Só a pasta não basta

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                                 A italiana Barilla conquista a liderança entre as massas secas no Brasil, dois anos após o início da fabricação de produtos a base de ovos.



Entre os dias 18 e 19 de junho, o chef Paulo Turziani era o único brasileiro presente na quarta edição do Pasta World Championship, um torneio anual realizado pela fabricante italiana de massas Barilla em Parma, na Itália, para promover a cultura gastronômica do país. Neste ano, 21 profissionais de diferentes partes do mundo tiveram de usar a criatividade para elaborar um prato de pasta que custasse menos de € 10 (cerca de R$ 35). Seu colega Daniel Evangelista, responsável pela cozinha do restaurante Peperoncino, na Turquia, foi o vencedor com um tortiglioni com flocos de queijo cottage e flores.

“Ele surpreendeu o júri e conseguiu fazer o cottage em menos de 30 minutos”, diz o chef brasileiro. Ao contrário do que costuma fazer no Brasil, Turziani não era um dos concorrentes ao prêmio (não havia nenhum representante nacional na competição, apesar de toda influência italiana no País). Como um dos principais cozinheiros da empresa no mundo, Turziani estava na posição de jurado. No ano que vem, ele espera ver algum brasileiro à frente das panelas. A relevância do Brasil para a indústria de massas não é desprezível.

Terceiro maior mercado em faturamento, com US$ 2,2 bilhões em vendas no ano passado, atrás apenas da Itália e dos Estados Unidos, respectivamente, o País é um dos únicos em que os macarrões feitos a base de ovos, com trigo tenro, supera o chamado grano duro – 76% de todo o volume comercializado têm essas características. Até três anos atrás, a Barilla estava fora desse filão. Entre 1998 e 2012, a empresa fazia apenas importações de seus produtos grano duro, fabricados em Parma. Coube a Maurizio Scarpa, presidente no Brasil e nas Américas, convencer os executivos da matriz a aventurar-se num novo segmento.

Durante aproximadamente um ano, os italianos da Academia Barilla, um centro de pesquisa e desenvolvimento da empresa, estudaram a melhor receita e os meios de produção para dar início à entrada da marca no mercado de massas com ovos. Com a fórmula pronta, três fábricas terceirizadas, em Minas Gerais, São Paulo e Rio Grande do Sul, receberam a certificação de fornecedores. Em 2013, o primeiro ano de produção, as vendas cresceram 80%. No ano passado, superaram 50% – a empresa não abre os números regionais. O desempenho das vendas colocou a Barilla na liderança do mercado de massas secas no Brasil, segundo a consultoria Nielsen.

“A Barilla é uma marca referência em massas secas, até em cardápio de restaurantes”, diz o especialista em setor de alimentos Enzo Donna, da ECD Consultoria. “Com a crise econômica, ela se beneficia da retração da alimentação das famílias fora de casa com a venda no varejo.” O resultado agradou a matriz, que destacou o acerto da estratégia no País na apresentação dos resultados e estuda repeti-la em outros mercados. “Neste ano, devemos registrar entre 15% e 20% de expansão”, diz Scarpa. “Se o ritmo se mantiver, é natural que num curto espaço de tempo tenhamos nossa produção própria.”

O saldo positivo conquistado em tão pouco tempo não é suficiente para deixar os italianos satisfeitos. Eles acreditam que há espaço para outras novidades por aqui. De dois mil produtos da Barilla na Itália, entre massas e molhos, apenas 50 são vendidos no Brasil. Aos poucos, Scarpa diz que vai aumentar a lista de opções. Há negociação, por exemplo, com o empório de luxo Eataly, aberto recentemente em São Paulo, para a comercialização de linhas exclusivas de produtos. Mas outras novidades lançadas na Itália, em junho, enchem os olhos do executivo brasileiro.

O chef Turziani trouxe na bagagem uma massa protegida por um cubo de acrílico. O cuidado era para que o macarrão produzido numa impressora 3D não quebrasse. Se a experiência for bem-sucedida, a tendência é oferecer aos consumidores um produto fresco produzido em casa. Nessa mesma direção, uma parceria com a fabricante de eletrodomésticos Whirlpool criou a Cucina Barilla, num conceito muito parecido com a máquina B.Blend. Chamado de forno inteligente, o aparelho prepara de pães, como a foccacia, a massas, conforme o kit semipronto. Não há previsão de lançamento no Brasil, mas se depender do gosto do brasileiro por inovação, a Barilla terá de apressar a chegada do novo brinquedinho.



Veículo: Revista Isto É Dinheiro


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