Embalagens que ajudam a vender

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Rosangela Capozoli


A fabricante de massas Pranic Gourmet não queria entrar no mercado como mais uma embalagem de macarrão. Preferiu uma roupagem condizente com sua filosofia de só trabalhar com produtos orgânicos e sob a bandeira da sustentabilidade. Não por acaso, as embalagens recicláveis da Pranic remetem a um plantio livre de agrotóxicos. Já a Doces São Lourenço, de olho nas classes A e B, optou por embalagens que combinam um toque de refinamento com o "jeito" caseiro de uma vovó.

As duas empresas investiram no design de suas embalagens, um item pouco valorizado pelos pequenos empresários, mas que vem fazendo a diferença. A primeira entrou pela porta da frente dos dois maiores supermercados de Belo Horizonte e virou a queridinha na área de massas orgânicas. A São Lourenço diz que ainda é cedo para avaliar, mas afirma que "aumentou, e muito, sua visibilidade no mercado".

"Hoje nossos produtos estão em duas grandes redes supermercadistas, a Super Nosso e a Verde Mar. Fabricamos seis pratos congelados e o carro chefe são canelone de abobrinha e o hambúrguer de grão de bico e quinoa. Juntos, eles respondem por 45% do faturamento", diz Katia Lana Cunha, sócia da Pranic Gourmet, que trabalha com onze colaboradores. A chave do sucesso, além da "comida saborosa", a empresária atribui à criatividade das embalagens. O primeiro projeto, diz Katia, foi desenhado praticamente a quatro mãos.

"Procurei uma empresa para desenvolver uma embalagem que tivesse a identidade da empresa. A estampa faz uma alusão ao homem que não polui a terra e que não destrói os mananciais de água. Na nova embalagem há o desenho de uma mão ao lado de vários legumes", diz.

A empresa parceira na nova cara da Pranic é a Obah Design, que além de criar e atuar como consultora, acaba de lançar um projeto exclusivo para os micro e pequenos empresários. O projeto, batizado de Pompe, permite que o pequeno empresário tenha acesso a um design próprio, agregando mais valor à sua marca e ganhando visibilidade no mercado. "O programa facilita o acesso das micro e pequenas empresas ao design. Com uma metodologia que engloba gestão estratégica, criatividade, otimização de processos e investimentos em soluções, o Pompe parcela o pagamento dos projetos", diz Antônio Eduardo Gomes Pereira, diretor da Obah, instalada na capital mineira.

A Pranic está entre as empresas que se beneficiaram do programa. "O primeiro projeto, para os cinco primeiros produtos, foi parcelado em quatro pagamentos. Hoje já estamos no terceiro projeto e o negócio deu tão certo que vamos pagar à vista e com desconto", afirma.

Gomes Pereira diz que a Obah tem uma visão diferenciada do mercado. "Prestamos consultoria às empresas além de desenvolver as embalagens. No caso da Doces de Leite São Lourenço percebemos que as embalagens não tinham comunicação integrada, um produto não conversava com outro, então criamos um padrão", diz. "A embalagem precisa corresponder àquilo que o cliente quer comunicar e àquilo que o consumidor gostaria de ver. Então fazemos pesquisa de mercado para saber o que deve ser comunicado, propomos ao cliente e decidimos em conjunto", diz.

A estratégia da Obah de criar o Pompe está rendendo bons dividendos à empresa que, de uma carteira de 150 clientes, metade tem o perfil de pequena e micro empresa (PMEs). A meta é elevar a participação das pequenas e médias para 60% no próximo ano. "Como as PMEs não têm recursos para fazer apresentação em pontos de vendas, revistas e tampouco publicidade, transformamos a embalagem em um meio de comunicação", diz.

Outra prática da Obah é expor as embalagens desenvolvidas para a sua clientela nas feiras. "Estamos investindo R$ 400 mil este ano no departamento comercial e ampliando nossa participação nas feiras", diz.

Estudos feitos pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) apontam que 75% das empresas que investiram em design de suas embalagens registraram aumentos nas vendas. Outras 41% também conseguiram reduzir os custos de produção. O levantamento mostra ainda que, entre produtos semelhantes, o consumidor acaba por preferir o que possui a embalagem mais atraente e se sente atraído a provar uma marca nova.

Wagner João Soares Mancilha Junior, diretor da Doces São Lourenço, não tem mais dúvidas sobre o poder da embalagem. Há 32 anos no mercado, a companhia, localizada em São Lourenço (MG), resolveu mudar seu "guarda roupa". "Há três meses, aproveitamos para mudar todo visual quando lançamos um produto bastante diferenciado no mercado, o doce de nata. Nossos layouts eram ultrapassados e conservadores. Com a nova roupagem, queremos conquistar mais clientes das classes A e B, chamando a atenção para a qualidade do produto", diz Mancilha Junior. Mesmo achando que ainda é prematuro fazer previsões, o empresário afirma que "a Doces São Lourenço já aumentou a sua visibilidade no mercado e a projeção é elevar o volume de vendas em até 30% nos próximos dois anos. As pessoas já estão elogiando o novo layout e esse é um excelente termômetro", afirma.



Veículo: Valor Econômico


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