Melhoria da logística depende de investimentos privados

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Nayara Figueiredo


A melhora nos sistemas de logística para escoamento das safras agrícolas do Brasil deve vir com a ação da iniciativa privada. A declaração foi dada pelo ministro da Agricultura (Mapa), Neri Geller, durante lançamento do 9° Circuito Aprosoja, no Mato Grosso.

Mas, na opinião do ministro, a demora na concessão de licenças ambientais e a questão das terras indígenas são os principais gargalos para viabilizar as parcerias do governo com empresários para viabilizar projetos de logística.

Geller e os representantes da área econômica dos candidatos à Presidência da República debateram formas para solucionar a defasagem na infraestrutura e na logística para escoamento das safras no Brasil. Custos de frete, regulamentação das concessões e infraestrutura de armazenagem também preocupam o setor.

"Se não tiver uma ação completa da iniciativa privada as coisas não andam. O Congresso Nacional tem se movimentado pressionado pelas lideranças do setor [agrícola], mas a questão das licenças e das terras indígenas ainda precisa ser resolvida", afirma Geller. Segundo ele, a liberação de algumas licenças pendentes deve acontecer em breve, tal como a liberação fundiária da Cia. Portos, que está sendo concluída.

Frustrado pela falta de retorno imediato a alguns pleitos do setor, o ministro lembra que também é produtor rural e diz que procura superar suas limitações ouvindo representantes e mostrando aos demais ministérios o potencial de crescimento que existe na agropecuária. "É uma pena que as coisas não acontecem na velocidade que queríamos, mas estão acontecendo", comenta.

O Estado do Mato Grosso é um dos que mais carecem de recursos em logística, devido à grande produção de grãos e a distancia dos portos para exportação.

De acordo com o presidente da Associação de Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Ricardo Tomczyk, a safra 2014/2015 de soja na região deve ficar em 27 milhões de toneladas. Cerca de um milhão de hectares a mais serão plantados, em relação à última safra, "a decisão foi tomada antes das projeções de supersafra nos Estados Unidos".

Tomczyk destaca que no cultivo de soja, somada à questão logística, os preços dos insumos devem aumentar, assim como a quantidade de defensivos para combate da lagarta Helicoverpa e da praga Ferrugem. Isso deve subir entre 8% e 10% os custos de produção para esta safra, chegando ao valor recorde de R$ 2.400 por hectare. "Só na logística nós já perdemos muito. Comparando ao sistema norte-americano, para tirar uma tonelada de soja do meio oeste dos Estados Unidos para o porto no Golfo do México, mais ou menos a mesma distancia daqui até o Porto de Santos, são gastos entre US$ 18 e US$ 30, enquanto aqui se gasta mais de US$ 100", explica.

"Para falar em políticas agrícolas nacionais, não há como excluir o Mato Grosso, a produção bate recordes e o principal gargalo que o próximo governo precisará enfrentar é a logística", disse o governador do Mato Grosso, Silval Barbosa. O governo mato-grossense disponibilizou, em seu orçamento deste ano, R$ 1,39 bilhão ao programa de infraestrutura e transportes "MT Integrado", com foco no segmento rodoviário.

Em parceria com a iniciativa privada, a principal obra é a duplicação da Rodovia BR-163, que vai do Mato Grosso do Sul, ao município mato-grossense Sinop. O presidente do Movimento Pró-Logística, Edeon Vaz, estima que em cinco anos serão investidos R$ 2,4 bilhões na obra.

"Apesar desses investimentos, o Mato Grosso ainda tem poucas ferrovias e nenhuma hidrovia em funcionamento. O que mais precisamos é a liberação de licenças ambientais com mais agilidade para as concessões", afirma Vaz, em linha com o discurso do ministro da Agricultura.

Para o economista e assessor do candidato Eduardo Campos (PSB), Eduardo Gianetti, falta um marco regulatório nos sistemas de logística aplicados à gestão atual. "Em relação às rodovias esse movimento já acontece, mas para outros tipos de transporte precisamos avançar muito", completa. Gianetti defende projetos de simplificação no sistema tributário a fim de aumentar os níveis de endividamento e unificação de ICMS entre os estados.

O assessor do candidato Aécio Neves (PSDB), Samuel Pessoa, também defende a realização de um marco regulatório e destaca que o plano econômico de Aécio contempla os cuidados de infraestrutura através de parcerias público-privadas (PPPs).

"É necessário acelerar o processo de investimentos com regras claras que permitam ao setor privada tomar a frente do negócio, que não mudem com o tempo. É uma regra simples, mas que até agora foi de difícil visualização para o governo", disse o diretor da consultoria Agroconsult, André Pessoa.

Segundo o especialista, a próxima gestão deve olhar para a situação das ferrovias, hidrovias e rodovias para continuar gerando renda aos produtores, porém, é necessária a tomada de medidas que ajudem a reduzir os custos de produção da cadeia.


Veículo: DCI


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