Sucesso de picolé mexicano pode render R$ 55 mi à rede

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Amauri Vargas


Há apenas dois anos dois brasileiros foram ao México conhecer o processo de fabricação dos tradicionais picolés mexicanos, os chamados paleteros. A ideia era aproveitar o mercado de sobremesas geladas vendidas em porções individuais. O projeto deu tão certo que hoje a rede Los Paleteros já prevê faturar R$ 55 milhões até o final deste ano. Ao todo, já são 62 lojas, sendo apenas duas próprias e o restante franqueadas. Com investimento inicial de R$ 13 milhões, a rede obteve receita R$ 6 milhões no ano passado e neste primeiro semestre o valor já chega R$ 22 milhões.

Baseada no franchising, a companhia, hoje com 180 funcionários, nasceu da ideia conjunta entre Gean Chu e Gilberto Verona Filho, que desejavam vender um produto premium, mas que não competisse diretamente com o famoso gelato italiano - cuja receita é baseada em leite. Segundo Chu, eles previam que as pessoas que pagariam de R$ 6 a R$ 8 em uma sobremesa gelada, com sabor de fruta, sem gordura.


Verona tem familiares baseados no México e já conhecia o tipo de sorvete fabricado por lá. Muito comum no país hispânico, o picolé atraiu os sócios para uma viagem de um mês onde conheceram melhor os paleteros, além de visitar fábricas nos EUA, onde aprenderam mais sobre a fabricação e o maquinário usado na produção dos picolés.

A fabricação, aliás, foi o primeiro obstáculo da dupla. Durante a montagem da fábrica piloto em Curitiba (PR), Chu, formado em engenharia da computação, constatou que os equipamentos que eles necessitavam não existiam no mercado. "Nós tivemos que customizar as máquinas para o processo de fabricação, porque nenhum equipamento existente suportaria a fabricação de um produto como o nosso, com tantas fibras naturais da principal matéria-prima, as frutas." Ele conta ainda que da primeira planta para a segunda, em Barracão (SC), as máquinas encomendadas foram aprimoradas e a fábrica catarinense comporta mais demanda que a atual. A companhia, que fabrica 700 mil paletas por mês, quer chegar ao teto da capacidade de 2 milhões de paletas/mês, ainda em 2014.

Lojas

Com um produto voltado principalmente para a classe B, mas mirando também no público A e C1, a primeira loja da rede foi aberta na cidade litorânea de Balneário Camburiú (SC). Hoje, ela e uma segunda, em Curitiba são as únicas próprias dos fundadores.

A dupla então deu cabo do plano inicial: franquear sua rede para espalhar-se pelo território nacional. A fábrica paranaense abasteceu as 12 lojas que a rede abriu até dezembro passado. De Janeiro a Julho deste ano, já foram abertas outras 27, totalizando 39 lojas em 6 estados de 3 regiões, Centro-Oeste, Sul e Sudeste. O objetivo da companhia até o final do ano é vender suas paletas em 62 pontos de venda, em mais três estados (ES, MG e DF), tendo capacidade industrial de abastecer até 70 pontos de vendas (PDVs), totalizando a previsão de faturar R$ 55 milhões.

O modelo de negócio para abertura de franquias é baseado nas opções loja ou quiosque, que requerem investimento de R$ 250 mil e R$ 140 mil, respectivamente. A taxa de franquia está em torno de R$ 70 mil, sem contabilizar capital de giro inicial, mas incluindo o primeiro estoque do PDV. A rede exige royalties de 8% e taxa de publicidade de mais 2% sobre o faturamento bruto. O prazo de retorno do investimento é de 12 a 24 meses e o tempo de contrato inicial, de 36 meses.

Franqueados

Para os investidores, a preparação do franqueado é feita em uma loja da rede com aulas de capacitação teórica e em um segundo dia, com capacitação prática, ensinando ao proprietário e seus funcionários o manuseio das paletas. Dono de uma loja da rede aberta recentemente no Shopping Eldorado, na capital paulista, Rafael Sartori não tinha até então expertise em franquias e optou por essa modalidade de comércio justamente por não ser do ramo. Ele indica que o aprendizado para a abertura da loja foi mais fácil do que o esperado. "Eu fiz uma pesquisa de mercado e achei interessante a ideia criada por eles [Gean Chu e Gilberto Verona], diferente do que já existia".

Sartori indica ainda que não precisou recorrer à linhas de crédito voltadas ao pequeno, médio e microempresário, porque havia reservado capital próprio para o início da operação da unidade. Durante a escolha do produto que iria franquear, ele afirma que uma das coisas mais importantes foi conversar com outros franqueados que já estavam na rede escolhida. "Durante essa avaliação, eu tive alguns feedbacks de proprietários de lojas que tiveram muitas dificuldades e outros que tiveram muita facilidade na operação", comenta. Perguntado sobre o receio de modismo do produto, Rafael indica haver um tempo de novidade, mas que é importante o franqueador renovar a linha de produtos e variar o cardápio do que é vendido nas lojas.


Veículo: DCI


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