Agricultor cria primeiro café orgânico em cápsulas do Distrito Federal

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                                               Para uma população que procura cada vez mais produtos saudáveis à mesa, o agricultor brasiliense se especializa no cultivo de vegetais sem agrotóxicos e com o uso de tecnologia de ponta. E usa formas criativas a fim de fugir da crise.

Muito antes de a comida sem agrotóxico virar uma tendência, o cafeicultor Márcio Jório decidiu que qualquer veneno passaria longe da lavoura. Agora vai além: lança no mercado a primeira cápsula de café orgânico certificado do Distrito Federal. Dono de uma pequena chácara de verduras e legumes cultivados sem produto químico, José Pinheiro precisava ampliar os ganhos e o número de clientes. Aumentou em 50% a renda ao entregar parte da colheita diretamente para o consumidor. Longe dali, o agrônomo Jean Phillippe abandonou a pecuária e migrou para o cultivo de vegetais orgânicos. A meta? Oferecer o produto o ano inteiro, um grande desafio para os pequenos agricultores do setor.

Os três produtores não se conhecem, mas, cada qual a seu jeito, constroem no dia a dia uma história de vanguarda. Não desconsideram a crise. Entretanto, superam as dificuldades colocando em prática as novas tecnologias aliadas à sabedoria dos antepassados para se reinventar num mercado competitivo, especialmente para os pequenos. No Distrito Federal, a terra vale ouro. Com um território de 578.280 hectares, somente 345.501 mil são agricultáveis. Aumentar a produtividade sem ampliar a gleba é o objetivo perseguido pela maioria. O Correio conta histórias inspiradoras de quem sobrevive da roça e alimenta o ideal de colocar à mesa alheia produtos saudáveis.

O cafeicultor Márcio Jório entrará para a história do Distrito Federal como o primeiro produtor de café orgânico certificado vendido em cápsulas. Ao agregar valor ao produto, a expectativa dele é aumentar os rendimentos em 50%. “Com a correria da rotina e a praticidade das cápsulas, a demanda é crescente”, diz. A fim de embalar o café para máquinas de expresso, Márcio Jório envia o produto para uma multinacional portuguesa situada em Ribeirão Preto (SP). A empresa também passou por um processo de certificação pelo IBD Certificações para encapsular o produto. “Isso garante que o meu café não seja contaminado com outro. Todas as máquinas são limpas antes de eles iniciarem o procedimento”, explica Jório.

Cuidados
A inovação é acompanhada de outros caprichos que tornam o produto mais especial. Até ser envasado em cápsulas, os grãos percorrem um longo e cuidadoso caminho. Dos 2 mil pés de café nascem sementes cultivadas sem qualquer produto químico. A lavoura, iniciada há quase 20 anos, é adubada com estercos naturais e rende 20 sacas por hectare. É bem menos do que plantio convencional — com agrotóxico colhe-se, em média, no Brasil entre 30 e 60 sacas por hectare. Mesmo com projeto de aumentar a produtividade, Márcio Jório não tem meta estipulada. A prioridade dele é manter o cultivo orgânico e tirar do solo o melhor resultado possível.

Na pequena agroindústria montada na propriedade, no Lago Oeste — distante pouco mais de 40km da Praça dos Três Poderes, o rejeito vira proteção para a terra e alimento para as plantas. A poda dos pés e a casca do café, são moídos e voltam para o solo. A escolha do grão a ser processado é manual, exatamente como se cata o feijão. Só vão para a torra os de primeira qualidade. O ponto de queima é ao gosto do produtor. Nem mais, nem menos. No máximo, dependendo do cliente e da quantidade da encomenda, Márcio Jório regula a máquina e entrega o pó com diferentes granulações.

Para garantir um sabor diferenciado, o agricultor investe em outra técnica: a do descansado. “Após a secagem, eu ensaco os grãos com a casca por um ano. Durante esse tempo de descanso, o grão absorve os açúcares naturais presentes na poupa. E isso reduz a acidez da bebida”, explica. Apaixonado por café, Márcio Jório compara a degustação da bebida à do vinho. E mostra como o preparo do mesmo café proporciona diferentes sabores para diferentes momentos do dia (Assista ao vídeo na internet).

 

Veículo: Jornal Correio Braziliense


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