Guerra comercial no mundo deve reduzir PIB brasileiro

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A guerra comercial no mundo e a recessão econômica nos Estados Unidos (EUA) podem reduzir a expansão do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.

O economista-chefe do Itaú Unibanco, Mário Mesquita, especula que, em um ambiente global de forte acirramento dos conflitos comerciais, o maior canal de prejuízo para o Brasil seria uma redução maior do ritmo de expansão da China em relação ao que já se espera.

 

A projeção do banco é que o PIB chinês aumente 6,5% este ano e 6,1% em 2019. Porém, um aprofundamento da guerra comercial pode diminuir o crescimento chinês para 4,5% já no próximo ano.

 

De acordo com Mesquita, isso geraria uma redução de 0,7 a 1 ponto percentual do PIB brasileiro de 2019, cuja previsão é de crescimento de 2,5%. Nesse ambiente de desaceleração maior da economia chinesa, o PIB mundial deve reduzir 1 ponto percentual daquilo que já está previsto para o próximo ano (3,5%).

 

"A guerra comercial é má notícia para nós e ela já está tendo efeito [no mundo]. O FMI [Fundo Monetário Internacional] já vem alertando para este cenário. Há uma desaceleração da atividade econômica em curso", alerta.

Mesquita exemplifica que, não somente a China, como as demais economias da Ásia estão injetando estímulos na economia para poder impulsionar a atividade econômica.


EUA

Mesquita lembra ainda que os Estados Unidos (EUA) entrarão em um período complicado entre o final de 2019 a 2020. "Isso porque haverá o fim do impulso fiscal adotado pelo [presidente dos EUA, Donald] Trump e um impacto mais forte do aperto monetário".

 

Mesquita lembra que o Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano) já tem se preocupado com isso. "Está ocorrendo uma queda dos preços das ações, um aperto das condições financeiras nos EUA. Então o Fed está vendo se, nesse cenário, vale a pena continuar aumento de juros", destaca Mesquita.

 

O economista-chefe explica que a queda do mercado acionário nas últimas semanas funcionou "quase como uma alta de juros adicional", o que leva a crer que o Fed não eleve tanto os juros como o esperado. O Itaú trabalha com mais três altas da taxa em 2019, porém com viés de baixa.

 

Por outro lado, Mesquita pondera que um aumento muito forte dos preços internos nos EUA, especialmente no caso de uma elevação da inflação de salários sem ganhos de produtividade é um risco e pode provocar mais alta de juros, levando, então, o país para uma recessão. "Recessão nos EUA, não é bom para o mundo e, portanto, não é bom para o Brasil", diz Mesquita.

 

Já com relação à Argentina, nosso principal parceiro comercial, o Itaú projeta queda de 2,2% do PIB este ano e estabilidade em 2019. A expectativa é de recuperação da produção agrícola no próximo ano, porém com tendência de queda real dos salários e aperto de políticas macroeconômicas.

 

Fiscal

Para o Itaú, uma rápida aprovação da reforma da Previdência Social é essencial para acelerar o crescimento econômico brasileiro nos próximos anos. A previsão do banco é que a nossa economia cresça 1,3% este ano e mais 2,5% em 2019.

 

A expectativa é que o resultado primário deste ano venha R$ 40 bilhões melhor que a meta fiscal para o ano (de déficit de R$ 161 bilhões), chegando, portanto, a um resultado negativo de R$ 120 bilhões. Já para o ano que vem, a tendência é que o resultado primário fique negativo em R$ 96 bilhões e, em 2020, a projeção é de déficit de R$ 63 bilhões.

 

 

Fonte: DCI

 


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