Mercado: Depois de Copa e eleições, expectativa é de retomada

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Após um terceiro trimestre com resultados tímidos marcados por Copa do Mundo e eleições, representantes de shopping centers e varejistas apostam em índices de crescimento similares aos registrados no primeiro semestre do ano neste Natal. A expectativa é favorecida por iniciativas de reformulação do mix de lojistas e pela expansão de alguns shoppings. Dados da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) apontaram que entre janeiro e junho o faturamento do setor subiu 7,4%, com destaques para lojas de telefonia, com 22,5%, seguidas pelos segmentos de perfumaria (20,9%), alimentação (16,2%) e lazer (15,7%).

Os resultados da Multiplan servem de exemplo. As vendas nas mesmas lojas (SSS, na sigla em inglês), termômetro usado pelos analistas para avaliar a evolução do varejo, avançaram 6,1% no terceiro trimestre (3T14) e 8,4% nos nove primeiros meses (9M14) do ano, em comparação aos mesmos períodos de 2013. Os principais destaques foram o MorumbiShopping, com vendas 15% maiores graças à reformulação no mix de lojistas, e o RibeirãoShopping, com 11,7%, beneficiado pelas expansões VII e VIII. Além disso, a participação de lojas satélites, que costumam pagar mais por metro quadrado do que as âncoras, saltou de 50% em 2008 para 59% no primeiro semestre deste ano. "Se excluir julho, o SSS subiria para 7%", afirmou o vice-presidente Armando de Almeida. No Iguatemi, onde movimentos de expansão renderam novidades como as quatro novas flagships internacionais no Iguatemi São Paulo - algumas inéditas no país - o SSS alcançou crescimento de 6,9% no trimestre. "Se descontasse julho, teria acréscimo de 0,5% a 1%", avaliou o diretor presidente Carlos Jereissati.

Na BR Malls e na Aliansce os resultados foram respectivamente 4,4% e 4,7%. Para o CEO da BR Malls, Carlos Medeiros, a presença em cidades com mais jogos e feriados do que a média do setor atrapalhou o resultado. No segundo trimestre, as vendas nas mesmas lojas haviam crescido 7,5% -1,3 ponto percentual mais que no mesmo período do ano anterior. "Se excluir o efeito Copa, o SSS chega a 6,7%", afirmou o diretor executivo da Aliansce, Henrique Guerra - segundo ele, alguns ativos sofreram também com obras de infraestrutura no entorno e de expansão, mas serão compensados por melhorias no acesso e no mix de lojas.

O desempenho variou em diferentes segmentos. Na BR Malls, que tem 29 shoppings com taxa de ocupação superior a 98% e oito em expansão, um destaque foram as regiões Centro-Oeste e Nordeste, com 5,7% e 5,4%. Outro foram lojas satélites, com 6,6%. Na Multiplan, as vendas de satélites subiram 7,3%, impulsionadas por alimentação e áreas gourmet (10,2%), artigos diversos (9,6%) e vestuário (7,5%). Entre os lojistas, as expectativas estão atreladas a estratégias individuais. Nas Lojas Americanas, o crescimento nas mesmas lojas da controladora foi de 10% no 3T14. O diretor de relações com investidores Murilo Correia prevê receita de R$ 4 bilhões entre 2015 e 2019 para somar 800 novas lojas às 893 existentes até setembro, 140 só em 2015, contra as 118 abertas em 2014. "Aluguel é fator determinante de expansão", antecipou - um dos desafios dos lojistas nos últimos anos vinha sendo a alta dos aluguéis nos shoppings.

Outra âncora, Renner, com 232 lojas da marca Renner, 58 Camicado e 23 YouCom, cravou 7,5% em SSS no 3T14 e 7,8% em 9M14, graças à adaptação da coleção primavera-verão nas diferentes regiões e à menor margem da coleção inverno, explicou o CEO José Galló. Já a Riachuelo, com 244 lojas, 32 delas abertas este ano, se ressentiu do atraso na obra de um centro de distribuição e da canibalização em praças como Recife, Fortaleza e São Luiz. "Houve um rush de shoppings e tivemos de acompanhar", disse o CEO Flávio Rocha.

Em telefonia, a Claro registrou no até junho crescimento de 21% nas vendas das 337 lojas próprias. A diretora de vendas Maria Clara Montenegro atribui o resultado aos combos e smartphones, cuja participação passou de 71% em 2013 para 94% este ano. "No Natal o acréscimo deve ficar entre 20% e 22%", adianta. No segmento de perfumaria, O Boticário, com 16% de seus 600 pontos de venda em shoppings, revisou projeção de crescimento de 18% para 16%, segundo o diretor de desenvolvimento multicanais e franchising Osvaldo Moscon. Na Contém 1G, que fecha o ano com 200 lojas, 90% em shoppings, o fundador Rogério Rubini espera ganhar fôlego no Natal com perfumaria e maquiagem "Esperamos crescer até 15% no período, mas se o ano fechar com 5%, fico satisfeito", diz.

Na alimentação, as vendas do McDonald's no país cresceram 3,7% em dólar no 3T14. A rede tem quase metade de seus 833 pontos localizados em centros de compras, mas o vice presidente Dorival Oliveira lembra que a quantidade de consumidores não dobra em função da presença em shopping. "Acreditamos em fluxo maior de pessoas e bom volume de vendas no fim do ano", avalia. Já na Salad Creations, com 26 lojas, 22 delas em shopping, em 2014 o crescimento chega a 26%, segundo a gerente geral Ana Maura Werner.

Outras redes antecipam resultados positivos. Na Chilli Beans, com 90% das mais de 600 lojas localizadas em shopping, a meta é crescer 10% em 2014 graças a campanhas publicitárias e reedição de produtos mais vendidos. "O Natal representa 28% do ano", diz o fundador da rede, Caito Maia. A Imaginarium, com mais de 160 lojas, 98% em shopping, reduziu a meta de crescimento de 15% para 11%, segundo o sócio-diretor Carlos Zill. No segundo semestre, as vendas foram 20% maiores que no primeiro. "Fecharemos o ano com R$ 195 milhões", antecipa. Já na Dress To, marca de moda feminina com mais de 70 lojas e 85% das vendas da rede em shopping, a perspectiva é crescer 9,3% nas vendas das lojas em dezembro, diz o gerente de planejamento e compras Leonardo Mitidieri.



Veículo: Valor Econômico


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