Transportadoras de cargas especiais partem para formação de consórcios

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As transportadoras de cargas especiais tiveram o pior semestre dos últimos 20 anos em Minas Gerais. O faturamento das empresas no Estado caiu, pelo menos, 27% e as projeções são de fechar o exercício com uma baixa rondando a casa dos 30%. A situação, que se aprofunda por causa da alta dos combustíveis, forçou os empresários a se associarem em espécies de consórcios para se manter no mercado. Uma modalidade inédita para o setor, que significa na prática dividir gastos e ganhos pela sobrevivência.

"O desempenho do transporte de cargas especiais acompanha o da economia. Como os principais setores demandantes estão em queda, a tendência é que o mesmo ocorra com a receita dos transportadores", afirma o consultor especial do Sindicato Nacional das Empresas de Transporte e Movimentação de Cargas Excepcionais (Sindipesa), José Aparecido Bastazini.

No início deste exercício, o esperado era retração de 15% no faturamento das transportadoras do Estado. Mas diante da queda do semestre, as expectativas pioraram e passaram a ser de queda de 30%. Nacionalmente, houve recuo de 30% nos seis primeiros meses do exercício ante mesmo período de 2014.

Em Minas Gerais, os maiores impactos negativos sobre o resultado vieram de mineração, siderurgia e setor automotivo. "Muitos cegonheiros estão de braços cruzados e ainda avaliam se vale a pena continuar no mercado", afirma. Até o início do ano, o Estado possuía 3,5 mil empresas especializadas no transporte de cargas especiais, mas, apesar de ainda não haver dados oficiais, já se sabe que algumas foram à falência no 1º semestre.

Como se não bastasse a demanda menor, as transportadoras ainda têm sofrido os reflexos da alta do preço dos combustíveis. Como é o maior custo do setor, a alta teria que ser repassada para os fretes. Porém, com o mercado em baixa, não há espaço para aumento dos preços. Resultado: as margens estão cada vez mais apertadas. Em seis meses, a retração média das margens no Estado deve ter ficado na casa dos 15%, segundo projeções do sindicato.

Para evitar a falência total, os empresários do ramo estão se unindo, em espécies de consórcios. O objetivo é reduzir os custos e ao mesmo tempo manter um faturamento mínimo para arcar com as despesas. "Quando uma empresa pega uma demanda, em vez de fazer várias viagens sozinha, passa parte dela para outra. Dessa forma, são eliminadas as viagens de volta, gastando menos combustível", afirma. Essa é uma modalidade nova de trabalho, criada no ano em que o setor vive o pior momento dos últimos 20 anos.

Concorrência - A situação está tão ruim no País que até mesmo um velho problema vivido pelo setor foi amenizado, ou seja, a concorrência estrangeira. Desde a crise de 2008, com o mundo em desaceleração, muitos empresários de outros países têm apostado as fichas em países em desenvolvimento, como o Brasil.

Com regime tributário diferenciado, os estrangeiros trouxeram grandes quantidades de carretas superdimensionadas para atuar na modalidade temporária, fazendo uma concorrência desigual com os brasileiros. Isso porque os empresários locais, que importam o mesmo tipo de veículo, pagam 100% da carga no embaraço. Já os equipamentos vistos como temporários vindos do exterior recolhem apenas 1% da carga a cada mês.

Porém, mesmo com as vantagens, as empresas estrangeiras não estão mais atuando no País com tanta intensidade neste ano. "Com esse cenário ruim e de pouco investimento do governo, os estrangeiros não estão querendo arcar com os custos de trazer seus equipamentos e ficarem parados. Nem mesmo as multinacionais que estão aqui investem mais, portanto, não atraem recursos, equipamentos ou mão de obra externas", afirma.



Veículo: Diário do Comércio - MG


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