Produtor segura soja para elevar preço

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Mas intenção dos EUA de ampliar a área de plantio vem mantendo as cotações nos mercados interno e externo



A comercialização da safra 2014/15 de soja em Minas Gerais está abaixo do nível dos anos anteriores. Os preços menores que os praticados em períodos passados e a maior capitalização dos produtores, que podem esperar o melhor momento para negociar a safra, são fatores que justificam o ritmo mais lento das negociações antecipadas.

A intenção de ampliar a área de plantio, por parte dos Estados Unidos, também vem interferindo no mercado e mantendo a cotação da soja em níveis mais baixos. De acordo com dados da empresa de consultoria em agronegócio Safras & Mercado, até o início de abril, o índice de comprometimento era de 48%, sendo que a média dos últimos cinco anos é de 69% da safra de soja.

De acordo com o coordenador técnico estadual da Emater-MG - unidade Uberaba, no Triângulo Mineiro, Willy Gustavo de La Piedra Mesones, o ritmo mais lento já era esperado. "Os preços ainda estão remunerando, só que em níveis mais baixos que os obtidos nos últimos anos. Os produtores, diante das perdas registradas na safra mineira e do País em decorrência da seca, esperavam pela valorização do grão para ampliar as vendas, o que não vem acontecendo", explica.

A saca de 60 quilos da soja é negociada atualmente em torno de R$ 56, valor que em igual período do ano passado ficava próximo a R$ 62 por saca. Os dados de Safras & Mercado mostram que de uma estimativa de 3,42 milhões de toneladas, cerca de 1,64 milhão de toneladas foram negociadas, representando 48%. A média dos últimos cinco anos para o período no Estado é de um comprometimento de 69%. No mesmo intervalo da safra 2013/14 os produtores já haviam negociado 78% da safra. Em 2012/13 a comercialização antecipada abrangia 70%.

Ritmo lento - No País, o ritmo de negociação também está abaixo do esperado já que de uma estimativa de 94,4 milhões de toneladas de soja somente 50% foram negociados. A média dos últimos cinco anos ficou em 64%, da safra 2013/14 em 62% e do período produtivo 2012/13 em 66%.

Ainda segundo Mesones, os produtores precisam ficar atentos aos rumos do mercado para comercializar a produção no momento mais adequado. Além dos preços mais baixos, a desvalorização do real frente ao dólar impulsionou os custos dos insumos importados como fertilizantes, adubos entre outros. Os gastos com transporte e mão de obra também estão mais elevados. Todos esses fatores limitam a margem de lucro da atividade.

"O mercado mais lento da soja também se deve à expectativa de um novo recorde produtivo nos Estados Unidos, que deve ampliar mais uma vez a área produtiva de soja. Como o plantio começa em meados do ano, o mercado já observa a movimentação impedindo o aumento dos preços da soja mesmo após as confirmações de perdas no Brasil e na Argentina por conta dos efeitos climáticos", avalia.

Ainda segundo o coordenador da Emater em Uberaba, a colheita da soja está bem avançada, com índice de conclusão próximo a 75%. Em Uberaba, segundo maior produtor da oleogenosa do Estado, atrás somente de Unaí, a colheita vem confirmando as perdas provocadas pela estiagem registrada no início do ano, que devem alcançar 30% com uma produção de 180,6 mil toneladas.

"A situação do produtor de soja é complicada, já que as perdas são elevadas, os custos de produção aumentaram e os preços não atingiram a cotação esperada. Esses problemas, aliados à nova estimativa de expansão da safra de soja americana, podem interferir na decisão de plantio para a próxima safra", alerta.

Segundo o último levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção de soja no Estado foi estimada em 3,35 milhões de toneladas, incremento de 1% frente à safra anterior, mas 14% menor que as expectativas iniciais para a safra 2014/15, que seria de 3,9 milhões de toneladas.



Veículo: Diário do Comércio - MG


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