A reciclagem de embalagens de PET atingiu 331 mil toneladas em 2012, avanço de 12,6% sobre as 294 mil toneladas recicladas no ano anterior. Assim, o Brasil atingiu um índice de reciclagem de 58,9%, o que coloca o País à frente dos Estados Unidos e com média semelhante à europeia, onde a reciclagem do material é hoje mais avançada. No entanto, a coleta ainda é um desafio: a falta de matéria-prima resulta em ociosidade de até 30% nas recicladoras.
Os resultados constam do Nono Censo da Reciclagem do PET no Brasil, divulgados ontem pela Associação Brasileira da Indústria do PET (Abipet), durante evento em São Paulo.
"Muitos recicladores estão sofrendo dramaticamente por falta de matéria-prima", afirma o presidente da Abipet, Auri Marçon. "Antes, a maior dificuldade para a reciclagem era a demanda, convencer a indústria a utilizar PET reciclado em seus produtos, hoje o elo mais fraco é a coleta", diz.
Ampliar a coleta seletiva, além de importante para a indústria recicladora, será fundamental para o sucesso da Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei Nº 12.305 de 2010). Segundo Marçon, a iniciativa privada deve investir cerca de R$ 74 milhões na efetivação do plano setorial para o segmento de embalagens, com a indústria sendo responsável pela etapa da destinação final. A coleta, segundo o plano, é de responsabilidade dos governos municipais.
O setor têxtil continua sendo o principal consumidor de PET reciclado, com 38,2% de participação, seguido das resinas insaturadas e alquídicas, com 23,9%. Apesar de ainda consumirem apenas 18,3% do PET reciclado, as embalagens de alimentos e não alimentos são o segmento enxergado como mais promissor pelos empresários consultados.
Empresas
Um desafio para o avanço do mercado bottle to bottle com "grau alimento" é a morosidade da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), acredita Leandro Scomparim, diretor da CPR, fabricante de resina PET PCR (Pós-Consumo Reciclada), parte do Valgroup. "A Anvisa demora para conceder aprovação, inibindo a inovação", diz.
A empresa tem capacidade de produção de 112 mil toneladas de resina por ano, sendo 60 mil toneladas no Brasil (em Duque de Caxias, RJ) e o restante no México, Espanha e Uruguai. A CPR forneceu resina reciclada para embalagens dos dois maiores fabricantes de refrigerantes do País, Ambev e Coca-Cola. A fabricante, no entanto, não revelou sua atual taxa de ociosidade na produção.
A Coca-Cola, que possui 90 fornecedores de embalagens no Brasil, espera expandir até 2015 suas iniciativas sustentáveis, como o uso de resina reciclada (bottle to bottle), de resina de fonte renovável (plant bottle) e de garrafas PET retornáveis. A empresa aguarda para 2015 o início da produção de fábrica de BioMEG, um derivado da cana-de-açúcar que substitui polímeros de petróleo na produção de garrafas PET. O projeto é uma parceria com a indiana JBF, num investimento estimado de R$ 1 bilhão.
O gerente corporativo de embalagens e supply chain da Coca-Cola Brasil, Paulo Villas, adianta algumas outras novidades que vêm pela frente: além de adotar tampas monocomponentes, a empresa estuda fabricá-las com polietileno verde. "Aguardamos a disponibilidade de matéria-prima pela Braskem para levar adiante esta ideia", afirma.
Outras novidades da fabricante em embalagens devem ser novos formatos em PET (o plástico representa 59% das embalagens da companhia no Brasil). "Hoje trabalhamos de 250 ml a três litros. Devemos trazer mais lançamentos em small sizes e alguma coisa no intermediário, ao redor dos 600 ml. Também teremos lançamentos exclusivos para os grandes eventos", adiantou Villas.
Setor PET
O presidente da Abinpet mantém a projeção de crescimento de 6% em volume para o setor de PET em 2013, embora a entidade estime avanço de apenas 2% no primeiro semestre, em relação a igual período de 2012. "Vai depender do clima. Um verão mais quente, com maior consumo de bebidas, pode garantir o crescimento de 6%", acredita.
As margens do setor, no entanto, devem seguir comprimidas, com o ganho de competitividade da indústria de transformação plástica americana, devido ao shale gas, avalia Marçon. Em 2012, o consumo de PET no Brasil foi de 605 mil toneladas, alta de 5,8% sobre o ano anterior, sendo 562 mil toneladas recicláveis. O faturamento do setor somou US$ 2,3 bilhões, com avanço de 4,03%. "Com a queda nas margens, a alta refere-se a volume."
Veículo: DCI