Setor espera perdas maiores na safra e tendência de preço ainda é negativa

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Seca em janeiro prejudicou o desenvolvimento do grão nas principais regiões produtoras do País; baixa demanda já causa filas de navios nos portos por insuficiência de volume para embarque

 



Por uma simples relação entre oferta e demanda, a perspectiva para os preços da principal commodity agrícola global segue em queda. Na lavoura, a falta de chuvas responde pelas perdas de produtividade e consolida um cenário desfavorável para a soja nesta safra.

Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), divulgados ontem, apontam para uma redução de 1,8% na expectativa de produção da oleaginosa, em relação ao último levantamento mensal, para 94,5 milhões de toneladas. Entretanto, o volume ainda é bem superior às 86,1 milhões de toneladas colhidas na temporada de 2013/2014, o que configura mais um recorde.

Revisão para baixo

Representantes do setor ouvidos pelo DCI apostam em uma quebra ainda maior para esta safra. O presidente da Câmara Setorial da Soja e integrante do conselho consultivo da Associação dos Produtores de Soja do Brasil (Aprosoja Brasil), Glauber Silveira da Silva, acredita que a colheita deva ficar em torno de 92 milhões de toneladas.

"Essa redução é exclusivamente causada pela seca de janeiro e as altas temperaturas no Sudeste como um todo, Centro-Oeste e Matopiba [Maranhão, Tocantins, Piauí e oeste da Bahia], ou seja, os lugares onde está praticamente toda a soja foram os mais afetados", acrescenta o agrometeorologista da Somar Meteorologia, Marco Antônio dos Santos.

Mesmo que houvesse uma regularização das chuvas a partir de agora, os impactos ocorreram nas etapas de florescimento da planta e enchimento do grão, que fazem com que a quebra seja irreversível.

Para o especialista, a tendência é de chuvas irregulares e até excessivas na primeira quinzena de março, podendo atrapalhar o andamento da colheita que se intensifica a partir deste mês.

Mercado


"Nesta safra, aumentamos cerca de 1,5 milhão de hectares na área plantada. Uma expansão dessas de uma temporada para a outra afeta o desempenho do mercado. Enquanto a oferta global cresceu na média de 5%, a demanda avançou apenas 3%. Estados Unidos, Brasil e os outros principais países produtores vão colher mais, sustentando a baixa nos preços", explica o presidente da Câmara Setorial.

A analista do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), Débora Pereira da Silva, ressalta que a desvalorização do real frente ao dólar colabora para amenizar o movimento de baixa nos valores praticados no Brasil e até tem colaborado com o aquecimento das negociações, mas, em contrapartida, o produtor segue retraído à espera de preços maiores de venda.

"Já há filas de navios nos portos por conta de volume incompleto para embarque. Nisso, a embarcação volta para o final da fila e chega a ficar 15 dias parada", comenta. "Um fator positivo é que os Estados Unidos já comercializaram praticamente toda a produção disponível para esta temporada, sendo assim, a demanda dos mercados internacionais deve se voltar para a América do Sul, principalmente para o Brasil", completa Débora.

Produção de grãos


No 5ª levantamento da safra de grãos, a Conab revisou para baixo a estimativa de produção nacional, de 202,18 milhões de toneladas para 200,08 milhões de toneladas. Ainda assim, o volume é 3,4% superior ao registrado no período anterior, ou 6,53 milhões de toneladas.

Outros destaques foram a redução de 11,2% na área de algodão em função do excesso de estoques interno e externo, e de 2,5% no plantio de milho segunda safra, passando de 9,21 milhões de hectares para 8,98 milhões de hectares.



Veículo: DCI


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