Elevação de 4,9% em relação a setembro do ano passado, porém, ainda não é vista como mudança de tendência por especialistas
Desde fevereiro registrando quedas mensais em relação a igual período do ano anterior, a Intenção de Consumo das Famílias Gaúchas (ICF-RS) apresentou, em setembro, alta de 4,9%, chegando aos 123,8 pontos. Mesmo revertendo a tendência de queda, os dados divulgados ontem pela Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Rio Grande do Sul (Fecomércio-RS) ainda não são encarados como uma mudança de cenário pela entidade, que não vê nenhuma alteração na economia que dê lastro ao crescimento.
Segundo a economista-chefe da Fecomércio-RS, Patrícia Palermo, uma das justificativas para a alta se encontra, em parte, no fato de setembro de 2013 ter registrado o menor patamar do índice em todo o ano passado, com 118 pontos. “A gente não vê na economia nenhuma alteração suficiente para dizer que efetivamente melhorou”, afirma, apontando que não houve nenhuma mudança positiva nos índices de inflação, desemprego ou atividade econômica. “Temos que ver se isso vai ser permanente, se tornar uma tendência, ou se é apenas pontual, pois esse movimento já aconteceu em outros momentos”, continua.
Entre os dados que compõem o ICF-RS, o indicador de consumo atual das famílias é, talvez, o que apresente melhor resultado, voltando a um patamar caracterizado como otimista (acima dos 100 pontos) pela primeira vez depois de cinco meses abaixo da linha. Em setembro, o indicador que pergunta se as famílias estão consumindo mais ou menos do que no ano anterior chegou aos 101,8 pontos.
Na divisão pelas faixas salariais, porém, nos lares com renda abaixo de 10 salários-mínimos, o índice ainda é pessimista, em 95,7 pontos, ao mesmo tempo em que registra 127,1 pontos entre as famílias com renda superior. “Por mais que o indicador esteja revelando que existe uma maior parcela da população comprando mais do que o ano passado, quando a gente divide isso por faixa de salários, se percebe que quem ganha menos está sofrendo mais o impacto da inflação”, comenta Patrícia, salientando que, na faixa de menor renda, 35,1% dos entrevistados afirmam estar consumindo menos, enquanto apenas 21,5% da faixa salarial mais alta afirmam o mesmo.
No acumulado dos últimos 12 meses, o ICF-RS também apresenta leve crescimento de 0,4% em relação ao registrado em agosto, alcançando 121,8 pontos. “O acumulado vinha caindo e teve esse pequeno aumento neste mês. A grande questão é se é uma reversão pontual ou algo que vai ficar. Temos que ver se vai melhorar de fato ou é só um momento que reflete algum tipo de ânimo da população”, complementa a economista, que ressalta o fato de que a pesquisa reflete a percepção das pessoas e a sensibilidade das mesmas a algumas variáveis, nem sempre baseadas em fatos econômicos concretos.
Veículo: Jornal do Comércio - RS