Tecnologias avançadas para filtragem têm atraído gestores públicos e empresas de saneamento, mas as dificuldades financeiras e burocráticas travam o investimento, afirma gerente da divisão
Com a crise hídrica, a divisão de tratamento de águas da Dow Química tem notado um interesse maior pelas soluções de alta tecnologia desenvolvidas pela empresa. Mas ainda considera insatisfatório o volume de contratos efetivamente fechados na área.
O líder comercial e gerente de marketing do setor de filtros da empresa, Renato Giani, conta que desde que o risco de racionamento de água se instalou, no começo do ano, a empresa passou a receber diversos gestores públicos e representantes de companhias de abastecimento de água interessados nos produtos. Segundo ele, entretanto, os entraves financeiros e burocráticos travam as negociações. "Nós temos visto muitos curiosos, mas para alguns agentes a obtenção de recursos para investir em uma nova planta de tratamento é difícil, o que os leva a ficar acomodados nos processos antigos que possuem", diz.
Mesmo as regras de concessão, que valorizam mais o preço final do projeto do que a qualidade da água oferecida, pesam sobre esse mercado, que exige um investimento inicial maior. Segundo o executivo, os custos de instalação de uma unidade de ultrafiltração por membranas, por exemplo, são 10% maiores do que os de implantação de um sistema por filtros de areia e químicos. No entanto, as economias na operação, com redução do consumo de energia elétrica, insumos e a redução dos volumes de lodo podem chegar a 40%, afirma Giani. O retorno do total investido em um projeto do tipo seria pago em até 6 anos.
Cada módulo de ultrafiltração permite o tratamento de um litro de água por segundo, o que permitiria às companhias de água acelerarem seus processos e oferecerem mais em menos tempo, garante o executivo. "Não falta água, mas sim tratamento e o aproveitamento eficiente dos nossos recursos", avalia o gerente.
Para ele, o desenvolvimento de novos modelos de negócios seria uma das saídas para esse entrave. Ele sugere a promoção de parcerias público-privadas (PPP) ou licitações no setor de saneamento para promover as novas soluções. Falta ainda uma linha de financiamento exclusivo que facilite os investimentos em tecnologias para melhorar ao tratamento e a distribuição hídrica, opina.
Outra sugestão seria desenvolver um modelo de indústrias que se dispusessem a servir como incentivadoras das soluções. Ele dá como exemplo o setor de higiene pessoal, que pode investir na empreitada para garantir o fornecimento de água limpa que é usada pelos seus consumidores.
Hoje, a Dow Química tem membranas de filtragem em duas plantas de tratamento de água para abastecimento público em São Paulo. Em Bertioga, o grupo instalou sua tecnologia em uma estação capaz de filtrar cem litros de água por segundo, suficientes para atender 55 mil habitantes diariamente. O segundo empreendimento, localizado na região do Jardim São Lourenço, no litoral, abastece toda a população.
A companhia disponibiliza duas tecnologias na área, a ultrafiltração por membranas e a osmose reversa. A primeira foi desenvolvida para o tratamento de água poluída. A segunda serve à transformação de água do mar em potável.
Veículo: Jornal DCI