Acima das expectativas da Conab, consultoria Agroconsult revisou para cima as estimativas para a produção de soja após levantamento de lavouras; rentabilidade para 2015/2016 terá queda
A produção de grãos no Brasil deve superar as 200 milhões de toneladas pela primeira vez. É o que prevê o levantamento realizado pelo Rally da Safra 2015, divulgado ontem pela consultoria Agroconsult.
A única hipótese que salvaria a produtividade da safra de verão, após o atraso no plantio, aconteceu com a vinda das chuvas entre fevereiro e março. Com isso, a expectativa para produção de grãos em 14/15 subiu para 202,9 milhões de toneladas.
Apesar do ganho na lavoura, o sócio diretor da instituição e coordenador-geral do projeto, André Pessôa, alerta para o aumento nos custos de produção, a queda na rentabilidade e as incertezas para a próxima temporada.
A projeção da consultoria diverge das expectativas oficiais da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) que vem reduzindo o nível de produção de grãos até atingir o volume de 198,53 milhões de toneladas no último levantamento, divulgado neste mês, puxado por uma possível redução nos resultados da oleaginosa. "Chegamos a estimar que se as lavouras de soja no Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso produzissem bem, os prejuízos nas demais regiões causados pelo veranico seriam compensados. Só estes três estados já representam cerca de 60% de toda a área plantada na cultura", comenta.
A estiagem entre dezembro e janeiro atrasou o plantio da primeira safra, porém, as chuvas vieram entre fevereiro e março e impulsionaram a produtividade das lavouras. No Sul, o desempenho do milho quase compensou a redução de área plantada. Na média Brasil, o maior índice produtivo do grão aparece na segunda safra, com 50,4 milhões de toneladas, ante as 48,4 milhões obtidas no comparativo anual.
Para a soja, projeta-se um salto de 86,1 milhões de toneladas na safra 2013/2014 para 95,7 milhões. Para atingir este número, vale ressaltar ação das sementes transgênicas, utilizadas em 92% da área plantada e com resultados satisfatórios.
"Este é um volume recorde. Em produtividade, estimada em 57,8 sacas por hectare, só perde para o desempenho de 2010/2011", acrescenta Pessôa, ao ressaltar que não está surpreso com os resultados.
Rentabilidade
A expectativa negativa que pairava sobre a temporada atual foi postergada para a próxima safra, marcada pelo aumento nos custos de produção, somado à diminuição na rentabilidade dos produtores.
Dados da Agroconsult mostram que a renda por hectare, que vem de uma crescente desde 2011/2012, deve ter uma queda brusca de R$ 798 nesta safra para R$ 337 no período de 2015/2016. Do lado dos desembolsos, projeta-se alta de 29% para fertilizantes e 22% para defensivos agrícolas. "Em geral, falamos em pelo menos 13% de aumento no custo do próximo ano [safra]", diz.
O executivo acredita em um avanço de, no mínimo, 2% nos juros para o crédito rural e a indefinição disso prejudicará o melhor período de compra de insumos, que é agora.
Veículo: DCI
