Ajinomoto busca mais estômagos fora do Japão

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Por Adriana Meyge | De São Paulo



A Ajinomoto divide o mercado global em duas regiões: Japão e resto do mundo. A terra natal da fabricante de temperos ainda responde por pouco mais da metade da receita e do lucro operacional da companhia. Esse quadro, porém, está prestes a mudar. A tendência de redução populacional no Japão acelerou os planos de expansão da Ajinomoto em países emergentes. "É preciso buscar novos mercados, porque teremos menos estômagos no país", disse o presidente global da Ajinomoto, Masatoshi Ito, em entrevista exclusiva ao Valor durante visita a São Paulo. Segundo maior mercado internacional da companhia, após Tailândia, o Brasil tem papel decisivo nessa estratégia.

A Ajinomoto é mais conhecida por seus produtos vendidos no varejo, como os temperos Sazón e Ajinomoto, a sopa instantânea Vono e o suco em pó Mid. Mas a empresa também fornece aminoácidos usados como matéria-prima para indústrias de alimentos, medicamentos, higiene pessoal e beleza, fertilizantes e para a nutrição de aves e suínos. A companhia consome 1% de toda a produção de cana-de açúcar do Brasil para produzir aminoácidos.

O carro-chefe da companhia continua sendo a divisão de alimentos, que inclui produtos para o varejo e para restaurantes. A meta da Ajinomoto é que esse negócio, que hoje representa um terço de sua receita no Brasil, responda por metade das vendas até 2020. A companhia planeja ampliar a gama de temperos para o público brasileiro e exportar mais a partir do país. No ano passado, a Ajinomoto criou uma nova marca de alimentos para o varejo nacional, a Satis!, com duas versões de molho shoyu. A marca ganhou nos últimos meses um tempero com farinha para frango à milanesa e deve lançar mais produtos ao longo dos próximos anos.

A empresa também estuda entrar no mercado de pratos prontos congelados no Brasil. No Japão, a Ajinomoto é líder nesse segmento no varejo, segundo Ito. De acordo com o presidente da fabricante no Brasil, Takaaki Nishii, a companhia negocia com parceiros para ter a distribuição adequada.

A Ajinomoto também almeja crescer via fusões e aquisições no mercado internacional e tem buscado oportunidades ativamente nos últimos dois anos. A companhia está disposta a investir 300 bilhões de ienes (US$ 2,9 bilhões) nessa área, e o Brasil é um dos países de interesse, segundo Ito.

A Ajinomoto vende seus produtos em 130 países e tem operação em 26 deles. Tailândia, Indonésia, Filipinas e Vietnã são outros mercados prioritários para a companhia, ao lado do Brasil. Indochina, Mianmar, Camboja, Nigéria e Peru também são importantes, diz Ito.

Após cinco anos de queda na receita líquida global, a Ajinomoto registrou pequena alta de 0,6% no indicador no último ano fiscal terminado em março, para 991 bilhões de ienes (aproximadamente US$ 9,6 bilhões). As vendas no Japão diminuíram 11%, impactadas pela venda do negócio de bebidas a base de leite fermentado Calpis. Os mercados internacionais registraram alta de 17% na receita em ienes no período, impulsionada pelo desempenho das vendas e pela força da moeda japonesa.

Em reais, a receita da Ajinomoto no Brasil caiu de R$ 1,9 bilhão para R$ 1,7 bilhão no último ano fiscal. A queda de 10% no negócio de nutrição animal ofuscou a alta de 15% na divisão de alimentos.

A população do Japão, de 127 milhões de pessoas, diminuiu pela terceira vez consecutiva no ano passado. Enquanto isso, a tendência ainda é de crescimento no Brasil, uma das cinco maiores populações do mundo. "Acreditamos que temos muitas oportunidades no Brasil e espero que o país se torne o segundo [maior mercado para a companhia] rapidamente", diz Ito.

A Ajinomoto não pretende deixar de investir na operação doméstica. Metade do investimento de cerca de US$ 1,7 bilhão previsto para o próximo triênio deve ser direcionada ao mercado japonês. Ito, de 66 anos, observa que, com atraso em relação a outros países, tem aumentado a quantidade de mulheres japonesas que trabalham fora de casa em período integral. "Os homens também estão cozinhando. Eu cozinho, especialmente para minha esposa", brinca.

A Ajinomoto é uma empresa centenária que está no Brasil há 58 anos. Aqui, tem 3 mil funcionários, quatro fábricas no interior paulista e sede administrativa em São Paulo. No ano passado, a empresa investiu R$ 47 milhões em uma nova linha de produção de sua principal marca de alimentos, a Sazón, e trouxe do Japão duas linhas de produção de umectantes usados pela indústria cosmética.


Veículo: Valor Econômico



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