3corações busca ampliar liderança em café

Leia em 4min 10s

"Herdeiro" de tradicionais atores do mercado brasileiro de café, o grupo 3corações aposta na consolidação de suas marcas nas regiões Sudeste e Sul para preservar as elevadas taxas de crescimento que o tornaram líder nas gôndolas do país nos últimos anos. Paralelamente, desenvolve planos que envolvem a expansão de suas operações para outros países da América do Sul até o fim desta década.

Após crescer 7% em 2013, quando seu faturamento alcançou R$ 2,4 bilhões, a empresa vislumbra a possibilidade de avançar 11% em 2014, com a colaboração de sua linha de máquinas e cápsulas, lançada recentemente. Mas, de acordo com o diretor de marketing Paulo Guerchfeld, a evolução prevista ainda será puxada pelos negócios já consolidados, fortalecidos por uma série de aquisições de empresas regionais nos últimos anos.

O grupo 3corações começou a ganhar seus contornos atuais em 2005, a partir de uma joint venture entre a São Miguel Holding - pertencente à família Lima, fundadora da Café Santa Clara, no Rio Grande do Norte - e a israelense Strauss, que comprara a marca 3corações em 2000. De 2005 para cá, seu faturamento já aumentou 270%, com destaque para a "nacionalização" das vendas, que deixaram de se concentrar no Norte e no Nordeste, onde a Santa Clara já era líder.

Entre as 16 marcas do grupo, 3corações, Santa Clara e Pimpinela estão entre as principais. O café é o carro-chefe, mas a empresa também atua nos segmentos de refrescos, achocolatados, derivados de milho e temperos. A 3corações também exporta café verde, negócio concentrado em uma divisão que representa cerca de 15% de seu faturamento.

No mercado brasileiro de café torrado e moído, atualmente o grupo 3corações afirma ser líder com uma participação de 21%, ante 12,3% em 2007. Na vice-liderança está a D. E. Master Blenders 1753 (antiga operação de café da americana Sara Lee), que informou ter 18,4% da receita total das vendas domésticas de café industrializado e anunciou, neste mês, uma joint venture com a Mondelez para criar uma nova empresa global de café, a Jacobs Douwe Egberts (JDE).

Mas essa nova "gigante", que poderá ampliar o número de marcas vendidas no Brasil, parece não assustar a 3corações. "É um incentivo para que a gente se torne cada vez mais competitivo", afirma Guerchfeld. O executivo também diz que a forte alta dos preços da matéria-prima este ano no mercado internacional não deverá ter impacto significativo nos negócios do grupo, já que o crescimento do mercado previsto tende a compensar a alta de custos.

Ao mesmo tempo, o grupo 3corações acelera os trabalhos para que as vendas de máquinas e cápsulas passem a representar entre 5% e 10% de sua receita total em cinco anos, como afirmou seu presidente, Pedro Lima, em entrevista ao Valor em 2013. A nova frente foi aberta por meio da criação de uma joint venture com a italiana Caffitaly System S.A. No fim do ano passado, foi montado um projeto-piloto para testar atendimento, promoção e distribuição da nova linha, a cargo da própria empresa. O lançamento comercial aconteceu neste mês, tendo em vista o Dia das Mães.

Atualmente, estão disponíveis no mercado 13 tipos de cápsulas, incluindo café 'espresso', filtrado, café com leite, cappuccino, descafeinado, chás e chocolate. Até o fim do ano, deverão ser lançados mais cinco tipos de cápsulas com novas versões de cappuccino, café e chá. No caso das máquinas, a meta é vender mais de 150 mil unidades já neste ano.

As máquinas são vendidas a partir de R$ 449, enquanto as cápsulas custam entre R$ 1,10 e R$ 1,50 a unidade. Até o fim deste ano, deverá ser lançado um novo modelo de máquina para uso em estabelecimentos comerciais. As atuais máquinas da empresa, para uso doméstico, estão disponíveis em 3 mil pontos de venda de eletrodomésticos no país, enquanto as cápsulas são vendidas também em mais de 3 mil pontos, só que no varejo de alimentos.

Para abastecer a nova linha de cápsulas e máquinas, chamada "Tres", o café já torrado vai para a Itália para ser encapsulado. Mas a 3corações tem planos de inaugurar no fim de 2015 uma fábrica própria de cápsulas no Brasil, provavelmente em Minas Gerais, a depender do desenvolvimento desse mercado. O projeto todo da Tres começou a ser arquitetado há mais de quatro anos e consumiu investimentos de R$ 150 milhões, conforme Guerchfeld.

O projeto foi incentivado pelo grande aumento do mercado para esses produtos no mundo e no Brasil nos últimos anos. De acordo com a AC Nielsen, o consumo de cápsulas aumentou cerca de 11 vezes no país de 2008 para cá. Como há muito a fazer por aqui, Guerchfeld prefere não detalhar os passos que a 3corações pretende dar em outros países da América do Sul no futuro já não tão distante. Mas essa incursão faz parte dos planos definidos para entre 2012 a 2018.



Veículo: Valor Econômico


Veja também

'Boom' do mercado infantil acelera negócio segmentado

Foi-se o tempo em que a criança ficava na brinquedoteca e a mãe escolhia tudo. Hoje, a decisão da c...

Veja mais
Supermercado do Kuwait promove produtos brasileiros

Sultan Center realiza a Brazilian Week de 03 a 16 de junho. Evento irá destacar itens nacionais com degusta&ccedi...

Veja mais
Drogarias Pacheco SP cresce com 'integração light'

Segunda maior rede de farmácias do país, a Drogarias Pacheco São Paulo (DPSP) enfrenta um processo ...

Veja mais
Consumo crescerá em média 7,2% ao ano, diz Mintel

Após registrar crescimento médio de 11% ao ano entre 2008 e 2012, o consumo das famílias brasileira...

Veja mais
Açucar do varejo desafia usinas

Consequência do aumento da renda, combinado com um ritmo de vida mais acelerado, os brasileiros estão mudan...

Veja mais
Safra em Minas está estimada em 59,5 milhões de toneladas

Segundo informações da Siamig, devido ao clima, qualidade da produção está inferior &...

Veja mais
Panificação: empresas oferecem boas oportunidades de carreira

O setor da panificação é um dos que mais cresce no Brasil. Hoje, para agradar o perfil dos consumid...

Veja mais
Extremo sul da Bahia lidera a produção de mamão no País

Com 45% da produção brasileira de mamão, a Bahia é o maior produtor da fruta no país ...

Veja mais
Farmas avançam no segmento OTC

O mercado dos medicamentos que não exigem prescrição médica é o novo alvo de crescime...

Veja mais