Há um ano, a empresa peruana de alimentos Alicorp comprou uma das maiores fabricantes de massas do país, a Santa Amália. Os resultados da operação estão começando a aparecer agora para os consumidores. A marca fará sua estreia com uma linha de cereais matinais, ampliará sua capacidade de produção de massas e promete uma campanha publicitária como nunca teve em seus 60 anos de existência. A estrela da Santa Amália nas propagandas já foi escolhida: a atriz Débora Falabella.
Em entrevista ao Valor, o CEO do Pastifício Santa Amália, Vicente Barros, disse que no ano passado a nova equipe se dedicou a consolidar a aquisição e que neste ano, o ritmo é outro. A fábrica localizada em Machado, cidade cafeeira do sul de Minas Gerais, ganha em março um reforço na sua linha de produção. Uma nova máquina vinda da Itália aumentará a capacidade de fabricação de massas em 30%. "Estamos com a capacidade de produção sufocada. Vendemos mais de 100 toneladas por ano."
O incremento na capacidade é base para a estratégia dos peruanos de tornar a marca mineira conhecida em mais praças no Brasil. A Santa Amália responde por 42,5% das vendas de massas em Minas, segundo dados da Nielsen de setembro e outubro do ano passado, citados por Barros. A meta é chegar aos 50% em quatro anos. Outro grande fabricante no Estado, a Vilma Alimentos, é um de seus principais concorrentes.
A Santa Amália está presente também, ainda que com menos força, em supermercados do interior de São Paulo, no Rio de Janeiro e no Espírito Santo. "Precisamos cruzar divisas para chegar ao Centro-Oeste e ao Nordeste", disse o executivo. Nessas regiões, a empresa ainda não tem centros de distribuição, mas representantes.
Nacionalmente, a Santa Amália aparece em terceiro lugar na categoria de massas na pesquisa do mês passado da Nielsen e da Associação Brasileira de Supermercados sobre as marcas líderes em valor de vendas. A marca Renata, do Pastifício Selmi, ficou em primeiro; e a Adria, da M. Dias Branco, em segundo.
Levantamento da consultoria Euromonitor aponta que a venda de massas ao consumidor final movimentou R$ 4,55 bilhões no Brasil no ano passado.
Em fevereiro, a Santa Amália pôs nas gôndolas duas novas linhas de massa. Entre maio e junho, lança seu cereal matinal - produto que não existe hoje no catálogo da empresa. "Queremos estar presentes no café da manhã das famílias e disputar esse segmento com grandes players", disse Barros. Em outubro, será a vez de uma promoção de prêmios.
O salto planejado pela Alicorp para a marca mineira prevê um aumento de R$ 100 milhões no faturamento este ano em relação a 2013. Barros fala em alcançar os R$ 600 milhões em 2014. A direção da empresa aposta nas ações de propaganda e marketing - que consumirão a maior parte dos R$ 40 milhões previstos como investimento este ano. A estrela da marca será a atriz mineira Débora Falabella - que em 2012 brilhou no papel de Nina, da novela Avenida Brasil, da Globo. Ela estará em oito filmes publicitários da marca este ano.
"Estamos em um segmento que permite fazer as inovações que estamos fazendo. O consumo de massas no Brasil tem espaço para crescer", afirmou Barros.
A Alicorp é uma das grandes indústrias de bens de consumo da região Andina. Seus principais negócios são alimentos, produtos de cuidado pessoal e de limpeza, farinhas industriais, pré-misturas e também rações animais. A empresa, que tem ações negociadas na bolsa de Lima, adquiriu a Santa Amália em fevereiro de 2013, um negócio de R$ 190 milhões, segundo informou na época a fabricante brasileira. Em 2013, as receitas da Alicorp atingiram o equivalente a R$ 4,8 bilhões, um aumento de 30% em relação a 2012.
Além do Peru, a empresa tem operações na Argentina, Chile, Colômbia e Equador e exporta para 23 países. No Brasil, a Santa Amália é o único ativo.
Veículo: Valor Econômico