Aumentam as vendas de comida congelada

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Com as novas regras para os empregados domésticos, empresas que comercializam comida congelada registraram aumento nas vendas

O aumento dos custos de um empregado doméstico fez crescer a procura por comida congelada, segundo empresários do setor.A nova legislação, originária da PEC das domésticas (proposta de emenda constitucional), ampliou os direitos desses trabalhadores e reduziu a jornada de trabalho, deixando a sua contratação mais cara.

"A comida congelada é uma solução prática para quem não sabe ou não tem tempo para cozinhar. Em 15 minutos, no máximo, a refeição fica pronta", diz Luiz Eduardo Jardim, 48, sócio da Deep Freeze.

As vendas da companhia subiram 33% nos últimos quatro meses. No período, a média de pedidos passou de 30 mil para 40 mil por mês. O faturamento da empresa também registrou alta de 20%. Atualmente, a Deep Freeze fatura R$ 450 mil por mês.Jardim investiu mais R$ 180 mil no negócio para conseguir suportar o aumento dos pedidos. Ele comprou um forno, um freezer e um veículo para realizar entregas em domicílio, serviço responsável por metade das vendas da empresa.

A outra metade da receita, de acordo com o empresário, vem do comércio nas seis lojas que possui na capital fluminense. No cardápio há 350 tipos de pratos, que vão desde arroz branco a salmão grelhado com ervas finas. Os preços variam de R$ 6 a R$ 34.

"Diferentemente dos supermercados, trabalhamos com comida caseira e não só com massas e produtos industrializados. O cliente tem mais opções para variar o cardápio", afirma.


Outra empresa, a Quitutes e Etc, registrou aumento de 16% nas vendas nos últimos quatro meses, segundo o empresário, Felipe Fernandes, 27. Os pedidos saltaram de 4.300 refeições para 5.000 por mês.

O faturamento do negócio também registrou alta de 15%. Por mês, a empresa fatura R$ 85 mil.

De acordo com ele, o preço médio da refeição congelada por pessoa é de R$ 20. Fernandes afirma que, apesar de a comida congelada ser um pouco mais cara, ela é mais saudável do que as refeições rápidas (fast food), por isso agrada muitos consumidores.

"A comida congelada tem menos sal e frituras do que uma lanchonete fast food, além de ter pratos com legumes e opções light. Com isso, queremos ganhar uma parcela da população que está preocupada com hábitos alimentares mais saudáveis", declara.

Segmento é promissor

Para o presidente do conselho do Provar-FIA (Programa de Administração do Varejo da Fundação Instituto de Administração), Claudio Felisoni de Angelo, as novas regras dos empregados domésticos aceleraram a expansão de um segmento que já estava em crescimento. Segundo o especialista, a nova lei trouxe um custo adicional para as famílias manterem um empregado doméstico. Como alternativa para equilibrar o orçamento da casa, essas pessoas estão reduzindo a carga horária e as atribuições desse profissional, afirma Angelo.

"Sem um doméstico para cozinhar, algumas pessoas recorrem à comida congelada pela praticidade e pelo custo relativamente baixo", declara.

Angelo diz, ainda, que nas capitais e nas cidades de médio porte, muitas pessoas sofrem com a falta de tempo para cozinhar. Por isso, o mercado é promissor para novas empresas.

"Nos grandes centros urbanos, as pessoas perdem muito tempo no trânsito, coisa que não acontece nas cidades pequenas, onde a distância entre o lar e o trabalho é menor", afirma.

Manipulação de alimentos exige cuidados e autorizações De acordo com o consultor do Sebrae-MS (Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e à Pequena Empresa do Mato Grosso do Sul) Renato Finotti Junior, a preparação de alimentos congelados precisa seguir uma série de cuidados.

Segundo o consultor, além do uso de máscaras, luvas e toucas na cozinha, a temperatura de congelamento deve estar entre -12º C e -18º C. "Se o alimento ficar armazenado em uma temperatura maior, seu prazo de validade terá de ser reduzido."

Na embalagem do alimento congelado, Finotti Junior diz que é preciso ter as datas de fabricação e de validade do produto, os contatos da empresa e a tabela com informações nutricionais.

"Médias empresas com cozinhas industriais precisam, obrigatoriamente, de um nutricionista contratado. Já as micro e pequenas podem procurar uma consultoria para a elaboração desta tabela. O próprio Sebrae pode auxiliar nessa tarefa."

O consultor declara, ainda, que, em geral, há duas autorizações específicas para a manipulação de alimentos: da Vigilância Sanitária e do Ministério da Agricultura. O pedido dessas licenças deve ser efetuado na Vigilância Sanitária de cada município.

De acordo com Finotti Junior, o tempo para conseguir estas licenças pode variar de 30 a 180 dias. Já o investimento inicial é a partir de R$ 60 mil para uma produção diária de 20 pratos congelados, segundo o consultor.

 


Veículo: Portal UOL



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