Maersk prevê crescimento menor

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O comércio do Brasil com o resto do mundo, via transporte marítimo de contêineres, deverá crescer 4% neste ano, para 4,5 milhões de Teus (contêineres de 20 pés), frustrando a previsão original de aumento entre 6% e 7% sobre 2012. O número refere-se apenas a contêineres cheios. O resultado é consequência de um primeiro semestre ruim, num cenário em que o real mais fraco não se traduziu em exportações mais fortes.

A estimativa é da Maersk Line, maior armador de contêineres do mundo, a partir de dados compilados pela consultoria Datamar. Os números compõem o relatório do armador sobre o terceiro trimestre do mercado brasileiro. Os volumes da Maersk Line crescerão em linha com os do setor.

Somente no terceiro trimestre os volumes brasileiros apresentaram recuperação mais acentuada, avançando 5,3%. As exportações caíram 2,2% devido à fraca demanda da China. Já as importações saltaram 12%. Mas houve recuo de 4,8% nas importações de bens de consumo da Ásia, o que está levantando dúvidas sobre a robustez do Natal para os varejistas brasileiros.

Os problemas da infraestrutura brasileira também pesam na perspectiva do crescimento para este ano, analisa o armador. "As ineficiências na cadeia de suprimentos continuam a limitar a capacidade de o Brasil crescer", disse Peter Gyde, presidente da Maersk Line no Brasil.

Os problemas portuários, especialmente em Santos (SP), que concentra quase 45% do mercado nacional de contêineres, fizeram o Sudeste perder cinco pontos percentuais de participação regional no terceiro trimestre. Segundo a Maersk Line, a fatia dos portos do Sudeste saiu de 53% no segundo trimestre do ano para 48% no terceiro trimestre. O Sul avançou de 36% para 43%, respectivamente.

Mario Veraldo, diretor comercial da Maersk Line no Brasil, avalia que o principal fator para isso foi a demora na entrada em operação da BTP e da Embraport, novos terminais de contêineres de Santos, e as dificuldades de dragagem do porto. Ambos os problemas ajudaram a elevar os tempos médios de espera do navio para atracar, com picos de 72 horas no meio do ano.

Com essas questões "endereçadas" - os terminais foram inaugurados e a dragagem terminou, diz o governo, restando agora ser feita a homologação pela Marinha - o foco volta-se aos acessos terrestres.

"Estamos vendo um movimento forte na questão de concessões rodoviárias, hoje [ontem] saíram mais três. É isso que está faltando, que o acesso ao porto fique mais eficiente e barato", diz Veraldo.

A grande aposta para desafogar Santos é o arrendamento de um novo terminal em Suape (PE). O porto nordestino é um concentrador natural de cargas e poderia atrair a primeira escala de importação dos serviços da Ásia. "Mas essa concessão está parada há mais de um ano", diz Veraldo.

"Estamos ansiosos para ver novas concessões de terminais no Norte e Nordeste, onde o crescimento do PIB é atualmente o mais forte e necessita de apoio. Mas também precisamos de uma solução para os gargalos de Santos", diz Gyde. O temor é que a homologação da dragagem em Santos demore mais do que o anunciado e os problemas se repitam em 2014, que promete ter um primeiro semestre de sólido crescimento devido à demanda de insumos para a Copa do Mundo.



Veículo: Valor Econômico


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