas.

Divulgado na última sexta-feira (28), o estudo mostra que o País ainda terá condições de honrar seus compromissos com os mercados internacional e doméstico, apesar da produção afetada pela seca nos últimos anos que colaborou para a redução nas reservas. "O estoque de passagem de 2016 será, certamente, o mais baixo de toda a história cafeeira do País", enfatiza.

Na mesma semana, a Conab divulgou uma análise dos estoques privados de café referentes a 31 de maio deste ano. De acordo com a estatal, o Brasil possuía 14,36 milhões de sacas de 60 kg em seus armazéns, uma queda de 5,58% ante as 15,21 milhões de sacas registradas no comparativo anual.

Impactos

"O mundo ainda não está sentindo a falta física desse produto porque é verão no hemisfério norte e a demanda fica mais curta. Os estoques de lá estão mais confortáveis [para o processamento da bebida]. Hoje, você tem um mercado mais preocupado com a situação financeira", avalia o analista da consultoria Safras & Mercados, Gil Barabach.

O principal motor dos indicadores tem sido o câmbio. O especialista destaca que a moeda norte-americana tem se valorizado "com força" sobre países emergentes e/ou grandes produtores de café - como o real, do Brasil, e o peso, da Colômbia. "Vemos o preço internacional em queda, mas na moeda local não muda muito pelo incremento do câmbio nas exportações. Com isso, o mercado anda de lado, mesmo considerados os estoques baixos e uma estimativa de safra pequena para o maior produtor global [Brasil] ", diz.

A coordenadora da assessoria técnica da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Aline Veloso, confirma que o preço ainda não reflete as situações tanto dos estoques quanto da produção.

Safra cafeeira

Os cafeicultores mineiros são responsáveis pela produção de 50% do tipo arábica no Brasil. "Neste ano, tivemos menos chuva entre os meses de janeiro e fevereiro, quando acontece o enchimento do grão. Estamos no meio da colheita, que acaba em setembro, e já é possível estimar quebra entre 20% e 30% na safra", projeta Aline.

A coordenadora explica que grãos menores de café significam prejuízo na produtividade e, consequentemente, no preço pago pelo produto.

Para 2015, analistas ouvidos pelo DCI estimam o consumo doméstico de café em 20 milhões de sacas e exportações em 32 milhões de sacas. Em contrapartida, as expectativas de produção vão de 44 a 50 milhões de sacas de 60 kg. "Mesmo assim, precisamos aguardar o fim da colheita", completa Aline.



Veículo: Jornal DCI


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