O renascimento do Carnaval de rua em Belo Horizonte trouxe não apenas a alegria e a música dos foliões, mas também a expectativa de lucro para os comerciantes. A concentração dos blocos na região Centro-Sul fez com que 41% dos empresários daquela região considerassem que as vendas neste ano foram melhores do que em 2014, segundo a pesquisa de mensuração dos resultados do Carnaval para o comércio varejista de BH - elaborada pela área de Estudos Econômicos e pelo Núcleo de Turismo da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio MG).
Para o coordenador da Câmara de Dirigentes Lojistas da Savassi (CDL-Savassi), Alessandro Runcini, a exemplo do que aconteceu durante a Copa do Mundo, é preciso fazer uma avaliação que separe o comércio diurno do noturno. "O comércio gastronômico noturno ficou muito feliz, apesar do grande número de ambulantes. A prefeitura precisa investir mais na fiscalização. Já o comércio diverso feito durante o dia amargou um resultado inverso. No sábado de manhã ruas foram fechadas prejudicando todos os lojistas", explica Runcini.
A organização do evento, apesar de ainda apresentar imperfeições, foi considerada satisfatória em itens como limpeza e segurança. A Superintendência de Limpeza Urbana (SLU) aplicou quase R$ 1 milhão na limpeza durante o Carnaval e trabalhou com uma equipe reforçada de 991 pessoas por dia. Utilizou 81 caminhões/dia para recolher mais de 370 toneladas de lixo.
"Para melhorar ainda mais a festa na Savassi, propusemos a criação de uma governança que reúna representantes do poder público, dos lojistas e dos moradores para pensarem não apenas o Carnaval, mas todos os grandes eventos realizados nas ruas da região. Ninguém é contrário aos eventos e a Savassi é o palco natural deles, mas é preciso que eles tenham o tamanho e a formatação adequados. Temos eventos, a exemplo da Festa Italiana, que reúnem 60 mil pessoas sem nenhuma ocorrência grave e outros bem menores que dão muitos problemas", aponta o coordenador da CDL-Savassi.
A primeira ideia é que seja implementada uma espécie de compensação. Os organizadores de eventos que geram lucro deveriam devolver à cidade algum tipo de contrapartida, como a recuperação de canteiros e mobiliário urbano, por exemplo. "Isso já acontece quando uma empresa constrói uma nova sede, por exemplo. uma ação cidadã, que vai além da questão financeira", avalia o dirigente.
A preocupação com o controle da festa na região da Savassi é compartilhada pelo presidente da Empresa Municipal de Turismo de Belo Horizonte (Belotur), Mauro Werkema. "Aprendemos muito com a Copa do Mundo, quando fomos surpreendidos com a quantidade de gente na Savassi. Dessa vez nos preparamos bem, tanto que não aconteceu nenhuma intercorrência grave. Mas, de toda forma, é possível melhorar a organização. Para isso é preciso diálogo. Em 2014 o Santa Tereza (na região Leste) sofreu muito com o volume de pessoas e conseguimos organizar melhor neste ano. O mesmo é preciso ser pensado em relação à Savassi", afirma Werkema.
Veículo: Diário do Comércio - MG