Picolés mais sofisticados aquecem o mercado nacional de sorvetes

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Empresas como Diletto e Rochinha apostam nesse tipo de produto, bem mais caro que o da concorrência



Pagar o dobro do preço por um picolé. Esse hábito, que pode até parecer estranho em um primeiro momento, tem se tornado cada vez mais comum. Fatores já bastante conhecidos, como o aumento da renda da população, contribuem para esse quadro. Em paralelo, o surgimento de empresas que investem muito nesse nicho reforça — e alimenta — o fenômeno. “Não temos dados separados por nicho de mercado, mas é fato que este segmento é um dos que impulsionam o crescimento do setor de sorvetes como umtodo”, afirma Eduardo Weisberg, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Sorvetes (Abis).

Dados da entidade apontam que a produção e o consumo crescem de maneira constante há cerca de uma década. “Ainda temos uma distância grande do padrão europeu, que é onde mais se toma sorvete no mundo. Mas o surgimento de opções mais sofisticadas ajuda a caminhar para esse quadro.” Entre as empresas que resolveram apostar no nicho, há casos bastante distintos, como os das paulistas Diletto e Rochinha.

Cada uma dessas empresas resolveu seguir um caminho diferente, mas o resultado alcançado foi muito similar: cair no gosto de um público com melhor poder aquisitivo e, assim, conquistar o direito de cobrar um pouco a mais pelos seus produtos. “Mais do que uma questão de preço, o que garante a sofisticação da marca é a percepção que o produto gera. Tem muito a ver com os lugares emque o sorvete é distribuído e os círculos de amigos em que ele é mais comentado”, diz Leandro Scabin, presidente da Diletto.

Entre os sabores vendidos pela empresa de Scabin, estão alguns dificilmente encontrados em picolés tradicionais, como coco malásia e limão siciliano. No caso dos sorvetes Rochinha, nem sempre os sabores são aqueles tidos como mais “chiques”, mas sempre há coisas bastante diferentes, como os picolés de abacate e os de jaca. “Toda a identidade do nosso produto é muito ligada àqueles sorvetes típicos do litoral paulista, que foi justamente onde começamos”, afirma Juliana Lopes, diretora de Marketing da companhia.

A presença de geladeiras repletas de picolés Rochinha em bares e restaurantes chiques dá um indicativo de que o passado como sorveteria de praia deram à marca o charme que faltava para conquistar os públicos das classes A e B. Apesar de a maior parcela do público estar entre os mais endinheirados, a classe C também tem procurado se refrescar com esse tipo de produto. “O preço dessas marcas premium é mais alto, mas não chega a ser proibitivo. Para uma grande parcela da população, consumir esse produto ou não depende muito mais da situação do que do preço”, diz Weisberg, da Abis.

Independentemente de qual classe social está impulsionando o crescimento dessas empresas, é nítido que isso tem acontecido. “Dobramos de tamanho este ano e acredito que seja possível dar outro salto grande em 2013”, afirma Scabin. Para dar conta do crescimento na demanda, a Diletto inaugurou, há pouco mais de um ano, uma fábrica em Cotia, no interior de São Paulo, com capacidade de produção de 300 toneladas de sorvete por mês.

A Rochinha não abre números do crescimento, mas também construiu uma nova unidade, em São José dos Campos (SP). A fábrica vai possibilitar um aumento de 10 vezes na produção atual. “A unidade coloca a empresa emum novo momento e, pela primeira vez, estamos planejando fazer investimentos maiores em divulgação”, afirma Juliana. Internacionalização Outro ponto em comum na trajetória da Diletto e da Rochinha é a ideia de fazer os sorvetes viajarem o mundo.

As fábricas das duas empresas já foram construídas pensando em como atender a demanda internacional. “Quando fizemos a nova fábrica, já fizemos toda a estruturação da área de logística para conseguir atender o Brasil inteiro e exportar”, afirma Juliana. As duas companhias dizem já analisar propostas para vender os produtos em outros países. “Em 2013 não vamos ter como escapar disso”, diz Scabin.


Líderes de mercado reforçam portifólios



Linha Magnum, da Kibon, reforça aspectos diferenciados nas campanhas da marca

Não são só pequenas empresas regionais que se interessam pelo segmento de sorvetes mais sofisticados. O crescimento desse mercado fez com que ele ficasse mais interessante também para as grandes empresas, como Kibon e Nestlé, que, tradicionalmente, já mantinham esse produto emseus portfólios, por uma série de razões.

Além do aspecto de marketing, que reforça a marca com a presença de itens vistos como de maior qualidade no portfólio, a rentabilidade também é um incentivo. “Como o preço é maior, ele acaba tendoumretorno maior em vendas frente aos demais”, diz Isabel Masagão, gerente de marketing da Kibon, dona da marca Magnum. Para reforçar a sofisticação da linha, a Kibon faz uma apresentação diferente da dos outros sorvetes.

Ao invés de destacar aspectos como a refrescância, a linha mestre da comunicação é baseada na questão do prazer. “Em nossa campanha, enaltecemos o momento de prazer que é necessário na correria do dia a dia”, afirma Isabel. Além das campanhas, a construção da marca costuma ser feita de outras formas. Recentemente, a empresa montou uma loja conceito em São Paulo onde os clientes poderiam montar versões próprias de Magnum.O projeto, que já passou por diversas cidades do mundo busca dar aos clientes uma visão ainda mais próxima do produto.


Veículo: Brasil Econômico


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