Varejistas investem em mercados de vizinhança de olho no consumidor das grandes cidades

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As grandes redes de varejo de alimentos se renderam às vendinhas. É cada vez maior o investimento no modelo conhecido como mercados de vizinhança, pequenas lojas que não costumam passar de 400 metros quadrados. A estratégia se baseia na ideia de que os consumidores dos grandes centros não querem perder tempo no trânsito indo a um grande supermercado cada vez que sentem falta de um produto em casa.

 

Dados da consultoria Nielsen mostram que há 3.124 mercados desse tipo no Brasil. Isso representa um crescimento de 35% em três anos, em um movimento liderado por grandes redes de varejo. No mesmo período, a fatia de domicílios que utilizam esse tipo de estabelecimento subiu de 19% para 26,4%.

 

O Carrefour, que já contava com a bandeira Express, com 120 unidades, lançou, no ano passado, um novo modelo, que batizou de Market. Enquanto as lojas da Express têm, em média, 200 metros quadrados e estão localizadas em áreas de grande fluxo de pessoas, as da Market têm o dobro do tamanho e ficam em regiões residenciais. Em menos de um ano, dez unidades foram abertas.

 

— Tanto as lojas da Express quanto as da Market levam em conta características e demandas da região onde estão — explica Stéphane Engelhard, vice-presidente de Assuntos Corporativos.

 

Na loja da Avenida Paulista, que é a única 24 horas da bandeira Express, a demanda maior é por produtos prontos para consumo, como salada de frutas, iogurtes e lanches, que atendem o público que trabalha na região ou que sai de algum evento noturno. Já nas lojas de bairro, a busca é por produtos de reposição, como frutas, carnes e pratos congelados.

 

O Grupo Pão de Açúcar (GPA) foi o primeiro grande varejista a lançar lojas de bairros, em 2007, com a bandeira Mini Mercado Extra. Depois criou a Minuto Pão de Açúcar. Hoje as duas marcas têm 235 unidades.

 

— O nosso desempenho em 2018 nos faz pensar em retomar a expansão. A prioridade está na cidade e no estado de São Paulo, mas já estamos estudando a implementação em cidades importantes em outros estados — explica Frederic Garcia, diretor executivo dos Formatos de Proximidade do GPA.

 

‘Para quem está perto’

 

Tanto na bandeira Minuto como na Mini Mercado, há uma grande demanda por frutas, verduras e legumes, além de itens de padaria. Em bairros mais nobres, os consumidores demandam também produtos de maior qualidade, como cervejas especiais.

 

Nas pequenas lojas, os varejistas perceberam que o mais importante é a praticidade. Os consumidores querem ter acesso rápido a produtos. A maior parte das vendas nesses locais consiste de 20 itens, com um tíquete médio de R$ 150. Nas lojas em regiões com grande fluxo de pessoas, como as que ficam próximas a estações de metrô, as geladeiras estão localizadas logo na entrada.

 

— O modelo de mercados de vizinhança é complementar. O consumidor o usa para uma reposição rápida e, depois, vai a um supermercado ou atacarejo (estabelecimentos que vendem grandes quantidades de um produto por um custo menor) — explica Gabriel Lescher, gerente de Atendimento ao Varejo da Nielsen.

 

Reynaldo Saad, sócio da área de consumo da consultoria Deloitte, aponta que há uma tendência de crescimento desse modelo de mercado nas grandes capitais, onde os consumidores não querem percorrer grandes distâncias quando não pretendem fazer uma compra grande.

 

— Você vê essas lojas com uma distância de até 1,5 quilômetro uma da outra. É para atender quem está realmente perto. É uma volta ao básico, em que o estabelecimento conhece o consumidor dele, e este, por sua vez, pode demandar produtos mais premium — avalia Saad.

 

Outro modelo que também visa à comodidade do consumidor é o das lojas de conveniência, que também vêm se multiplicando. As Lojas Americanas, por exemplo, criaram a rede Local para atender a essa demanda. Seus pontos de venda são ainda menores, de até cem metros quadrados. Atualmente, há mais de 20 em São Paulo e Rio de Janeiro.

 

— Também são lojas localizadas em locais de alto fluxo de pessoas. O horário de funcionamento é estendido. Algumas unidades vão das 7h às 23h — explica Carlos Padilha, diretor de Relações com Investidores das Lojas Americanas.

 

Ele conta que um projeto-piloto de entrega a domicílio foi lançado este ano e já aponta para um maior volume médio de compras, indicando que o consumidor preza pela rapidez.

 

O executivo não revela nada sobre um plano de abertura de lojas, uma vez que a empresa está em período de silêncio devido à proximidade da divulgação de seu balanço, no dia 20 deste mês, mas afirma que o modelo tem grande potencial de crescimento na rede.

 

Conveniência nos postos

 

É também por estar de olho nesse potencial que a BR Mania, rede de lojas de conveniência da BR Distribuidora, busca um parceiro estratégico. São 1.247 lojas para uma rede de quase 8 mil postos de gasolina. O objetivo dessa parceria, ainda em estudo, é elevar a presença da conveniência da fatia atual, de 16%, para ao menos 50% do total de postos.

 

— Queremos acelerar a expansão. Em países vizinhos, como Uruguai e Argentina, a existência de lojas de conveniência em postos é de 80% — explica Leonardo de Castro Burgos, gerente de Negócios de Varejo da BR Distribuidora.

 

A empresa contratou a BR Partners para levantar possíveis modelos e interessados. Segundo Burgos, todas as alternativas estão na mesa: parceria com varejista, com especialistas em franquias ou mesmo um operador internacional. A expectativa é ter uma definição ainda este ano.

 

O interesse está relacionado ao fato de as vendas dos serviços de um posto de gasolina subirem 20% após a instalação de uma loja de conveniência. No caso da BR, essa busca por comodidade representa uma compra de valor médio de R$ 13,83, concentrada em cigarros e bebidas, embora produtos para consumo imediato, como salgados e pizzas, também estejam entre os itens mais vendidos.

 

Fonte: O Globo - Rio de Janeiro


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