Indicadores próprios podem auxiliar empresas a passar por crise em 2016

Leia em 3min 20s

Medidas como essa ajudam a detectar gargalos específicos, dando chance para o empresariado reformular estratégias; qualidade do faturamento é outro ponto que precisa ficar no radar.

Indicadores econômicos podem auxiliar as empresas brasileiras a detectarem problemas além da crise, para que atravessem o próximo ano com mais segurança.

O empresariado, além de observar números conjunturais em 2016, vai precisar ficar mais atento à estrutura do seu próprio negócio, consolidando, por exemplo, indicadores personalizados que o ajudem a fazer projeções mais precisas.

Outra dica de especialistas é observar mais a qualidade do que a quantidade do faturamento, pois este pode ficar comprometido com inadimplência de clientes.

Vítor França, assessor econômico FecomercioSP - associação que representa o varejo paulista - recomenda que os empresários olhem para os indicadores setoriais de faturamento para medir tamanho de mercado e localizar gargalos específicos.

"Se o faturamento da empresa for menor do que o da média do mercado, por exemplo, pode ser um indicativo de problemas além da crise, que podem estar relacionados a atendimento, localização, tipo de produto, entre outros. Detectando isso, é preciso mudar a estratégia", sugere França.

Indicadores de faturamento podem ser encontrados nos sites da Fecomercio, da Confederação Nacional das Indústrias (CNI), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre outras associações empresariais.

A Fecomercio oferece ainda dados segmentados de intenção de consumo por renda, idade e gênero, o que pode ajudar na construção de uma estratégia mais elaborada.

Qualidade de clientes

Para o economista Silvio Paixão, entretanto, é preciso ter cautela ao avaliar os indicadores de faturamento. "No caso contrário, quando uma empresa está vendendo mais que o mercado em geral, ela precisa avaliar se não está cometendo o erro, por exemplo, de ter, em sua carteira, clientes que, mais à frente, não terão condições de pagar. Mais do que quantidade, é preciso verificar a qualidade dos clientes e pulverizar, ou seja, não ficar dependente de um ou dois clientes", comenta o professor.

"Em época de crise, não é recomendável ter um cliente detendo mais de 15% do seu faturamento. Outra coisa importante é não alongar muito o prazo de pagamento e acompanhar os indicadores de inadimplência", acrescenta.

Além de associações, a Serasa Experian e a Boa Vista SCPC oferecem indicadores de inadimplência de consumidores.

"Olhar para o endividamento, especialmente em um momento de alta do desemprego, é importante para se proteger de eventuais perdas", assinala Victor França.

Análise customizada

Outra dica de Silvio Paixão é consolidar indicadores específicos para o seu próprio negócio. "As informações de preços no IBGE são muito amplas e, para construir um melhor planejamento, o mais indicado é que o empresário formule seus próprios indicadores, calculando as variações de preços das principais matérias-primas utilizadas em sua empresa", aconselha.

"Isso se consegue na aproximação com os fornecedores, colhendo os preços junto a eles", acrescenta.

A construção do indicador, afirma Silvio Paixão, serve como referência para a formação de preços e, a partir daí, o empresário tem que decidir qual o melhor caminho para o seu negócio: se é atuar com preço acima, abaixo ou igual ao do mercado. "Isso fica à cargo da empresa", expõe.

Atuar com liquidez acima de custos é uma outra estratégia que o economista recomenda para fins de proteção. "O ideal é que a empresa tenha liquidez quatro vezes acima dos seus custos mensais. Esse é um recado macro importante, pois quem tiver liquidez em 2016 vai ser rei. Como o empresário vai conseguir fazer isso é a grande questão. Mas dá para renegociar dívida, enxugar infraestrutura de custos", diz.

Já Joseph Couri, presidente do Sindicato da Micro e Pequena Indústria do Estado de São Paulo (Simpi), é mais cauteloso, dizendo que a "sobrevivência vai ser a ponte para 2017".

Ele lembra ainda que o câmbio é outro indicador relevante para quem importa, por exemplo. "Quem importou com câmbio mais favorável no passado e formou estoque, conseguiu sair em vantagem neste ano", comenta Couri.

 



Veículo: Jornal DCI


Veja também

Confiança do consumidor sobe, mas ainda é motivo de cautela

O Índice de Confiança do Consumidor (ICC) avançou 1,3% entre outubro e novembro, passando de 75,7 p...

Veja mais
Brasileiro vai usar 13º para pagar dívida

    Veículo: Jornal Diário do Grande ABC...

Veja mais
Consumidor demonstra mais confiança

A confiança do consumidor subiu 1,3% em novembro ante outubro, na série com ajuste sazonal, informou ontem...

Veja mais
Confiança do comércio sobe 4,6 pontos em novembro ante outubro, revela FGV

O Índice de Confiança do Comércio (Icom) subiu 4,6 pontos em novembro ante o mês anterior, pa...

Veja mais
Inflação em SP tem alta de quase 1% na 3ª prévia de novembro

                    ...

Veja mais
Faturamento no País diminui 23,6% frente a 2014

A indústria de máquinas e equipamentos nacional faturou R$ 6,780 bilhões em outubro deste ano, qued...

Veja mais
Famílias brasileiras reduzem endividamento, mostra pesquisa

                    ...

Veja mais
Saída para a crise econômica

Comprovado sinalizador de tendências, a Pesquisa Simpi/DataFolha aponta para o aprofundamento da crise econô...

Veja mais
Brasil estuda adiar alta do salário mínimo para reduzir déficit, dizem fontes

Equipe econômica estaria analisando proposta de postegar por alguns meses reajuste que, por lei, deve ser feito em...

Veja mais