Pequeno varejista virtual protagoniza tendências do e-commerce brasileiro

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Descentralização do segmento seguirá neste ano, e a perspectiva é de que as lojas de menor porte respondam por até 25% das vendas. Marketplaces e o mobile também ganharão maior relevância



São Paulo - O crescimento dos marketplaces, da participação dos dispositivos móveis nas vendas e a descentralização do setor - tendências do comércio eletrônico que ganharam relevância em 2016 - terão ainda mais impulsão este ano. A visão é compartilhada pelo presidente da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (Abcomm), Maurício Salvador, e pelo COO da E-bit/Buscapé, André Dias. "Em termos de tendências, o que vai continuar forte é a questão dos marketplaces. Eles fecharam o ano passado com participação de 22% nas vendas totais, e a expectativa para este ano é chegar a 26%. Uma em cada quatro compras será feita por marketplaces", afirma Salvador.


De acordo com ele, os chamados marketplaces de nicho também devem crescer este ano, apesar de ainda terem uma representatividade pequena. "Os grandes players, como o Mercado Livre, ainda têm uma participação de mais de 90% nesse mercado, mas vemos uma movimentação e o surgimento de marketplaces especializados em determinados segmentos."


Dias, do E-bit, também afirma que esta deve ser uma das principais tendências para o setor. "As lojas menores já começaram um movimento de vender através dessas plataformas. Em 2017, isso deve continuar: grandes players 'sugando' pequenas varejistas para vender dentro de suas plataformas", diz.


Para ele, outro aspecto que deve ganhar força neste ano é o crescimento da participação dos dispositivos móveis nas vendas do setor. Em dezembro de 2016, os smartphones e tabletes representaram 26% das vendas do mês, de acordo com a empresa. No mesmo mês de 2015, essa participação foi de 14,3%. "Em um ano tivemos uma alta de cerca de 12 pontos percentuais. É um crescimento muito acelerado", afirma Dias.


Diante disso, a perspectiva para 2017 da E-bit, empresa especializada na coleta de dados do setor, é de que o mobile represente mais de 30% das vendas do comércio eletrônico brasileiro. Os dados da Abcomm mostram um cenário semelhante: em 2016 a fatia dos dispositivos móveis fechou em 25%, e a expectativa é finalizar este ano próximo de 30%.


"O mobile vai continuar sendo um dos grandes impulsionadores do e-commerce em 2017", corrobora o diretor de comunicação da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico (camara-e.net), Gerson Rolim. Essa tendência é comprovada também por duas empresas que atuam no setor: a plataforma de lojas virtuais Nuvem Shop e a Rakuten. Na primeira, a participação do mobile no total de vendas subiu 10 pontos percentuais entre novembro de 2015 e novembro do ano passado. "De 25%, as vendas por dispositivos móveis passaram a representar 35%", afirma o CCO da empresa, Alejandro Vázquez. Em termos de acessos, ele conta que o mobile representou cerca de 57% de todas as visitas de 2016.


Na Rakuten, essa realidade é ainda mais latente e, segundo o CEO da empresa no Brasil, René Abe, as vendas por smartphones e tabletes já superaram as por desktop dentro da plataforma. "No conjunto de todos os lojistas da Rakuten temos hoje mais vendas por mobile do que por desktop", afirma o executivo, que completa que a 'virada' ocorreu em meados do ano passado. Para 2017, ele acredita que essa participação dentro da Rakuten deva continuar crescendo.


Outro movimento que ganhou relevância em 2016, e que deve se acentuar ainda mais este ano, é a descentralização do setor - com o aumento da participação das micro e pequenas empresas no faturamento do ramo. Segundo Salvador, da Abcomm, as MPEs representaram em 2016 cerca de 23% das vendas do ramo. "Para 2017, a perspectiva é atingir 25% e em 2018 cerca de 28%. É um movimento gradual. Como temos um volume de faturamento alto, fica mais difícil crescer proporcionalmente", afirma.

 


Faturamento
Sobre o faturamento do comércio eletrônico, Salvador conta que a perspectiva para este ano é de uma alta de 12%, frente a 2016, passando para R$ 59,9 bilhões. No ano passado, o resultado foi 11% maior, na comparação interanual. A E-bit, por sua vez, afirma que o faturamento do setor fechou 2016 com alta de 8%. Para este ano, a expectativa da empresa é que o e-commerce cresça entre 10% e 15%. Ambas as medições são em termos nominais (sem considerar a inflação).


Com o crescimento do comércio on-line e a queda do varejo físico, Dias aponta que houve um avanço da participação das lojas virtuais no varejo total, que fechou em 3,7%. "Este ano ela deve crescer mais 0,5 ponto percentual". Para Rolim, da camara-e.net, essa fatia só deve crescer de forma acentuado quando a qualidade e o acesso da banda larga aumentarem no Brasil. "O crescimento dos e-consumidores é diretamente proporcional ao avanço da banda larga", diz.

 


Pedro Arbex


Fonte: DCI - São Paulo

 

 

 


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